Texto: Tião Oliveria
Foto: Divulgação
Acima, blindagem nível 3A, que inclui instalação de aço balístico (material mais claro)
As vendas de veículos blindados estão em alta. Dados da Abrablin, que reúne empresas do setor, apontam crescimento de 8% em 2010 ante 2009, quando 6.900 carros receberam a proteção extra. Esses números são de blindagens nível 3A, que se tornaram padrão no Brasil e custam, em média, R$ 50 mil. Há ainda as de nível 1, que têm preço médio de R$ 20 mil. Segundo especialistas, esse é um tipo de compra em que o preço não pode ser determinante.
“Quem tem um veículo com blindagem nível 1 não está protegido”, diz Roberto Godoy, jornalista do Estadão especializado em assuntos militares. De acordo com ele, a blindagem deve suportar disparos de pistolas .40 e 9mm, além de estilhaços de granada, como a nível 3A. “Nas ruas, os bandidos não usam revólveres 38”, afirma Godoy, em referência à proteção da nível 1.
“Imagine se, com a tensão durante uma abordagem, o motorista vai conseguir identificar esse ou aquele tipo de armamento”, diz Rafael Barbero, diretor da Avallon, a maior blindadora do País. “Nessa hora, se não for nível 3A o risco de um desfecho complicado será muito maior.”
A Du Pont, que vende o sistema de blindagem Armura, utiliza dados divulgados em 2006 e compilados do relatório da CPI das armas para embasar a opção pelo nível 1. Os kits com painéis de Kevlar pré-moldados são instalados em blindadoras credenciadas. “O instalador emite um termo no qual descreve todas as áreas blindadas”, diz Guadalupe Franzosi, gerente da Armura. “O peso não chega a 90 quilos, o que reduz o desgaste do veículo e os custos de manutenção.”
Barbero argumenta que, graças às novas tecnologias, a blindagem nível 3A também está mais leve. “Isso sem comprometer a proteção.” Ele cita o caso dos vidros. “Trabalhamos com os da AGP, que têm 17 mm, ante os 25 mm dos convencionais.”
Outra vantagem desse “emagrecimento” foi a redução do consumo de combustível. “Consequentemente, o nível de emissões de poluentes diminuiu muito.” O executivo diz que a dirigibilidade também melhorou. “Hoje, o comportamento de um carro blindado é muito parecido com o de outro sem a proteção.”
Esse aspecto é salientado também por Ademar Sosa, gerente de operações da Cepa Safe Drive, multinacional da área de segurança viária que atua em diversos países. “É importante que quem guia um blindado tenha noções de direção defensiva.”
O especialista conta que o foco do treinamento é mais preventivo do que evasivo. “Não adianta estar a bordo de um carro protegido e descuidar da atenção. Se for abordado em um posto de gasolina ou com o vidro aberto, por exemplo, esse motorista estará tão vulnerável quanto qualquer outro.”
Sobre qual é o nível de blindagem mais seguro, Sosa é taxativo. “O padrão brasileiro, 3A, é o mesmo adotado em outros grandes centros urbanos com histórico de violência, como a Cidade do México e Bogotá, que têm mais blindados do que São Paulo. Não conheço ninguém que tenha um carro com blindagem nível 1.”
Diferenças
Para Christian Conde, presidente da Abrablin, o mais importante é que o consumidor saiba o que está levando. “Isso tem de estar muito claro, porque nem todo cliente tem conhecimento técnico do assunto.” Ele diz que os números da Armura não entram na conta da entidade porque a Du Pont não é uma blindadora. “São kits instalados por terceiros.”