LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
No ano em que completa quatro décadas na General Motors, o engenheiro mecânico e vice-presidente de engenharia de produtos na América do Sul, Pedro Manuchakian, de 65 anos, vem acompanhando de perto o processo de “renovação total” do portfólio da fabricante. A entrevista a seguir foi concedida durante o lançamento do sedã Cobalt, no início deste mês. O executivo fala sobre novos projetos, o atraso na chegada do substituto do Astra Sedan e os rumores acerca de sua aposentadoria.
Dizem que o senhor vai se aposentar. Chegou a hora?
Não, ainda preciso criar minhas filhas! (risos) Quero lançar todos os modelos de que o Jaime (Ardila, presidente da GM América do Sul) falou, renovar nosso portfólio. Depois disso posso parar.
O senhor imaginou essa situação (de renovação) em 2009 (quando a GM pediu concordata nos EUA) ou chegou a pensar que a empresa poderia encerrar as atividades?
Nunca achei que fôssemos parar. O Brasil é autossustentável, poderia continuar de forma independente, uma divisão da GM.
Esta é a primeira renovação total do portfólio da GM no País?
Sim. É inusitada, nunca houve. Veio o Cruze, agora o Cobalt e virá mais coisa. Renovaremos tudo.
O Cobalt atrasou? Quando ele deveria ter chegado?
Há cerca de um ano. Com a crise financeira da matriz, nos EUA, tivemos de adiar vários projetos.
Isso foi bom ou ruim?
Em termos de mercado pode ter sido bom. Mas para a engenharia é muito ruim. Ocorre uma inércia. Não dá para parar, nem retomar projetos em um dia. Tem de parar e recomeçar gradualmente, o que acaba gerando ineficiência.
A base do Cobalt veio da Coreia do Sul?
A plataforma de carros pequenos da GM foi desenvolvida na Coreia do Sul, com participação da Alemanha e do Brasil. Nem a própria Opel (divisão alemã do grupo) tem uma arquitetura exclusiva. É tudo global agora.
Isso ajuda na adaptação para diferentes mercados (o Cobalt será vendido em 40 países)?
Sim. Esse veículo foi projetado para mercados emergentes. Cuidamos de toda a parte de mercado da Ásia e da América do Sul. Pegamos todas as necessidades e incorporamos desde o começo.
O senhor tem saudades do Vectra? Tem algum apego?
Tenho, como tenho do Chevette, do Opala… São todos “filhos”. Gosto de todos da mesma forma.
As enchentes na Tailândia podem atrasar a programação de lançamento da próxima S10?
Ainda estamos estudando o impacto. Não há nada certo. Primeiro temos de saber se algum dos nossos fornecedores foi impactado de maneira mais séria.