LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
Apresentada no início do ano com as demais versões do Fiat Bravo, a T-Jet só chegou ao mercado bem depois, para ocupar a posição de topo da linha. Com preço sugerido de R$ 68.950, traz motor quatro-cilindros 1.4 turbo a gasolina de 152 cv de potência. Apesar da proposta esportiva, o posicionamento, preço e potência desse Fiat mineiro o tornam concorrente da versão Titanium do Focus, a mais sofisticada do hatch Ford argentino, que parte de R$ 72.380 e traz o quatro-cilindros 2.0 flexível de até 148 cv.
A reunião desses fatores se mostra melhor no Bravo, vitorioso neste comparativo. Além de ter desempenho mais consistente, o Fiat é tão confortável quanto o rival, mais em conta de manter e traz bons equipamentos de série.
O consumo do T-Jet também agrada. É raro um carro com mais de 150 cv ser capaz de rodar 10 km com 1 litro de gasolina na cidade e chegar a 13 km/l na estrada, como esse Fiat. O ponto negativo é que ele é só a gasolina, enquanto o Focus tem a vantagem de ser flexível.
Ainda assim, o Ford bem que poderia ser mais econômico. Ele não consegue superar o Fiat e faz cerca de 11 km/l na estrada e 7 km/l na cidade, sempre com gasolina – os números são dos respectivos computadores de bordo.
O Bravo tem “dupla personalidade”, alterada pelo overbooster, acionado por uma tecla. O recurso muda o acelerador (borboleta abre-se mais) e válvula de alívio do turbo (pressão vai de 0,9 para 1,3 bar). De 21,1 mkgf, o torque sobe para 23 mkgf a 3.000 rpm. A direção tem a assistência (elétrica) reduzida e fica mais firme.
No dia a dia o recurso pode ser mantido desligado e o Fiat fica dócil. Já o Focus é sempre o mesmo: gostoso de andar, mas sem o “fogo” do concorrente.
Os hatches têm suspensões traseiras de geometrias diferentes – independente tipo multibraço no Ford e por eixo de torção no Fiat. O acerto é equivalente em ambos, mais voltado para o conforto.
Com 2,64 metros de entre-eixos, o Focus é um pouco mais “gentil” com as pernas dos passageiros do que o Bravo, que tem 2,60 metros. Os bancos são igualmente acolhedores e há espaço para dois atrás em ambos. Só o argentino traz de série revestimento parcial de couro. Opcional, o item custa R$ 1.999 para o Fiat. O porta-malas do Bravo é maior, com 400 litros, ante 328 litros.
A posição de dirigir é boa nos dois carros, facilitada pelos ajustes de altura e distância do volante.
As listas de itens de série são equivalentes e incluem dois air bags, freios ABS e sensor de estacionamento traseiro, entre outros. Só o Bravo conta com auxílio para saída em rampas.
Ao contrário do que se diz no mercado, neste comparativo o carro turbo apresentou o seguro mais em conta. Nas cotações, chama a atenção a apólice para o Focus, que chega a custar R$ 4.260. As franquias são equivalentes entre eles, todas na faixa de R$ 2 mil.
Entre as peças de reposição, a vantagem é novamente do Bravo, que tem preços mais em conta. Exceto as velas de ignição, quatro vezes mais caras.
Ambas as versões representam pouco nas vendas dos modelos. A T-Jet ficou com cerca de 3% das 8.616 unidades que o Bravo vendeu de janeiro a setembro. A Titanium é mais representativa, com 10% dos 19.941 Focus. Os números são da Fenabrave, federação que reúne as associações de concessionárias.