Para alguns, amadurecer pode ser um peso. No caso do Corolla, cuja 11ª geração acaba de chegar às autorizadas Toyota do País, a evolução é bem-vinda. O sedã médio feito em Indaiatuba (SP) cresceu, ficou mais bonito, estiloso e ganhou atualizações importantes, como o câmbio automático CVT (continuamente variável), que simula sete marchas. Neste super comparativo de versões de topo, o modelo recém-renovado encara nada menos que nove concorrentes vendidos no Brasil, com tabela entre R$ 67.900 e 92.900.
A disputa não foi nada fácil, mas, graças às inúmeras evoluções implementadas pela Toyota, o Corolla foi o grande vencedor. O Honda Civic, seu arquirrival, e modelo mais vendido do segmento, ficou apenas um ponto atrás do campeão – perdeu por causa do espaço (mais informações nos quadros a partir da próxima página).
Outros modelos que deram trabalho ao Corolla foram o Jetta, que ficou com a terceira posição, e as novas gerações de Sentra e Focus, quarto e quinto, respectivamente. O Volkswagen tem ótimos motor turbo de 211 cv e câmbio automatizado de dupla embreagem, mas “escorregou” na manutenção cara e por não receber atualizações visuais importantes há três anos, o que o deixou um tanto defasado. O Nissan se destaca pelo bom custo-benefício, mas a estabilidade e o acabamento são inferiores aos do Toyota. O ótimo Ford também padece por ser menor que o Corolla.
Os “primos” argentinos C4 Lounge (sexto) e 408 (sétimo), mostraram que seu trem de força, com motor 1.6 turbo e câmbio automático de seis marchas, está em grande fase. O Citroën é confortável e espaçoso, mas não o suficiente. Fluence (oitavo) e Cruze (nono) não empolgam, apesar de o Chevrolet ser o terceiro mais vendido da categoria. Sua posição de dirigir é agradável e esportiva, mas o câmbio automático de seis marchas precisa melhorar no tempo das trocas. Na “lanterna”, o Kia Cerato tem cabine bem acabada e carroceria refinada, mas seu motor 1.6 deixa a desejar.
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Toyota Corolla é veterano bem resolvido – 71 pontos
O principal objetivo da Toyota com o lançamento do Corolla é conquistar compradores do Civic e retomar a liderança de vendas do segmento. O sedã renovado cresceu 10 cm no entre-eixos – ficou 4 cm maior que o do Honda – e o espaço para os joelhos de quem viaja atrás está ainda melhor. O Corolla está longe de empolgar ao volante, como ocorre com VW Jetta e Ford Focus, por exemplo, mas agrada. A receita é simples: longevidade. Desde sua primeira geração, são quase 50 anos de estrada.
A cabine é silenciosa e a suspensão garante conforto a bordo. O sistema absorve bem os impactos do piso e mantém a carroceria firme. Mas o melhor é o novo câmbio CVT. A Toyota aposentou a decrépita caixa de quatro marchas e colocou uma transmissão bem mais moderna em seu campeão de vendas. E o motor 2.0 flexível de até 153 cv (com etanol) trabalha bem, apesar de ser um pouco ruidoso.
No estilo, o Corolla também evoluiu bastante. Suas linhas ficaram mais ousadas, graças aos traços rebuscados e aos faróis pontiagudos. O preço é o principal defeito do Toyota. A R$ 92.900, a versão Altis é mais cara entre as de topo dos dez sedãs avaliados.
Líder de vendas, Honda Civic é correto – 70 pontos
Diante do Corolla, o preço é uma das vantagens do Civic. São R$ 83.990 na versão EXR, a mais cara da linha. Essa diferença pode compensar as menores dimensões ante o Toyota e ajudar o Honda a manter a liderança de vendas. Até 2012, o Corolla estava no topo da lista de emplacamentos. Mas perdeu o posto após a grande atualização do concorrente, no fim daquele ano.
Rivais ferrenhos, Civic e Corolla são bem parecidos no silêncio a bordo, na estabilidade e na falta de emoção ao guiar. O mesmo ocorre com o câmbio. O automático de cinco marchas do Honda tem respostas similares às do CVT do Toyota. Nos dois, há hastes atrás do volante para trocas de marcha. O motor do Civic, 2.0 flexível de até 155 cv oferece comportamento próximo ao do rival. Os dois entregam o suficiente e, eventualmente, podem fazer com que o motorista sinta falta de mais vigor.
