
Enquanto em cidades brasileiras, vez ou outra, a calmaria é interrompida pelo barulho ensurdecedor de uma motocicleta ou mesmo automóvel com escapamento aberto, e nada acontece com o proprietário, na Austrália a tolerância com esse tipo de ocorrência parece ser menor.
No ano passado, o dono de um Lamborghini Huracán foi parado pela polícia da cidade de Brisbane e recebeu uma multa de 376 dólares australianos (cerca de R$ 930) por estar provocando “ruídos desnecessários” com o carro. O superesportivo de mais de R$ 1,2 milhão tem um motor V10 de 5,2 litros e 610 cv, que já pode ser considerado barulhento em marcha-lenta ou em acelerações brandas.
O proprietário da supermáquina, Mark Trueno, não baixou a cabeça, porém. Com o auxílio de um advogado, ele recorreu da multa e, na semana passada, um juiz de Brisbane anulou a autuação.
Entre as testemunhas ouvidas no decorrer do processo, havia até mesmo um representante local da Lamborghini, que declarou que o ruído do motor do Huracán é “música para os ouvidos”.
No fim das contas, o gasto que Trueno acabou tendo com as despesas do processo acabou sendo bem maior: 1.500 dólares australianos (cerca de R$ 3.700). Mas ele jura que não está arrependido. “Fiquei contente que o juiz conseguiu ir além das alegações feitas pelo policial. Não fiz isto pelo dinheiro, mas sim por uma questão de princípios.”
Veja também dez carros que mudaram a história de suas fabricantes:
Audi Quattro
Antes dele, carro com tração 4x4 era sinônimo de off-road - e de problemas mecânicos. O Audi Quattro, no entanto, começou a mudar esse conceito, e fez muito sucesso nos ralis. O cupê apareceu em 1980, e durou até 1991. Conquistou tanta fama em competições que a Audi transferiu o conceito para seus carros de rua, e transformou o nome em seu braço esportivo.
Ford Modelo T
Foi com ele que a Ford implantou o sistema de produção em série, em 1913. O Ford T foi produzido entre 1908 (ainda antes da linha de montagem seriada) e 1927. Entre suas características, estavam confiabilidade, robustez, simplicidade e baixo custo. Henry Ford queria que seu carro fosse acessível a todos, incluindo a seus funcionários. No ano de seu lançamento, custava US$ 850, preço que baixou para US$ 290 no último ano de produção. No total, foram feitas mais de 15 milhões de unidades do modelo.
Mini
O pequeno inglês foi considerado o equivalente britânico do alemão VW Sedan, e é tido como um ícone inglês da década de 60. Na sua forma original, foi produzido entre 1959 e 2000. Entre suas principais características estavam o motor transversal e a tração dianteira. Outro ponto alto era o aproveitamento de espaço: 80% da área era destinada aos passageiros e carga.
Ford EcoSport
Quando chegou, em 2003, ele inaugurou um segmento. O EcoSport tornou possível o sonho de quem desejava ter um utilitário-esportivo e não tinha condições de comprar um Honda CR-V ou um Toyota RAV-4, por exemplo. A grande sacada da Ford foi fazer um jipinho acessível, sobre a mesma base do Fiesta. A receita deu tão certo que os concorrentes tiveram de correr atrás do prejuízo. Mas o Renault Duster, seu primeiro oponente, veio só em 2011, quase dez anos depois.
Fiat Uno
O modelo foi lançado na Itália em 1983, e no ano seguinte estreava também no Brasil, como substituto do 147. O estilo foi assinado pelo designer Giorgio Giugiaro, e tinha no aproveitamento de espaço seu ponto forte. Por ser curto e alto, acomodava com relativo conforto até cinco pessoas. Tinha posição de dirigir elevada e capô curto. O projeto era tão eficiente que parmaneceu em produção (como Mille, no Brasil) até o final de 2013. Despediu-se com a sugestiva série especial denominada Grazie Mille (muito obrigado, em italiano).
Peugeot 206
Quando foi lançado, em 1998, a missão do 206 era substituir o 205 - até então o maior sucesso da montadora francesa. E conseguiu. O modelo foi eleito Carro do Ano na Europa em 1999, e em sua história teve mais de 7 milhões de unidades vendidas ao redor do mundo. Conquistou três vezes o campeonato mundial de rali. No Brasil, foi produzido de 2000 a 2009.
Volkswagen Fusca
Foi o primeiro automóvel produzido pela Volkswagen, e um dos maiores sucessos de todos os tempos. Começou a ser fabricado na Alemanha em 1938, e só saiu de linha em 2003 (na forma praticamente original), no México. No Brasil, foi produzido de 1959 a 1986, e depois disso voltou a ser feito entre 1993 e 1996.
Citroën Traction Avant
Chegou em 1934, trazendo diversos avanços para a época. Além do nome, que já entregava uma das tecnologias empregadas no veículo (tração dianteira, em francês), o "Traction" tinha ainda estrutura monobloco, freios hidráulicos e suspensão independente nas quatro rodas. Permaneceu em produção até 1957. Durante a ocupação francesa, na Segunda Guerra Mundial, o modelo foi adotado ao mesmo tempo pela Gestapo e pelos membros da Resistência Francesa.
Jeep Willys
Pense em um veículo militar e você provavelmente vai se lembrar do Willys, largamente utilizado pelas tropas americanas durante a Segunda Guerra Mundial. O modelo era tão simples como robusto, e fez muito sucesso também na "vida civil", como Jeep Willys. No Brasil, foi produzido a partir de 1957, pela Willys Overland. Em 1968, passou a ser montado pela Ford. A produção local durou até 1982.
Toyota Corolla
Este ano, ele completou 50 anos de sucesso comercial. Em 1974, apenas oito anos após seu lançamento (ocorrido em 1966), o Corolla obteve a marca de carro mais vendido do mundo. Desde então, sempre esteve entre os mais vendidos. Em 1997, ultrapassou o VW Sedan (Fusca) em vendas acumuladas. Em 2013, o Corolla alcançou a marca de 40 milhões de unidades. No Brasil, onde é produzido desde 1998, é líder entre os sedãs médios.