Os sedãs Etios e Logan têm propostas bem pragmáticas: oferecer espaço e eficiência a preços acessíveis. Mas o mercado brasileiro evoluiu e simplicidade extrema há tempos deixou de ter força como apelo de vendas. Por isso a Toyota lançou a versão Platinum, com preço sugerido de R$ 53.7540, que neste duelo desafia a Dynamique, do Renault, tabelada a R$ 48.590.
Além de ser mais barato, o Logan traz itens que não estão disponíveis no rival, como ar-condicionado automático e controle de velocidade de cruzeiro. Essa lista mais extensa de equipamentos, associada a um acabamento mais bem cuidada, deu a vitória ao Renault feito em São José dos Pinhais (PR).
Nem mesmo na configuração de topo, Platinum, o Etios traz cabine mais requintada. Os materiais são muito simples e o desenho do painel não ajuda, apesar de passar impressão de ser bastante durável.
No Toyota faltam itens simples como computador de bordo. É verdade que na versão de topo o Etios traz central multimídia, mas no Logan, até a configuração intermediária, como a que aparece nas fotos desta página, tem esse recurso de série. Outro pênalti é a posição central dos instrumentos do painel. Além de demandar tempo para o motorista se acostumar, nem sempre a leitura é precisa.
O Logan, que foi reformulado recentemente, tem conjunto mais maduro e substancialmente melhor do que o de sua primeira fase. A cabine é simples, mas a Renault conseguiu esconder de forma eficiente as origens espartanas do modelo.
Espertinho.Em movimento, não há disfarces. O Etios tem conjunto mecânico superior. Seu motor 1.5 16V gera modestos 96,5 cv com etanol, mas consegue mover o Toyota sem dificuldades em trecho urbano. O sedã é silencioso e confortável, com respostas suaves, bancos macios e baixo nível de ruído.
O Logan não é ruim, mas seu 1.6 não esconde a idade e vibra muito nas acelerações – e o câmbio bem que merecia um ajuste para ter engates mais precisos. Ainda assim, o Renault oferece relativo conforto e economia. O conjunto é coerente com a proposta do sedã e faz com que o gasto extra para ter um Etios Platinum não se justifique.
Chegar depois nem sempre garante o sucesso
Desde o lançamento, o Etios sofre com a simplicidade franciscana de sua cabine, que espanta a freguesia, já acostumada a alguns mimos como tela sensível ao toque e navegador GPS. Mas, mais do que a falta de equipamentos, o maior problema do Toyota, que persiste, é a atmosfera de pobreza no interior, que acaba encobrindo as boas qualidades dinâmicas do carro. O sedã é gostoso de guiar na cidade (ainda que não mantenha a mesma compostura na estrada).
Os emblemas Toyota dão a virtual garantia de “durar para sempre” e o Etios realmente parece que vai funcionar mesmo depois de despencar do alto de um prédio. Mas isso não basta. A Renault usou tudo o que aprendeu desde 2007 com o primeiro Logan nessa nova fase de seu sedã compacto. Isso incluiu entender que um conceito de baixo custo não precisa parecer ser de baixo custo. A Toyota já se mexeu, “agregando valor” ao Etios, mas ainda falta um fermentozinho na receita.