TEXTO: MILENE RIOS
Preços baixos, grande oferta de equipamentos e boas condições de pagamento costumam ser fatores decisivos para quem quer comprar um zero-km. E quando o carro tem tudo isso de uma só vez, é quase impossível resistir. Mas especialistas alertam que tanta vantagem pode ser sinal de que o modelo está com os dias contados.
“No Brasil, normalmente os veículos recebem mudanças na lista de equipamentos a cada dois anos”, afirma o consultor e professor de gestão em Marketing e Vendas da Fundação Getúlio Vargas, Arnaldo Brazil. Ele diz que no terceiro ano “de vida”, em média, ocorre uma atualização estética em componentes como para-choques, faróis e lanternas. “De cinco a oito anos após o lançamento, o modelo ‘morre’ ou dá lugar a uma nova geração”, explica.
Para não ser pego de surpresa, o consumidor deve ficar atento a alguns sintomas que podem indicar que o veículo está para sair de linha. “Depois do lançamento, crescimento e maturidade do produto no mercado, vem a fase do declínio nas vendas. E nessa etapa que a montadora ‘mata’ o modelo ou faz uma transformação profunda”, diz Brazil.
De acordo com ele, o interessado deve desconfiar em casos de queda expressiva no preço, maior oferta de equipamentos sem aumento na tabela e lançamento de séries especiais em pouco tempo. “São os principais sinais de aposentadoria.”
Lado positivo
Comprar um veículo nas “últimas” pode ser um bom negócio para ambas as partes. Fabricantes e concessionárias precisam desovar seus estoques antes da chegada do novo modelo. Do outro lado, o consumidor pode ter um carro mais equipado por um preço que cabe no bolso.
Para saber se o “moribundo” vale a pena, o comprador tem de avaliar o tempo que pretende rodar com o modelo, além do desconto. De acordo com o diretor da consultoria ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa, a desvalorização média de um zero-km varia de 10% a 15% no primeiro ano. Se o carro saiu de linha ou tem nova geração, o abatimento terá de ser maior – entre 20% e 22%.
“Quem comprar um veículo desses hoje e for vendê-lo no ano seguinte, sofrerá os impactos da desvalorização maior”, afirma Garbossa. “Se ficar com o carro por quatro anos, por exemplo, o preço médio no mercado de usados não será tão diferente do da versão mais atual.”
O especialista lembra que o consumidor pode usar o fato de o modelo estar com os dias contados a seu favor na hora da compra. Ele só recomenda esse tipo de negócio quando o desconto for maior que 15%.