No segmento de sedãs médios, a verdadeira briga no ranking de vendas é entre Chevrolet Cruze, cuja nova geração chegou às lojas neste mês, e Nissan Sentra, que ganhou reestilização e mais equipamentos em maio. O Toyota Corolla lidera com ampla folga. O segundo colocado, Honda Civic, mais próximo dos dois modelos deste comparativo na lista de emplacamentos, está prestes a mudar também: a próxima geração vem em agosto.
Já Sentra e Cruze, nos últimos meses, brigaram exemplar a exemplar pelo terceiro lugar no ranking. E, enquanto o Civic não vem, os dois fazem um duelo para mostrar qual é o melhor carro. Embora o Sentra tenha terminado com pequena vantagem ante o Chevrolet nas vendas do primeiro semestre de 2016, neste tira-teima a vitória do Chevrolet foi folgada.
O principal mérito do Cruze é o conjunto mecânico, muito superior ao do Sentra. O carro também é mais bem construído e melhor de guiar. Isso por um preço não muito superior. A versão deste comparativo, LTZ, de topo, sai a R$ 96.990; o Nissan mais caro, SL, custa R$ 95.990.
O Sentra até levou a melhor no quesito preço, pois traz lista de itens de série mais ampla, com banco do motorista elétrico e monitor de pontos cegos. Os equipamentos são opcionais no Cruze, disponíveis em pacote de R$ 10.460. Esse kit inclui, porém, tecnologias que o Nissan não tem. Há diversos sistemas de apoio à direção, como indicador de distância do veículo à frente, alerta de colisão frontal e assistentes à permanência na faixa e às manobras de estacionamento. Outro destaque é o carregador sem fio de celular.
A favor do Sentra está o fato de ele ter versão de entrada por R$ 79.990, R$ 10 mil a menos que o Cruze mais em conta, o que lhe permite alcançar uma faixa maior de consumidores.
Rodando, o novo e moderno motor 1.4 turbo do Chevrolet faz toda a diferença. Flexível e com injeção direta de combustível, gera até 153 cv e tem muito torque em baixa rotação. Ele deixa o carro ágil para acelerar e ganhar velocidade. O câmbio automático de seis marchas, o mesmo da geração anterior do sedã, nunca foi um grande destaque em eficiência, mas não compromete o comportamento do propulsor – além de fazer trocas suaves, sem trancos.
Já o do Sentra, do tipo continuamente variável (CVT), é talvez seu maior problema. Ele não ajuda o motor – um 2.0 aspirado, com 140 cv – na hora de dar ao sedã o melhor desempenho. Com relações infinitas de marchas, fica confuso quando o motorista precisa ganhar velocidade rapidamente e faz pressão forte no pedal do acelerador.
Nessa situação, o câmbio “engasga”, antes de finalmente permitir que o motor comece a responder, o que gera trancos e falta de agilidade. Porém, em acelerações mais lineares, ele tem funcionamento suave.
O Cruze se sai melhor em estabilidade, por ter direção com respostas mais diretas e suspensões mais bem ajustadas. Por dentro, os acabamentos são igualmente bem feitos. A central multimídia do Chevrolet é mais fácil de usar e traz funções que a do Nissan não tem.
OPINIÃO
Ao menos por enquanto, o melhor carro nacional
Dos carros até R$ 100 mil feitos no Brasil, o Cruze conseguiu o que parecia impossível, levando em consideração a sem graça geração anterior: ao menos por enquanto, é o melhor. Ele deixou para trás as falhas de seu predecessor para se tornar quase completo: tem mecânica excelente – um câmbio mais eficiente seria bem vindo, mas este até que dá para o gasto – e muita tecnologia de segurança e conectividade.
O Sentra, preparando-se para as mudanças dos concorrentes – o Corolla também receberá atualizações no fim do ano -, ganhou banho de loja. Ficou bem mais bonito, mas não tanto quanto o Cruze, que realmente chama a atenção nas ruas. Porém, falta pimenta: mecânica melhor, ou alguma tecnologia marcante, que faça a diferença. Ao menos, ele tem versão de entrada bem mais em conta que a dos principais rivais, o que acaba sendo seu maior apelo ante o público.