A maior falha do Honda é o espaço. Ante o rival, seu porta-malas é 21 litros menor, assim como o comprimento (10 cm) e entre-eixos (4 cm). O desenho do Honda, até então bem mais moderno que o do concorrente, deixou de ser uma vantagem. Aliás, a geração atual é bem conservadora.
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Volkswagen Jetta é sedã com ímpeto de hatch – 69 pontos
Falar bem do Volkswagen Jetta é fácil. Ele tem o melhor conjunto mecânico dos carros deste comparativo. Seu motor 2.0 turbo de 211 cv e 28,6 mkgf é gerenciado pelo ágil câmbio automatizado de seis marchas e dupla embreagem. Dirigir o mexicano é uma terapia. O motor tem ronco instigante e as respostas ao acelerador são quase instantâneas. É como estar na flor da idade.
Mas o vigor de adolescente do Jetta não foi o suficiente para superar a experiência de mais de meio século do Corolla. Além de ser quase tão caro quanto o Toyota (R$ 92.890), o VW “escorregou” em quesitos importantes, como o custo da manutenção. São dele as peças mais caras – só o farol custa mais de R$ 5 mil.
A atual geração do Jetta foi lançada no Brasil há três anos. E seu estilo já não empolga. Além disso, o fato de todos os Volkswagen terem a mesma “cara” é um ponto negativo. Afinal, um carro que custa quase R$ 100 mil acaba sendo parecido com um que parte da casa de R$ 30 mil, como o Voyage. Por fim, o espaço, novamente esse item, foi crucial para a vitória do Corolla. O Jetta é mais comprido, mas o entre-eixos do Corolla é maior e seu interior, mais bem resolvido.
Nissan Sentra atrai pelo custo-benefício – 68 pontos
Campeão do último comparativo com sedãs médios do JC, publicado em 20 de novembro do ano passado, o Sentra conseguiu se sair bem novamente. Mais uma vez, mostrou que é completo e competitivo. A tabela de R$ 73.490 da versão SL é um dos trunfos do mexicano. E as boas notas revelam outras qualidades, como espaço, conforto e boa acústica.
Comparado ao Corolla, o Nissan perde por ter motor mais tímido, de 140 cv – são 13 cv a menos que o do Toyota. E também traz câmbio CVT, o que ajuda no conforto. As trocas de marcha são quase imperceptíveis, mas não há diversão.
Além disso, a cabine, que abusa das cores sóbrias, misturando preto e prata, tem bom acabamento, mas peca em detalhes. Um deles é a falta de luzes nos botões de acionamento dos vidros traseiros. O volante, com comandos para as funções do rádio, tem tamanho exagerado, no maior estilo “americano”. Um ponto bem positivo é o preço da apólice de seguro, uma das mais baratas deste comparativo.
No levantamento de custos de manutenção, o modelo da Nissan não fez feio. Se não são baratas, suas peças também não estão entre as mais caras do segmento.
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Bom conjunto é destaque do Ford Focus – 67 pontos
Tabelada a R$ 90.890, na versão Titanium, o Focus é mais apertado que o Toyota Corolla. O sedã da Ford tem 2,65 metros de entre-eixos, ante os 2,7 metros do Corolla. Quem viaja atrás também precisa lidar com o incômodo túnel central elevado. Além disso, a distância para os bancos dianteiros não dá folga aos joelhos dos passageiros.
O Focus tem desenho ousado e moderno. Mas essa vantagem vai sumir em breve. Lançada no Brasil no ano passado, esta geração já será reestilizada – a atualização está no Salão de Nova York (EUA), que abre as portas ao público na sexta-feira. Isso “envelhecerá”o modelo vendido aqui.
O Focus peca pela manutenção dispendiosa. Suas peças só não são mais caras que as de Jetta e C4 (veja nas páginas 14 e 15). Seu seguro também pesa. O modelo feito na Argentina é bem equipado – tanto quanto o Jetta. Só que, pelo preço, deveria ter acabamento mais caprichado. Peças de plástico duro são encontradas com facilidade em seu interior.
O Focus é mais esperto que o Corolla. Seu motor 2.0 flexível tem injeção direta e 178 cv. Mas o câmbio automatizado de seis marchas parece tirar um pouco do fôlego do Ford.
