A Fiat lançou o Argo com muita pompa. Várias versões, equipamentos interessantes e visual moderninho deixaram o novo hatch em evidência. Mas a opção de entrada do compacto, com motor 1.0, briga com os dois “queridinhos” do mercado: Chevrolet Onix e Hyundai HB20. E aí o cenário ficou complicado para o novato.
O Argo 1.0 é bom, mas o que lhe falta em desempenho, sobra em preço. A R$ 46.800, o Fiat é o mais caro desse trio. O Onix LT 1.0 parte de R$ 46.390 e o HB20 Comfort, de R$ 43 mil. Ao adicionar central multimídia, item opcional nos três carros, os preços vão a R$ 50.300, no caso do Fiat, R$ 47.790 no do Chevrolet R$ 44.550 e no do Hyundai.
Além da tabela menor, o HB20, com seu ótimo comportamento dinâmico e desempenho que pode ser considerado como referência na categoria, deixou para trás a novidade e o campeão de vendas.
O Argo conseguiu um honroso segundo lugar, mas sem grande vantagem ante o competente Onix, que também não fez feio. O Chevrolet ficou em terceiro lugar por ter acabamento e ergonomia piores, porta-malas menor e manutenção mais cara que os concorrentes.
A central multimídia, um dos itens mais valorizados pelo consumidor, é bem superior no Argo. Fácil de usar e cheia de funções, dá um banho na limitada do Onix e na esquisita do HB20. Todas são compatíveis com Android Auto e Apple CarPlay.
O senão é que o sistema do Fiat é caro – custa R$ 2.300, ante R$ 1.400 no Onix e R$ 1.550 no HB20. De série, os três vêm com ar-condicionado, direção assistida, travas e vidros elétricos (atrás também no Hyundai e opcional no Fiat). O Onix não traz o item nem como extra.
O HB20 pode receber rodas de 15” e maçanetas da mesma cor da carroceria, entre outras firulas. Mas nem assim seu preço supera o dos rivais.
HB20 brilha em desempenho diante de rivais
HB20 e Argo têm motores de três cilindros, mas no do Fiat há apenas duas válvulas por cilindro, o que prioriza torque em baixas rotações. O do Hyundai tem 12 válvulas, a solução mais eficiente, enquanto o Onix utiliza um quatro-cilindros.
O Argo tem o maior torque do trio, mas também é, de longe, o mais pesado. Por isso seu desempenho deixa a desejar. O Fiat até arranca com decisão, mas perde fôlego logo. O HB20, por sua vez, é o mais leve, característica bastante perceptível ao volante.
O Hyundai é esperto e gostoso de guiar, principalmente na cidade. O Onix fica no meio termo: seu 1.0 oferece boas respostas, mas com alguma aspereza. A maior virtude do Chevrolet é o câmbio de seis marchas (de cinco nos rivais). Isso permite ao quatro-cilindros girar menos na estrada e deixa o hatch bem confortável.
Opinião: O Argo e a sina de ser como um “HB20 da Fiat”
Como produto, o Argo tinha tudo para levar este comparativo. O novo Fiat é um ótimo carro, espaçoso, bem acabado e um sopro de novidade no segmento. O problema é que o estreante foi feito tão à imagem e semelhança de seus rivais que, no fim das contas, inova pouco em um meio tão concorrido, no qual o “fator novidade” (e a personalidade do produto) é ainda mais importante. É certo que o Fiat tem interior moderno, sistema start&stop e sua central multimídia é das melhores, mas a Fiat podia ter quebrado alguns paradigmas, ousado mais, como a Hyundai fez quando lançou o HB20 no Brasil. Não é à toa que o hatch piracicabano continua fazendo sucesso mesmo após bons anos no mercado.