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Entenda por que os SUVs vendem tanto
Mercado

Entenda por que os SUVs vendem tanto

Os utilitários esportivos dominaram o mercado e se tornaram objeto de desejo global. SUVs acabaram dizimando segmentos como sedãs e hatches médios

Igor Macário

07 de set, 2019 · 7 minutos de leitura.

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Jeep Renegade é o SUV mais vendido do País no 1º semestre
Crédito:Foto: Rafael Arbex/Estadão
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O mundo é dos utilitários esportivos e, por enquanto, não há o que se possa fazer. Os SUVs combinam a valentia de um 4X4 com o conforto de um carro de passeio e a versatilidade de uma perua ou minivan, com mais espaço interno. Por isso, caíram nas graças do público ao redor do mundo e hoje já vendem mais do que carros de passeio em vários mercados.

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A dominação, no entanto, não foi do dia para a noite. O título de primeiro SUV é atribuído ao Jeep Cherokee original, de 1984, quando o conceito de jipe para o dia a dia ganhou forma e preços mais atraentes. Até então, modelos 4X4 mais confortáveis eram apenas de luxo como os Range Rover e o Grand Wagoneer, da própria Jeep. Caros, eles não cabiam nos bolsos de todos, até a chegada do Cherokee.

Sergio Castro/Estadão

Nas décadas seguintes, modelos mais acessíveis como o Ford Explorer, Chevrolet Blazer e vários outros pavimentaram o caminho e fizeram a popularidade dos SUVs subir ainda mais. O desejo por SUVs explodiu de vez com a chegada dos SUVs comapctos. No Brasil, o pioneiro foi o Ford EcoSport, lançado em 2003. O modelo ficou sozinho no mercado nacional até a chegada do Renault Duster em 2011.


Quando o primeiro EcoSport foi lançado no Brasil, as minivans eram as “queridinhas” do mercado. Renault, Citroën e Chevrolet vendiam quantidades respeitáveis de Scenic, Xsara Picasso e Zafira, respectivamente. Elas já vinham tomando o espaço, com menos voracidade, de sedãs e hatches. Mas o panorama foi mudando aos poucos, com o próprio EcoSport fazendo frente a esses modelos.

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Sergio Castro/Estadão

Enquanto as minivans davam mais espaço interno e versatilidade do que sedãs e hatches, os SUVs adicionaram o componente que faltava, a valentia do conjunto. A maior altura do solo, e consequente posição de dirigir mais elevada, dá confiança para quem vai ao volante. O jeitão de “pau pra toda obra”, com pneus parrudos e alegada maior resistência também caiu como uma luva para despertar o desejo por um SUV. O assim como o status conferido por um carro supostamente maior foi o tiro de misericórdia.


A premissa de mais espaço interno, no entanto, nem sempre se confirma. Há muito SUV compacto mais apertado e com menor porta-malas do que um hatch médio de preço equivalente. Sem contar a dirigibilidade sensivelmente pior. Com centro de gravidade mais alto, um SUV dificilmente vai ter comportamento parecido com o de um hatch ou sedã, ou ainda de uma perua.

SUVs canibalizaram mercado

O problema foi que, com essa ascenção, o segmento roubou a clientela justamente dos tipos que carro que combinou. Peruas, minivans, sedãs e até hatches médios. Por aqui, onde as station wagons nunca foram campeãs de venda, os SUVs asfixiaram o mercado de modelos como VW SpaceFox, Renault Megane Grand Tour e Toyota Fielder. Hoje, nem mesmo as importadas conseguem fatia relevante no mercado. Seus preços se aproximam justamente dos SUVs de luxo, tidos como melhores e capazes.

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Cláudio Teixeira/Estadão

As peruas, aliás, já vinham sendo trocadas pelas minivans, que também acabaram engolidas pelos SUVs. Por isso, não tivemos novas gerações de Chevrolet Zafira e Meriva e Renault Scenic. A Citroën bem que deu sequência ao segmento com duas gerações da C4 Picasso. Mas recentemente tirou o projeto da tomada e cancelou as importações do monovolume.

Mercado aquecido

No lugar de todos esses modelos, SUVs como Honda HR-V e os Jeep Compass viraram “queridinhos” do mercado nos últimos anos. Eles tiraram vendas de sedãs médios e praticamente acabaram também com os hatches médios.

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Felipe Rau/Estadão

Até agosto desse ano, o SUV líder de mercado é o Renegade, com 44.024 unidades emplacadas. É mais do que o sedã médio mais vendido, o Toyota Corolla, que teve 36.640 unidades vendidas no mesmo período. O Corolla em si é um fenômeno, já que o segundo colocado entre os sedãs é o Honda Civic, com apenas 17.720 unidades emplacadas em 2019. Já os SUVs se “embolam” com vários modelos disputando o topo do ranking, com mais de 30 mil unidades emplacadas neste ano.

Os hatches médios, a despeito de todas as suas qualidades, também já vinham perdendo mercado há tempos. O único remanescente foi o Chevrolet Cruze hatch, que vendeu só 3.414 unidades em 2019. VW Golf, Ford Focus e Peugeot 308 saíram de cena nos últimos meses. Todos têm novas gerações pipocando em outros mercados, que não deverão ser lançadas por aqui.

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