O governo britânico promoveu em seu consulado geral, na cidade de São Paulo, um seminário de engenharia automotiva com foco em inovação e segurança.
Com o tema mobilidade, os palestrantes falaram sobre as tecnologias para melhorar as condições das avenidas e estradas e reduzir o impacto dos acidentes. Participaram Armando Canales, diretor da Mira (companhia inglesa de engenharia e testes veiculares) no Brasil, Arch Owen, diretor de desenvolvimento de programa do OptaSense, Joakim Thrane, presidente da DHL Express e Ronald Marangon, coordenador de planejamento da Ecovias.
O segundo painel, sobre a contribuição da Fórmula 1 no desenvolvimento de tecnologias para o carro mais seguro, foi formado pelo ex-piloto Emerson Fittipaldi, bicampeão da F1, Peter Windsor, jornalista britânico especialista em F1, David Ward, secretário geral da Global NCAP (New Car Assessment Programme) e Carlos Szeles, gerente de planejamento estratégico de produto e preço da Jaguar Land Rover América Latina e Caribe.
Recursos eletrônicos como sistemas de estabilidade e tração, drive-by-wire, suspensão adaptativa, dispositivos inteligentes de frenagem e transmissão automática com hastes de mudanças atrás do volente são originários da competição para os atuais carros de passeio. O próximo passo, de acordo com os participantes, será popularizar a fibra de carbono, material mais leve e resistente, na construção dos automóveis.
Mas o convidado mais aguardado foi o tenente-coronel Andy Green, comandante da Força Aérea Real britânica e piloto do carro supersônico BloodhoundBloodhound. Conhecido como o homem mais rápido do mundo por ter batido o recorde de velocidade a bordo do ThrustSSC (supersonic car), em 1997, a 1.228 km/h, Green tem como meta superar sua marca com o Bloodhound, veículo que está sendo desenvolvido junto ao engenheiro Richard Noble para atingir os 1.600 km/h. O evento ocorrerá em 2015 no deserto de Hakskeen Pan, na África do Sul.
A pista terá 20 km de comprimento por 3,2 km de largura para que o carro possa atingir a velocidade pretendida em 55 segundos. Com 13 metros de comprimento e 7,5 toneladas, o Bloodhound é construído com fibra de carbono na dianteira para aumentar a resistência do cockpit e com painéis de metal na traseira, como em aeronaves.
Com um motor de foguete, um de jato e um terceiro usado na F1 (este último apenas para bombear o combustível para o foguete), o carro tem inacreditáveis 135 mil cv de potência – o equivalente a 180 carros de F1.
“O maior desafio é encontrar o ângulo crítico para manter o carro no chão. Um grau para baixo esmagaria a suspensão, enquanto um grau para cima o nariz empinaria e a carroceria entraria em colapso”, disse o piloto. Para que o recorde seja reconhecido, o percurso deve ser completado duas vezes (ida e volta) em, no máximo, uma hora.
Os motivos para realizar tal proeza são nobres, segundo Green: aumentar o interesse das crianças pela ciência, já que na Inglaterra a demanda por engenheiros está em alta. Atualmente, 5.500 escolas no Reino Unido e 450 na África do Sul estão estudando o Bloodhound, e o projeto é acompanhado pela internet em 220 países. “As crianças de hoje baterão os recordes de amanhã”, concluiu.
