CRÉDITO: VOLKSWAGEN

Fiascos históricos: o carro que morreu no lançamento

Versão 1.0 do Volkswagen Polo, feita para aproveitar IPI mais vantajoso, teve vida curta por causa de 'golpe' do governo

Por Redação 23 de ago, 2017 · 5m de leitura.

Prestes a voltar às ruas do País em nova geração, o Volkswagen Polo deixou saudades em muitos proprietários. O modelo teve duas gerações no Brasil, sendo que a última foi feita de 2002 a 2014 – passando por reestilizações durante esse período.

A nova geração terá ao menos três motores como opção, provavelmente um 1.6, e outros dois 1.0 três-cilindros, um aspirado e um turbo. E é aí que começa a nossa história sobre o “fiasco histórico” da Volkswagen, escolhido para ser o terceiro tema dessa série de reportagens.

Em abril de 2002, montadora alemã apresentava no Brasil a nova geração do Polo. O modelo, que era um projeto europeu, foi recebido bem no País com seus motores 1.6 e 2.0 – os mesmos utilizados no Golf de quarta geração que estava por aqui.


Mas com ambições maiores, a marca queria criar um nicho diferente com o Polo. O do carro requintado, com acabamento de qualidade, passaria a ter motor 1.0. A vantagem, nesse caso, era conseguir reduzir o preço dessa versão de entrada, graças ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) menor para carros com propulsor de 1 litro.

O motor era o mesmo do Gol, mas a Volkswagen fez uma série de retrabalhos para garantir 3 cv a mais, passando de 76 cv para 79 cv no Polo. Entre as mudanças que a engenharia aplicou estão o diâmetro e comprimento do coletor de admissão, que ficaram maiores, bem como o crescimento do corpo de borboleto do acelerador.

Para tentar atenuar o desempenho do motor 1.0 no carro de quase 1.500 quilos, a Volkswagen também deixou o câmbio com relações mais curtas. Isso acabou aumentando o nível de ruído, pois a transmissão “segurava” marchas para tentar deixar o carro mais ágil.


O ‘golpe’. Com previsão de chegar às lojas no meio agosto de 2002, o Polo 1.0 levou um grande “tombo” no dia de sua apresentação para a imprensa – 1º de agosto.

Enquanto a marca lançava o carro no Brasil, o governo anunciava uma nova alíquota de IPI para automóveis populares e de médio porte para incentivar as vendas e, na época, evitar demissões de trabalhadores.

O IPI de carros com motor 1.0 caiu de 10% para 9%, mas o imposto para modelos com propulsor acima de 1.0 até 2.0 foi reduzido de 25% para 16%.


Com isso, a diferença de preços entre o Polo 1.0 e o 1.6 ficou irrisória. Era de apenas R$ 610 nas versões Comfortline equipadas com ar-condicionado.

Essa diferença não justificava mais a compra do modelo com desempenho inferior.

Com essa história, no mínimo pitoresca, o Volkswagen Polo 1.0 16V saiu de linha em setembro de 2003, com poucas unidades produzidas. Até hoje, é difícil se encontrar um exemplar nas ruas ou no mercado de usados – ainda que seu preço médio exista e seja de cerca de R$ 15 mil.