Citroën C4 Lounge é bem melhor que Pallas – 66 pontos
Estilo o Citroën C4 Lounge tem de sobra. Ele é outra prova de que o amadurecimento traz coisas boas. Quando ostentava o sobrenome Pallas, na geração anterior, o argentino era desengonçado, grande e “gastão”. Agora, está bem acertado, graças à suspensão que perdeu o pavor de buracos e não deixa a carroceria balançar tanto quanto antes. Ainda assim, está longe de superar os “japoneses”.
O preço da versão THP, a mais completa da linha, pode chegar a R$ 80.990. Tudo bem: o C4 Lounge não é tão caro quanto o Corolla, mas tem manutenção e seguro “salgados”. Seu porta-malas também ficou aquém do Corolla. Apesar disso, há bom espaço para os ocupantes do banco de trás.
O motor 1.6 turbo a gasolina reage bem aos estímulos enviados pelo acelerador e o câmbio automático de seis marchas é disciplinado, com trocas feitas com delicadeza – mas, às vezes, demora a fazer as passagens. Para ficar mais esportivo, poderia haver aletas atrás do volante, item presente no Corolla.
Quem é mais alto perceberá que se o banco do motorista descesse mais, ficaria melhor. Por fim, o Citroën traz seis air bags de série. Na versão de topo, o Toyota vem com sete.
Peugeot 408 poderia ter mais tempero – 65 pontos
O Peugeot 408 tem sofrido por causa das baixas vendas. De janeiro a março, apenas 907 unidades foram emplacadas no País, ante 12.623 do líder, Civic, no mesmo período. O 408, parte de R$ 79.490 na versão Griffe THP, mas não encanta. Seu desenho o faz passar batido até mesmo diante de sedãs que ficaram em colocações piores que ele neste comparativo, como Cerato e Cruze.
A cabine simples é outro ponto negativo do Peugeot. Os comandos para o som não são no volante, mas na coluna de direção, o que prejudica a ergonomia. Em contrapartida, o banco do motorista é confortável. A suspensão foi atualizada, mas não se compara à de Toyota e Honda. Isso apesar de ter recebido mudanças estruturais, com novas buchas e braços. A bordo dele, os buracos não são bem vindos.
O preço do seguro teve a cotação mais alta entre os dez carros e pode passar dos R$ 6 mil nas companhias consultadas. O curioso é que o preço de manutenção até que não assusta. Ao volante, seu comportamento é muito parecido com o C4 Lounge – a base mecânica é a mesma. Com exceção do câmbio automático de seis marchas, que parece ser mais bem ajustado no Citroën.
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Renault Fluence parece ser de outra era – 63 pontos
O Renault Fluence que, na versão Privilège, tem tabela de R$ 83.949 (com teto solar e faróis de xenônio), é um dos poucos modelos que conseguem encarar o Corolla no quesito espaço interno. Seu porta-malas, por exemplo, é o maior desses dez sedãs, com 530 litros. Quem viaja no banco de trás também vai bem acomodado.
Seu motor 2.0 16V flexível de até 143 cv é, além de ruidoso, “beberrão”. O câmbio CVT mantém a rotação do motor lá em cima e demora para fazer as trocas, contribui para isso. Outro ponto negativo do sedã da Renault é a estabilidade. Sua carroceria tende a inclinar demais em curvas e é comum o motorista ser “jogado” para os lados em mudanças bruscas de trajetória. Os buracos, porém, são encarados com valentia.
O interior nem de longe encanta e os comandos são difíceis de alcançar, principalmente os botões que controlam o rádio e o navegador GPS. Nessa faixa de preço, o modelo deveria oferecer mais do que conforto e, ao menos, um bom motor. Chamar a atenção e ter ar de “carro de executivo” também tem de estar no pacote. Mas tudo isso falta ao Fluence. Seu estilo, que receberá retoques em breve, não arranca suspiros de ninguém,
Chevrolet Cruze é bom no geral, mas o câmbio… – 62 pontos
Lançado no País em 2011, o Chevrolet Cruze caiu nas graças do brasileiro. Tanto que ele foi o terceiro sedã médio mais vendido de janeiro a março. Então, por que ele ficou em penúltimo lugar neste comparativo? O Cruze tem ótima relação custo-benefício, mas apenas nas versões mais baratas. No caso da topo de linha, LTZ, tabelada a R$ 85.890, o Chevrolet perde feio para os rivais.
