Com a formação da Stellantis, pouco se falou da situação da Dodge dentro do Brasil. Mas agora, sabemos o porquê. A montadora norte-americana vendeu todo o estoque do SUV de sete lugares Journey sem perspectiva para importar um novo lote. Assim, a empresa dá adeus pela segunda vez ao Brasil, dessa vez de uma maneira ainda mais acanhada.
Até pouco tempo, o Journey era o único modelo oferecido pela montadora no Brasil. Ele vinha importado do México desde 2008 e há 10 anos ocorria sua última reestilização. De quebra, a versão vendida por aqui ainda era de 2018 e custava R$ 149.990. Sob o capô, ela carregava o motor V6 de 3.6 litros a gasolina de até 280 cv. Embora desatualizada, era uma das mais baratas em seu segmento.
Contudo, a notícia da saída da Dodge no Brasil era questão de tempo: em julho do ano passado, o chefe de carros de passeio da antiga FCA, Tim Kuniskis, anunciou que pararia a produção do Journey e da Grand Caravan no México.
Com isso, os lotes da minivan duraram menos tempo no Brasil e sobrou para o SUV grande ser o último a encerrar as atividades da montadora no país. Eis que agora, o modelo sai do catálogo do site da Dodge. Mas vale lembrar que, na época da entrevista, o executivo confirmou que manteria as atividades no Brasil para atendimento de pós-venda, mesmo após vender todos os estoques.
Para a Quatro Rodas, a empresa anunciou que não tem planos para o mercado brasileiro no momento.
Deja vu
Essa é mais uma vez que a Dodge dá adeus ao Brasil. A primeira vez que um modelo da marca chegou em solo brasileiro foi em 1947, quando a fábrica da Brasmotor (antiga Brastemp e primeira empresa que montou Fuscas no Brasil) passou a montar veículos da Chrysler, como os caminhões da Dodge, Fargo e De Soto. Sob regime de SKD, as peças eram importadas e os modelos soldados e montados em território nacional.
Cerca de dez anos depois dos primeiros Dodge brasileiros, a Chrysler adquiriu mais da metade das ações da Societé Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile (SIMCA) e iniciou sua produção de veículos no Brasil. Então, em 1969, o emblemático Dart começou a ser fabricado por aqui, carregando o clássico e poderoso motor V8 nacional, que gerava até 198 cv.
Assim, uma avalanche de lendários pony cars e muscle cars entraram no mercado. O Challenger chegou em 1970 para colocar ainda mais pólvora na briga com Chevrolet Camaro e Ford Mustang. Um ano depois, a versão cupê com apelo jovem do Dart chegou ao segmento, o Charger R/T chegava a desenvolver até 215 cv.
Todavia, a história não durou muito. Conforme a Volkswagen anunciava a aquisição de 67% das ações da Chrysler no país em 1979, alguns modelos da Dodge saíram de linha. A montadora alemã, então, resolveu utilizar a fábrica da norte-americana em São Bernardo do Campo (SP) para fabricar caminhões.
Picape Dakota fez sucesso
O retorno aconteceu em 1998, quando a picape Dodge Dakota chegou ao Brasil. Como uma das picapes mais queridas entre os brasileiros, ela era fabricada em Campo Largo (PR) e de lá saia com os motores de quatro cilindros, V6 e V8. Seu tempo no mercado também foi curto, e saiu em 2022, após da DaimlerChrysler AG reestruturar as operações no Brasil.
Introdução dos SUVs
Já desmembrada da RAM, que virou uma fabricante exclusiva de picapes, o último retorno da marca ocorreu em 2008. Neste ano, o Journey estreou na versão SXT de sete lugares carregando o motor V6 2.7 de 185 cv. Nesse ínterim, a Dodge ofereceu o SUV na carroceria de cinco lugares, bem como outros modelos, como a Grand Caravan e o Durango.
O recém descontinuado SUV chegou até a originar produtos para montadoras do mesmo grupo, como foi o caso do Fiat Freemont, produto que teve uma rápida passagem no mercado, de 2011 a 2015. Diferentemente do Journey, seu motor era o 2.4 de quatro cilindros.