
Além de serem extremamente importantes para garantir a segurança de quem está a bordo do veículo, os pneus têm influência direta em aspectos como consumo de combustível, qualidade da acústica e conforto de rodagem, entre outros. Para oferecer mais parâmetros de comparação ao consumidor, a partir de abril de 2018 todos os pneus novos vendidos no mercado brasileiro deverão ter uma etiqueta com dados sobre o produto. O formato é semelhante ao padrão adotado na Europa.
Dessa forma, será possível avaliar qual produto é mais vantajoso dependendo do tipo de uso. Se o consumidor preferir um pneu que freie em menor distância, o consumo será maior, por exemplo. Já o mais resistente pode não ter tanta aderência em curvas. Com os dados na mão, a escolha não fica baseada apenas no preço.
“Muitos acidentes poderiam ser evitados com o uso de pneus apropriados”, afirma Thomas Salzinger, chefe de ensaios de condução de pneus da TÜV SÜD, uma organização alemã especializada em testes para certificações de diversos produtos ao redor do mundo. “Eles são o único elo entre o carro e o asfalto.”
Fomos à Alemanha acompanhar uma bateria de testes conduzidos pela TÜV SÜD (que recentemente abriu escritório no País) com pneus fabricados no Brasil. Além das variáveis que deverão constar nas etiquetas (frenagem em pista molhada, resistência ao rolamento e ruído), foram avaliados frenagem em pista seca, aderência lateral em pista molhada, comportamento em piso seco e robustez do produto.
Segundo informações do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), os dados que estarão na etiqueta brasileira – os mesmos da europeia – são suficientes. Salzinger discorda: “O teste de frenagem em piso seco é muito importante”, afirma.
Testes utilizaram quatro produtos nacionais
Os testes realizados pelo TÜV SÜD foram feitos com quatro modelos de pneus (nove de cada) vendidos no Brasil, todos com medidas 205/55 R16 91 V. Os produtos avaliados foram Bridgestone Turanza ER300, Goodyear Efficientgrip Performance, Michelin Primacy 3 e Pirelli Cinturato P7. As amostras foram oferecidas pela Michelin, que encomendou a avaliação. Esses produtos equipam carros como Volkswagen Golf, Ford Focus, Toyota Corolla e Honda Civic, entre outros.
Metodologia. Dois dos ensaios foram feitos em instalações fora da pista de testes em Papenburg. O teste de ruído, que mede quantos decibéis são registrados na rolagem a 80 km/h, foi realizado em um centro de engenharia em Memmingen.
Já a resistência ao rolamento, que afere a força necessária para manter o pneu rodando a uma velocidade constante conforme a carga (a medida é feita em kg/t, ou seja, quantos quilos são necessários para mover cada tonelada do veículo), foi medida em um laboratório em Munique.
No teste de frenagem em piso molhado, terceiro critério a entrar na etiqueta brasileira, a medição foi feita na faixa de velocidade entre 80 e 20 km/h. Na pista seca, a aferição da frenagem é feita de 100 km/h até a imobilidade. Para aderência lateral, foi medida, em uma pista circular, a velocidade máxima e constante em que o carro pode rodar antes de o pneu começar a derrapar.
A avaliação do comportamento em piso seco coleta dados como tempo de volta na pista, velocidade média e aderência do componente ao solo. Por fim, os pneus passam sobre um “degrau” metálico (que simula um buraco ou meio-fio) com 90 mm de altura durante o teste de robustez. Conforme a velocidade vai aumentando é verificado se ocorrem danos estruturais no componente. (Viagem feita a convite da Michelin)