Os valores iniciais são semelhantes. A Strada, em sua versão com apelo visual aventureiro e quatro lugares, tem tabela a partir de R$ 68.020. Esse valor pode aumentar muito com a adição de itens opcionais como diferencial autoblocante, teto solar elétrico e câmbio automatizado. Completa, a Fiat chega a R$ 82.615.
Já a Oroch custa R$ 70.790 na versão de topo, Dynamique 2.0, escolhida para desafiar a Strada neste comparativo.
O valor ligeiramente maior do modelo da Renault é mais do que justificado pelas capacidades da Oroch. Com quatro portas, ela tem a parte de trás da cabine muito mais espaçosa e funcional, podendo carregar até cinco pessoas sem aperto. Bem diferente da desconfortável e apertada Strada.
No caso da picape Fiat, o banco de trás é mais indicado para uma rápida carona. E com apenas duas pessoas acomodadas nessa parte do carro. Mas a Oroch tem seu senão: o encosto do banco traseiro é muito vertical, o que pode tornar as viagens longas desconfortáveis. Mas a Strada Adventure tem suas qualidades. Robusta, leva os mesmos 650 kg que a Oroch na caçamba, mas numa “embalagem” menor. Porém, sente o peso da idade. Lançada em 1999, passou apenas por atualizações desde então, embora sempre traga as inovações ao segmento – como a cabine dupla e a terceira porta.
Ambas são bem equipadas, com ar-condicionado, direção assistida e trio elétrico, mas só a Renault tem central multimídia com tela sensível ao toque e GPS integrado.
Renault Oroch é bem melhor ao volante
Dirigir a Oroch é muito semelhante a guiar um Duster, o utilitário do qual deriva. A picape é robusta e entrega um pouco de conforto. Além disso, diferentemente de outros modelos do segmento, quase não “pula” quando vazia, por ter suspensão traseira independente. O motor 2.0 tem 148 cv e não empolga, mas deixa a picape ágil em acelerações e retomadas. Ele dá conta do recado.
O câmbio tem seis velocidades e engates curtos, que auxiliam no bom comportamento – especialmente na cidade. Mas uma sexta marcha mais longa baixaria consumo e nível de ruído na estrada, onde a Oroch viaja a 120 km/h com o conta-giros marcando cerca de 3.100 rotações.
O modelo da Renault mantém as boas qualidades do Duster e a aura de “pau pra toda obra”. Estável, passa confiança em pisos ruins e até em estradas sinuosas. A Strada se vira muito bem com o 1.8 de 132 cv, embora ele careça de torque em baixa rotação. Após 2.500 rpm, o propulsor “acorda” e leva a picape sem dificuldades. O senão é que a Fiat pula muito ao passar por buracos e a suspensão macia demais faz a carroceria inclinar em curvas e balançar.
Nenhuma das duas é econômica. O Strada faz cerca 6 km/l com etanol na cidade, marca próxima da Oroch com o mesmo combustível – marcas aferidas no computador de bordo dos carros. O resultado é a baixa autonomia de ambas com o combustível vegetal. Na estrada, a Renault mal chega aos 400 km com um tanque.
OPINIÃO: Por que ninguém fez isso antes?
Até então soberana quando se falava em qualquer picape abaixo das médias, a Strada enfim parece ter encontrado uma rival capaz de destroná-la no segmento de utilitários. A Oroch é uma ótima ideia, bem executada e com resultado cativante – mesmo que não seja exatamente um veículo bonito.
No meio do caminho entre as compactas e as médias, a novata leva mais gente do que as pequenas, ocupando bem menos espaço do que uma Chevrolet S10, por exemplo. Uma bela sacada.
Por mais que seja a mais vendida – e com qualidades para tal -, a Strada está começando a ter dificuldades de esconder a idade e já pede por uma nova geração, ou uma substituta. Mas a pressão sobre ela deve diminuir com a chegada da Fiat Toro (em 2016), que promete dificultar as coisas para a Oroch.