DIEGO ORTIZ
Mais que uma disputa entre automóveis do mesmo segmento, este comparativo entre a nova geração do EcoSport e o Duster marca um duelo de gerações. O Renault foi criado em 2010 pela Dacia, subsidiária romena da marca francesa, e perto do Ford vendido até agora é superior em praticamente todos os quesitos. Eis que, cerca de dois anos depois, a Ford lança a segunda geração de seu jipinho, que virou um projeto global, assim como o rival. E esses cerca de mil dias de diferença entre um e outro foram mais do que suficientes para dar a vitória folgada ao EcoSport.
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Tabelado a R$ 54.030, o Duster Dynamique 1.6 16V é o que mais se aproxima do EcoSport 1.6 16V Freestyle, que chega em setembro por R$ 59.990. Bem equipados, os dois vêm de série com ar-condicionado, computador de bordo, air bags, vidros e travas com acionamento elétrico, freios com ABS, sensor de estacionamento, toca-CDs com leitor de MP3 e por aí vai.
A mais o Ford tem direção elétrica (hidráulica, no Renault), sistema de entretenimento moderno (Sync, da Microsoft), assistente de partida em rampa e controles de estabilidade e tração. E cobra R$ 5.960 por isso. É muito, mas esse valor tende a ser bem assimilado pelo consumidor por causa do apelo da novidade.
No espaço interno, o Duster não para de surpreender. Há amplidão para cinco pessoas e mal dá para acreditar que estamos em um jipe compacto.
Mas, por causa do desenho do carro, se forem três atrás, as cabeças dos que viajam nas laterais batem no arco das portas. O porta-malas, com 475 litros, agrada e atende bem famílias grandes.
Porém, a vitória de lavada do Duster diante da primeira geração do EcoSport não se repete aqui. Dona de bom espaço, a novidade oferece conforto para cinco pessoas e até bancos traseiros reclináveis, bons para viagens longas. Mas seu porta-malas, de apenas 362 litros, decepciona.
Em termos de acabamento e modernidade, não há como comparar o EcoSport com o Duster. Muito mais avançado, com diferentes tipos de plásticos e materiais de cores distintas, o habitáculo do Ford se sobressai diante do conjunto rústico presente no Renault.
Até a ergonomia é melhor, já que alguns comandos do Duster, como os do ar-condicionado, ficam um pouco inclinados para baixo e são difíceis de ver direito do banco do motorista. Difíceis de entender são os ajustes do sistema de som, nada intuitivos. Os do volume estão em teclas (uma para aumentar e outra para abaixar) enquanto a localização das estações do rádio é feita por um botão giratório, diferentemente do padrão adotado por todas as outras marcas.
Na dirigibilidade, o Ford é melhor. Mais para Focus do que para Edge, o EcoSport não esconde sua origem de Fiesta e oferece condução consistente e agradável. Não há rolagem da carroceria, a suspensão absorve bem os buracos da pista e o desempenho do motor 1.6 flexível de até 115 cv é bem arisco, com bom torque de 15,7 mkgf a 4.750 rpm.
Nesse quesito o Duster também vai bem, com seu 1.6 flexível de até 115 cv e 15,5 mkgf. A entrada precoce do torque do Renault se equivaleria às relações mais curtas do câmbio do Ford. Mas, como a curva de torque do EcoSport é mais plana, ele consegue andar mais em qualquer regime de giro.
Outro “pecado” do Duster é que seu comportamento é muito característico de utilitários-esportivos. Ou seja, a carroceria rola, o carro pula em buracos e a traseira joga em curvas.
Trata-se de um carro bom para o off-road. Mas na cidade, local nativo desse tipo de modelo, a vantagem é do EcoSport.