Nesta época do ano, é comum as pessoas levarem choques ao tentar abrir a porta do carro. O fenômeno é um efeito da eletricidade estática e, apesar de incômodo, não oferece riscos à saúde.
O problema não tem nada a ver com a parte elétrica do veículo. De acordo com o físico Mauro Andreassa, membro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), a principal causa desse fenômeno é o atrito natural entre alguns materiais das roupas dos ocupantes e o estofamento do carro.
Continua depois do anúncio“Quando ocorre esse atrito, o movimento provoca perda ou ganho de elétrons (partículas de energia de carga negativa), o que chamamos de eletricidade estática”, ele descreve. “Se a pessoa sai do carro e encosta em uma superfície neutra, opera-se um fluxo de cargas elétricas e ela sente o choque.”
A descarga pode chegar a até 3.000 volts, mas não é nociva ao ser humano. “A tensão é alta, mas a corrente é baixa. Portanto, gera apenas desconforto”, diz Andreassa. “O que pode fazer mal é a passagem de corrente elétrica pelo corpo, o que não é o caso.”
No inverno, a incidência do fenômeno cresce não por causa da temperatura, e sim pela baixa umidade. “Quando o tempo está muito seco, os elétrons ficam mais concentrados, o que permite que se descarreguem de forma súbita”, diz ele.
Por isso, o uso de ar-condicionado a bordo aumenta a propensão aos choques, pois deixa o ar da cabine mais seco.
Nem todo mundo é vulnerável à eletricidade estática da mesma maneira. A composição corporal, em particular o teor de água no organismo, interfere no fenômeno. Os tipos de roupa e calçado usados no carro também fazem diferença.
“Materiais sintéticos nas roupas e sapatos isolantes, com sola de borracha, potencializam o acúmulo de cargas elétricas, ao contrário dos tecidos naturais, mais indicados para evitar os choques”, explica o físico.
DICAS ÚTEIS
– Pouco antes de chegar ao destino, desligue o sistema de ar-condicionado e abra os vidros do carro, para deixar
o ar da cabine menos seco.
– Prefira roupas feitas com tecidos naturais, como algodão, que não acumulam cargas eletrostáticas. Nas de fibras sintéticas, como poliéster, acrílico e viscose, o atrito gera mais energia.
– Ao abrir a porta do carro para sair, use a maior área possível da palma da mão. Mesmo que haja transferência de eletricidade, o incômodo será menor do que se forem usados apenas os dedos.