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Ford convoca funcionários demitidos para produzir peças e ninguém vai
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Ford convoca funcionários demitidos para produzir peças e ninguém vai

Sindicatos que representam os metalúrgicos das fábricas fechadas de Camaçari (BA) e Taubaté (SP) esperam indenizações trabalhistas da Ford

Diogo de Oliveira, Especial para o Estado

22 de jan, 2021 · 5 minutos de leitura.

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Ford
Além de logotipos, faltam também emblemas com nomenclaturas dos carros
Crédito:Ford/PIXABAY

A Ford já não produz carros no Brasil há quase duas semanas. Entretanto, o fim da operação brasileira está apenas no início, e, aparentemente, não será um processo simples. Nesta semana, a montadora convocou os funcionários demitidos para voltarem ao trabalho. Mas ninguém apareceu.

Nos próximos meses, a fabricante vai manter as fábricas de Camaçari (BA) e de Taubaté (SP) em funcionamento para produzir peças de reposição. No entanto, os ex-funcionários (cortados no início de janeiro) alegam que a montadora ainda não propôs qualquer tipo de acordo de rescisão.



Impasse com indenizações

Segundo Julio Bonfim, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, a Ford ainda não comunicou aos colaboradores como se dará o processo de demissão. Por causa disso, não está claro como será a rescisão contratual, tampouco as indenizações trabalhistas.

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“A Ford está mandando comunicados, mas a adesão está zero. Está tudo parado, ninguém está indo. A fábrica precisou alugar um galpão na região de Simões Filho (BA) porque não tinha gente para descarregar mercadorias de 90 caminhoneiros em Camaçari”, afirmou Bonfim ao jornal O Globo.

O líder sindical disse que não apoiará o retorno enquanto a Ford não esclarecer a situação com os empregados. “Ninguém voltou porque o que a Ford fez foi um tapa na cara, não negociou nada com a gente e pede para a gente retornar ao trabalho? Não dá”, disse Bonfim.

Ford EcoSport 2020
Ford/Divulgação

Peças são para Ka e Ecosport

Mesmo tendo encerrado a produção de carros no Brasil, a Ford terá de religar as máquinas em Camaçari e Taubaté. Isso porque a montadora precisa produzir um belo estoque de peças e componentes para os finados carros nacionais (linha Ka e Ecosport).

Entre esses componentes estão desde peças para os motores e câmbios que eram fabricados no interior de São Paulo, às peças de carroceria e acabamento dos modelos.

Por força da lei brasileira, a fabricante será obrigada a fornecer peças de reposição para Ka e Ecosport pelos próximos 10 anos. Somente depois de fabricar os componentes a montadora poderá, então, encerrar as atividades — e concluir a provável venda das duas fábricas.


Ford Ka
Ford/Divulgação

Ford vai despencar nas vendas

Em 2020, a Ford emplacou 139.225 veículos no Brasil, segundo dados da Fenabrave, a federação nacional das concessionárias. Dessa forma, foi a 5ª colocada entre as fabricantes de veículos, com 7,14% de participação no mercado nacional.

Contudo, o balanço vai mudar radicalmente em 2021. Isso porque 85% das vendas do ano passado — exatas 118.525 unidades — foram de carros nacionais. Dessa maneira, a montadora pode terminar este ano com cerca de 30 mil a 40 mil carros, a depender dos lançamentos que fará.


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