Por outro lado, os custos de seguro e manutenção são mais em conta que os do Corolla, por exemplo. No entanto, ele não é espaçoso nem moderno como o Toyota. Sua primeira reestilização será revelada neste mês, no Salão de Pequim.
O Cruze tem posição de dirigir com pegada mais esportiva que a do Corolla. O motorista pode ficar lá embaixo, bem perto do chão. Porém, o concorrente é mais confortável, principalmente no trânsito intenso. Outro ponto negativo do Cruze é o câmbio automático de seis marchas – sem hastes para trocas manuais no volante. Suas respostas poderiam ser mais sutis. Bastaria mudar o escalonamento. O motor 1.8 flexível de 144 cv vai melhor no sedã com câmbio manual. O porta-malas, de 450 litros, é 30 l menor que o do campeão do comparativo.
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Kia Cerato fica devendo motor – 60 pontos
O Cerato é um sedã que costuma agradar a vários tipos de público. Principalmente quando se considera sua ótima relação custo-benefício. O modelo sul-coreano é o mais barato entre os que participaram deste comparativo e tem preço sugerido a partir de R$ 67.900. Diante dos rivais, que têm dimensões mais generosas e motores mais potentes, contudo, ele se tornou presa fácil.
Não é preciso citar que a sua carroceria tem visual elegante e bem definido – repare na foto abaixo. Por dentro, o desenho agrada e há materiais que aparentam ser de boa qualidade, além de muito couro preto.
O motor é um dos principais problemas do Kia. O 1.6 16V flexível de 122 cv e é o mais “fraco” dos dez sedãs. O câmbio automático de seis marchas não dá trancos nas trocas. Trata-se do mesmo conjunto do compacto Hyundai HB20. A potência é apenas suficiente para o sedã e o coloca em desvantagem diante de todos os demais, principalmente em relação ao VW Jetta. Apesar de ter a mesma distância entre os eixos do Corolla, o Cerato perde na capacidade do porta-malas, de 421 litros.
Por serem muito altas, as cotações de seguro não condizem com o preço do sedã.
PENSE TAMBÉM EM HYUNDAI ELANTRA E MITSUBISHI LANCER
Hyundai Elantra e Mitsubishi Lancer estão, respectivamente, na 12ª e 13ª posição entre os sedãs médios mais vendidos no País de janeiro a março deste ano. O primeiro ganhou atualizações recentemente e a principal delas é o motor 2.0 16V flexível de 178 cv, quando abastecido com etanol. O câmbio é automático de seis marchas.
Disponível no Brasil apenas nas cores preta, prata e branca, o sul-coreano parte de R$ 83.400 e pode chegar a R$ 86.900 na versão completa, que inclui teto solar elétrico. O Elantra se destaca pela carroceria de linhas ousadas, marcada por vincos pronunciados e grandes faróis. Seu desenho vai na contramão do estilo conservador de Toyota Corolla e Honda Civic.
O Hyundai tem boa dinâmica e chama a atenção pelo conforto. Seu interior tem acabamento caprichado, com revestimento de couro preto e luzes azuis. Ar-condicionado digital, volante com regulagem de altura e profundidade e cinco airbags são alguns dos itens de série. Mas faz falta um sistema de navegação integrado à tela sensível ao toque, que comanda o som, DVD e MP3.
Com 4,53 metros de comprimento, o Elantra é 10 cm mais curto que o Corolla. Mas tem a mesma distância entre-eixos e oferece bom espaço para os passageiros. No porta-malas, a vantagem do Corolla é de 50 litros – o do Hyundai tem 420 l.
LANCER
O Lancer parte de R$ 67.990 na versão com câmbio manual e chega a R$ 98.990 com motor 2.0 de 160 cv (somente a gasolina). O câmbio é automático CVT e a tração é integral. Com 4,57 metros de comprimento e 2,63 metro de entre-eixos, o Mitsubishi não é exatamente um primor de espaço quando comparado ao Corolla, por exemplo. E a capacidade do porta-malas é de 430 litros.
O acabamento não faz jus ao preço cobrado pela Mitsubishi. O sedã, que será feito em Catalão (GO), é simples e há muito plástico duro na cabine. A favor do Lancer está o DNA dos carros de rali. Lançado nos anos 70, o modelo se saiu muito bem nas pistas.
Trata-se de um dos sedãs com melhores resposta e estabilidade à venda no País. Ele encara curvas como poucos e, na dinâmica, cola em Jetta e Focus.