2017 dedicado a utilitários-esportivos e hatches. Agora é a vez de os sedãs compactos premium ganharem evidência na agenda de lançamentos das montadoras. Quase ao mesmo tempo, chegaram às concessionárias Fiat Cronos e Volkswagen Virtus. Aqui, os novatos se enfrentam em comparativo que inclui também o Honda City, que ganhou melhorias para a linha 2018.
A briga é entre as versões de topo – Cronos Precision, City EXL e Virtus Highline. Os preços são de R$ 69.990, R$ 83.400 e R$ 79.990, respectivamente. Todos têm câmbio automático com opção de trocas por aletas atrás do volante. Honda e VW são brasileiros, enquanto o Fiat é feito na Argentina.
Com melhor dirigibilidade, maior espaço e conjunto mecânico mais refinado e eficiente em termos de desempenho, o Virtus venceu o comparativo. Apesar do acabamento mais simples e menos inovador, o Volkswagen atende melhor o cliente que busca um carro familiar com várias qualidades.
Em segundo lugar ficou o Cronos, que apela para o custo-benefício: é o mais barato e bem equipado do trio, além de ter interior mais atraente. Já o City, o mais caro, é inferior em desempenho e conteúdo.
Os preços das três primeiras revisões desses sedãs são semelhantes. Quem comprar a versão Highline do Virtus não terá de pagar essas visitas à concessionária. Em relação ao seguro, os novatos se equivalem – já as cotações para o City são bem mais altas.
De série todos têm volante com ajuste de altura e profundidade, ar-condicionado. É digital no City e no Virtus. Há ainda trio elétrico, central multimídia e controle de velocidade de cruzeiro. O Fiat e o VW trazem controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa e sensor de obstáculos na traseira.
A mais, o Virtus traz abertura das portas e partida do motor sem uso de chave e quatro air bags. O Cronos tem só duas bolsas de série. No City não há controles eletrônicos, partida sem chave e sensor de obstáculos. A favor do Honda há seis air bags, faróis de LEDs e câmera atrás.
Rodando, Virtus ganha o motorista
Comparado ao Cronos, o visual do Virtus é mais sisudo, além de pouco inovador, algo bastante comum na linha atual da Volkswagen. Suas linhas podem facilmente ser confundidas com as do sedã médio Jetta, por exemplo.
Por dentro, o acabamento é bem feito, mas também muito simples. Esse quesito, no Virtus, não condiz com o que se espera de um carro dessa categoria e fica aquém do observado nos dois concorrentes.
Apesar disso, a ergonomia do Virtus é exemplar. Os comandos estão à mão do motorista e os porta-objetos, bem localizados. O suporte para telefone celular é uma solução simples e muito bem-vinda.
O Virtus tem o maior entre-eixos do trio (2,65 metros). Ele é o único que consegue levar até cinco adultos com conforto. O City tem bom espaço para quatro e no Cronos eventuais ocupantes com mais de 1,80 metro vão sofrer no banco de trás.
O motor 1.0 de três cilindros gera 128 cv e 20,4 mkgf. O VW não é o mais potente, mas é o que tem maior torque dos três (entregue em baixa rotação). A força é o que mais importa na hora de fazer ultrapassagens e retomadas, situação em que o Virtus se mostra ágil, com respostas convincentes. O câmbio de seis marchas com trocas na alavanca e por aletas atrás do volante é mais suave que o do Fiat e mais rápido que o CVT do Honda.
A direção elétrica do Virtus tem a calibragem ideal e passa firmeza para o motorista mesmo em velocidades altas (em rodovias). Dos três carros, o sistema da VW é o que oferece respostas mais diretas.
A suspensão do VW também é a mais equilibrada. É firme para evitar que a carroceria balance muito em curvas, mas não maltrata os ocupantes. Ainda assim, em pisos ruins, o sistema do Virtus tende a transferir – mais que o do Cronos e menos que o do City – os solavancos para a cabine.
