Os rumores sobre a compra de ações da PSA Peugeot Citroën pela Dongfeng, que surgiram na semana passada, coincidem com o anúncio da queda de 2,4% nas vendas mundiais do grupo francês e de 5,8% no faturamento – registrada no terceiro trimestre de 2013. De acordo com a imprensa europeia, a empresa chinesa pode adquirir 30% dos papéis da PSA por 10 bilhões de yuans, que equivalem a cerca de R$ 3,6 bilhões.
A companhia francesa não confirma a negociação, que, se for levada a cabo, dará continuidade a um fenômeno iniciado em 2005, quando empresas asiáticas começaram a adquirir participação ou controle de tradicionais montadoras da Europa.
Naquele ano, a chinesa Nanjing Automotive comprou a MG Rover. Na época, a marca inglesa enfrentava sérias dificuldades financeiras e estava em concordata. O negócio girou em torno dos US$ 90 milhões.
Em 2008, a Ford anunciou a venda da Jaguar Land Rover à Tata. A terceira maior montadora da Índia levou as marcas de luxo por US$ 2,3 bilhões. Em 2010, foi a vez de a Ford se desfazer da então subsidiária sueca Volvo, vendida para a chinesa Geely.
Segundo o gerente de negócios da consultoria Jato Dynamics, Milad Neto, o principal interesse das marcas asiáticas com a compra das europeias é a ampliação de território. “As chinesas e indianas também querem vender carros em outros países para ter lucro.”
Além disso, as asiáticas usam os nomes das companhias tradicionais para fortalecer suas marcas em mercados nos quais ainda não têm expressão, como o europeu.
Sobre os rumores da venda de ações da PSA, o ministro da indústria da França, Arnaud Montebourg disse ao jornal que o grupo continuará sendo uma empresa francesa.
“A PSA está passando por uma crise financeira e perdeu por ser muito nacionalista. Ter dinheiro em caixa é a principal vantagem de ser comprada pelos asiáticos”, afirma Milad.