Conheça a história de idas e vindas do Fusca

Modelo da Volkswagen, que novamente pode ter sua produção encerrada, já "foi e voltou" diversas vezes

Por 19 de mar, 2015 · 5m de leitura.

Deu no jornal alemão “Der Spiegel”: o Fusca estaria com a produção ameaçada, por causa de baixo volume de vendas. De acordo com a publicação, a Volkswagen estaria concentrando esforços em modelos de alto volume de vendas, e que fossem mais rentáveis. Pela mesma razão, o Polo duas-portas (vendido na Europa) também faria parte da lista negra.

A Volkswagen desmente, e classifica a notícia como rumor, boato. Mas, mesmo que isso venha a acontecer, não seria a primeira vez. Nem a segunda.


Tem carro que vai e não volta. E tem o Fusca. Ele vai, mas sempre volta. O modelo, simples e robusto, nasceu para defender a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. O país perdeu a guerra, mas o Fusca ganhou o mundo. Foi tão eficiente no conflito que não teve a menor dificuldade em conseguir recolocação profissional em tempos de paz.

Chegou ao Brasil em 1950, inicialmente em um lote de apenas 30 unidades. Passou a ser montado em CKD (kit de peças importadas) e depois a ser integralmente produzido no País. Teve mudança no motor, ganhou conforto e câmbio melhor, modernizou o aspecto. Foi Fusquinha e Fuscão. Mas, até 1986, quando deixou de ser produzido, ainda preservava as linhas básicas com que veio ao mundo. Ele deixava a vida para entrar na história, diziam, porque o sucessor, chamado Gol, já começava a decolar comercialmente, após um início problemático, em 1980.

Naquele 1986, no entanto, o Fusca representava cerca de 30% da frota nacional. Ou seja, a Volkswagen podia tirar o Fusca de linha, mas ele não sairia das ruas.


Voltou à linha em 1993, após um pedido especial do então presidente Itamar Franco. Na época, discutia-se muito o “carro popular”. O Fusca não tinha motor 1.0 (obrigatoriedade para poder receber a redução fiscal), mas o governo incluiu nas regras a possibilidade de se enquadrar também veículos com motor refrigerado a ar produzidos no País. Assim, o Fusca (e por extensão a Kombi) voltou com status de “popular”. Não durou muito, e morreu novamente três anos depois, em 1996.

E nasceu novamente em 1998, dessa vez com nova plataforma (Golf IV), motor dianteiro a água e visual moderno, porém preservando o visual retrô. Era o New Beetle, que fez sucesso não exatamente como “carro do povo” (como veio ao mundo), nem como carro “popular”, como quis Itamar. Na nova roupagem, renasceu como automóvel de estilo, de pessoas descoladas. Morreu em 2010.

E renasceu em 2011, com jeitão de carro esportivo e motor 2.0 turbo nervoso. Ainda está por aí. Se vai morrer, o tempo dirá. Mas, se morrer, volta. Ele sempre volta.