Preço e visual são atrativos no Cronos
O Cronos é o que mais agrada aos olhos. A passionalidade italiana está no visual e no interior bonito. Bem acabado, tem emoção na forma de se apresentar aos ocupantes. Mas como tem o menor entre-eixos (8 cm a menos que o do City e 13 cm menor que o do Virtus), é o mais apertado para quem vai atrás. Os joelhos ficam bem próximos do banco da frente para quem tem 1,80 metro e o quinto ocupante, no meio, viaja apertado.
A ergonomia é boa, mas o assento do banco do motorista poderia descer mais. Mesmo com a regulagem no mínimo, motoristas mais altos ficam em uma posição elevada durante a condução.
Os bancos dianteiros têm espuma com densidade que cansa rápido. Além disso, o assento é curto para quem tem pernas compridas e o apoio lateral, para manter os ocupantes no lugar, deixa a desejar.
O motor 1.8 flexível rende até 139 cv e 19,2 mkgf, bons números que se confirmam na prática quando o motorista exige mais do carro. Em contrapartida, o motor tem funcionamento áspero e ruidoso, mesmo com as melhorias feitas pela marca. O Cronos é o único do trio que traz start&stop – por necessidade, já que tem as médias de consumo mais altas.
O câmbio de seis marchas às vezes não “conversa” bem com o motor e fica indeciso nas trocas, especialmente em subidas, quando reluta em fazer as mudanças. Nesse caso, o melhor é usar o modo manual.
As suspensões melhoraram muito, como no Argo. Ainda assim sua carroceria rola mais que as dos rivais. Porém, isso ocorre de forma mais “suave” que nos Fiat mais antigos e os ocupantes não são jogados para os lados em curvas.
Assim como ocorre com os concorrentes, o Cronos tem direção elétrica, mas as respostas são mais lentas que as dos dois outros sedãs.
Um conjunto sem grandes emoções
Mais caro dos três, o Honda City tem bom espaço interno e leva com conforto quatro adultos. Seu acabamento é de qualidade, com revestimentos de couro em algumas partes e nos bancos. Os comandos do ar-condicionado digital e automático são sensíveis ao toque. Porém, no geral, a cabine não tem muita personalidade.
Melhor que os rivais é também o isolamento acústico. Isso evita que ruído do motor invada a cabine. A central multimídia é imprecisa. O computador de bordo é comandado por meio de um seletor de difícil acesso, que fica posicionado atrás do volante. Essas características tiraram pontos do City.
A posição de dirigir agrada bastante, o volante tem boa pegada (como o do Virtus). Os bancos dianteiros conseguem acomodar bem e com conforto os ocupantes do carro.
O motor 1.5 de até 116 cv e 15,3 mkgf é o menos potente desse comparativo. Seu funcionamento é suave, mas, em associação ao câmbio automático CVT, fica ruidoso a cada redução de marcha na tentativa de extrair melhor desempenho.
Para fazer ultrapassagens é preciso calcular bem, já que o câmbio demora a responder. Mesmo quando o motorista opta pelas trocas manuais. O foco do CVT é a economia. As respostas da direção são bem diretas, resultado do sistema elétrico progressivo, que se ajusta conforme a velocidade. Isso chega a ser um contraste em relação ao trem de força.
O ajuste de suspensão, como em todo Honda, é bem firme – o que garante boa estabilidade especialmente em curvas. A carroceria tende a se inclinar mais que a do Virtus, mas menos que a do Cronos. Essa firmeza da suspensão, porém, faz o carro sofrer quando encontra pisos irregulares pelo caminho.
A aposta em mimos como os faróis de LEDs não compensa a ausência de itens mais úteis, como o sensor de obstáculos.
Opinião: Em todos os cenários, Virtus sobressai
Para quem quer levar todos os opcionais, o Virtus é a melhor escolha. Por R$ 85.590, traz rodas de 17”, câmera na traseira e alguns itens que não estão disponíveis nos rivais. Entre os exemplos está o painel de instrumentos virtual. O Cronos chega, no máximo, a R$ 80.330, mas não tem o espaço do VW.
Esse quesito é essencial para quem quer um sedã. O City não tem opcionais – ou seja, você paga mais e leva menos. E, considerando a qualidade dos rivais, seu bom valor de revenda pode deixar de ser um fator tão importante. Outrora novato, o HB20 (que desbancou o consolidado Gol) já mostrou isso.