A combinação de montanhas, friozinho e arquitetura europeia deu certo: Gramado, a 120 quilômetros de Porto Alegre, não firmou-se apenas como o destino mais visitado do Rio Grande do Sul. O local é também um dos mais procurados de todo o País.
Ao atravessar o pórtico da cidade, o visitante descobre um lugar cheio de charme. As construções, com estilo que deixam clara a herança da colonização alemã, abrigam lojas e restaurantes, cujos menus ora homenageiam a cozinha alemã, ora a italiana – outro povo colonizador dessa região, a Serra Gaúcha.
Exemplo de cidade bem estruturada para o turismo, Gramado possui museus e parques para todos os tipos de viajantes. E, como se não bastasse, sua cidade-irmã, Canela, a sete quilômetros de distância, abriga atrações extras.
A principal é a Cascata do Caracol, uma incrível queda d’água de 131 metros de altura que pode ser apreciada desde o mirante do parque de mesmo nome (R$ 20) ou no passeio de teleférico (R$ 42).
VINHOS
Seguindo viagem na direção Oeste do Estado, a cultura alemã vai cedendo espaço para a italiana, sobretudo em Bento Gonçalves, a 120 quilômetros. Principais colonizadores do município, os italianos trouxeram consigo a cultura da produção de vinho, antes destinada ao consumo familiar, hoje com proporções industriais.
São inúmeras as vinícolas nos arredores de Bento, o chamado Vale dos Vinhedos, que abrem as portas aos turistas.
Das maiores e mais conhecidas, como Miolo e Valduga, a outras que fazem o estilo butique, caso da Almaúnica. Fundada em 2008, ela produz somente 80 mil garrafas por ano e oferece tour guiado e gratuito e degustações, que custa a partir de R$ 30, com provas de sete rótulos.
Outras heranças italianas, como a música e a dança, são o mote do Trem do Vinho, o passeio mais concorrido da cidade. Puxado por uma locomotiva a vapor, de 1941, o trem faz uma parada em Garibaldi e termina a viagem em Carlos Barbosa. São três horas de passeio (com preço de R$ 110 por pessoa, com reserva antecipada), com direito a músicos equipados com violão e sanfona. Aos que querem arriscar um passo, basta procurar um par: o corredor dos vagões logo se transforma em pista de dança.
PATRIMÔNIO VIVO
De volta à estrada, em direção à fronteira com a Argentina, chega-se, após 480 quilômetros percorridos, à pequena São Miguel das Missões, cidade que guarda uma das mais incríveis relíquias da história do Brasil: as ruínas da antiga redução de São Miguel Arcanjo, Patrimônio Cultural da Humanidade.
A redução é do século 17 e remete ao período em que os jesuítas ali se instalaram para evangelizar o povo nativo, o guarani. O que se vê atualmente no Parque Histórico Nacional das Missões (R$ 5), é uma considerável parte preservada da Igreja de São Miguel Arcanjo, de 1735. Há ainda vestígios do restante do complexo, que contava com a casa dos padres, cemitério, escola e os lares dos indígenas.
A experiência missioneira – no total, foram sete no Brasil – entrou em decadência em meados de 1760, quando os indígenas se revoltaram contra os portugueses e os espanhóis. Os conflitos culminaram na expulsão dos jesuítas.
Detalhes dessa história são contados no espetáculo Som e Luz (R$ 15), realizado diariamente, à noite, no próprio Parque. Com o auxílio de projeções e um potente sistema de som, ele apresenta os protagonistas das batalhas. De quebra, dá ao visitante a oportunidade de apreciar as ruínas em diferentes tons de cor.