Nícolas Borges
Neste fim de semana, a Fórmula Truck está com seu circo estacionado no Autódromo de Interlagos, na zona sul. Boa oportunidade para saber um pouco mais desses caminhões supermexidos, capazes de superar facilmente os 200 km/h.
Segundo o bicampeão e atual vice-líder Felipe Giafffone, seu “bruto” de competição é como se fosse uma versão tunada do Volkswagen Constellation de rua – rebaixado e envenenado.
“A maioria dos componentes originais permanece, só que com muita preparação”, diz o piloto. Ao conferir as fichas técnicas, o motor logo chama a atenção. Fabricado pela Cummins, trata-se de um bloco de seis cilindros em linha, movido a diesel.
Contudo, enquanto o propulsor que roda pelas estradas do Brasil tem 8,3 litros e 320 cv na versão Titan Traction 19.320, o da F-Truck é aumentado para 9,2 litros, rendendo 950 cv. Essa força toda faz o caminhão chegar a 240 km/h de velocidade máxima e acelerar de 0 a 100 km/h em 6 s, de acordo com a equipe RM Competições. A VW não informa o tempo da aceleração, mas estima que o caminhão normal atinja 107 km/h.
Para quem for assistir à corrida no autódromo (ingressos a R$ 30, à venda na portaria), vale dizer que há uma limitação de 160 km/h na reta dos boxes, por segurança. “Já na reta oposta, como a área de escape é boa, não existe esse empecilho e a gente consegue atingir a 220 km/h”, afirma Giaffone.
O experiente piloto, que já correu na Fórmula Indy, comenta que as reações do Constellation de pista são bem mais lentas que as de outros carros de competição, mas isso não o faz um bicho fácil de ser domado. “Uma curva que o caminhão faz a 110 km/h, um Stock Car vai a 150 km/h e um monoposto (como um F-3) consegue 180 km/h, por exemplo”, comenta.
Só no braço
“Mas a velocidade não é tudo. O F-Truck é muito manhoso. Os freios a ar têm uma resposta inicial muito rápida e precisam ser bem dosados, pois travam fácil. Além disso, o turbo demora para entrar. Você acelera e não acontece nada. De repente, vem o torque todo de uma vez.”
Ao contrário de muitos modelos de rua, o caminhão de competição não tem auxílios eletrônicos, como freios ABS e controle de tração. E mesmo com o alívio de peso, ainda há 4 toneladas para controlar. Haja braço!