Prestes a voltar às ruas do País em nova geração, o Volkswagen Polo deixou saudades em muitos proprietários. O modelo teve duas gerações no Brasil, sendo que a última foi feita de 2002 a 2014 – passando por reestilizações durante esse período.
A nova geração terá ao menos três motores como opção, provavelmente um 1.6, e outros dois 1.0 três-cilindros, um aspirado e um turbo. E é aí que começa a nossa história sobre o “fiasco histórico” da Volkswagen, escolhido para ser o terceiro tema dessa série de reportagens.
Em abril de 2002, montadora alemã apresentava no Brasil a nova geração do Polo. O modelo, que era um projeto europeu, foi recebido bem no País com seus motores 1.6 e 2.0 – os mesmos utilizados no Golf de quarta geração que estava por aqui.
Mas com ambições maiores, a marca queria criar um nicho diferente com o Polo. O do carro requintado, com acabamento de qualidade, passaria a ter motor 1.0. A vantagem, nesse caso, era conseguir reduzir o preço dessa versão de entrada, graças ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor para carros com propulsor de 1 litro.
O motor era o mesmo do Gol, mas a Volkswagen fez uma série de retrabalhos para garantir 3 cv a mais, passando de 76 cv para 79 cv no Polo. Entre as mudanças que a engenharia aplicou estão o diâmetro e comprimento do coletor de admissão, que ficaram maiores, bem como o crescimento do corpo de borboleto do acelerador.
Para tentar atenuar o desempenho do motor 1.0 no carro de quase 1.500 quilos, a Volkswagen também deixou o câmbio com relações mais curtas. Isso acabou aumentando o nível de ruído, pois a transmissão “segurava” marchas para tentar deixar o carro mais ágil.
O ‘golpe’. Com previsão de chegar às lojas no meio agosto de 2002, o Polo 1.0 levou um grande “tombo” no dia de sua apresentação para a imprensa – 1º de agosto.
Enquanto a marca lançava o carro no Brasil, o governo anunciava uma nova alíquota de IPI para automóveis populares e de médio porte para incentivar as vendas e, na época, evitar demissões de trabalhadores.
O IPI de carros com motor 1.0 caiu de 10% para 9%, mas o imposto para modelos com propulsor acima de 1.0 até 2.0 foi reduzido de 25% para 16%.
Com isso, a diferença de preços entre o Polo 1.0 e o 1.6 ficou irrisória. Era de apenas R$ 610 nas versões Comfortline equipadas com ar-condicionado.
Essa diferença não justificava mais a compra do modelo com desempenho inferior.
Com essa história, no mínimo pitoresca, o Volkswagen Polo 1.0 16V saiu de linha em setembro de 2003, com poucas unidades produzidas. Até hoje, é difícil se encontrar um exemplar nas ruas ou no mercado de usados – ainda que seu preço médio exista e seja de cerca de R$ 15 mil.