Embora tenha fechado suas fábricas no Brasil em janeiro de 2021, a Ford vem investindo em um Centro de Desenvolvimento e Tecnologia em território brasileiro. Com sede em Camaçari, na Bahia, a estrutura conta com mais de 1.500 pessoas que atuam nos projetos globais da marca. Pois a marca vai ampliar o departamento e revela detalhes das tecnologias previstas para os próximos caros, que devem chegar entre 2 e 10 anos ao mercado.
Com a expansão, o novo centro – que conta com uma área de 6 mil m² – possui estúdios de design, laboratórios de realidade virtual e de Teardown (onde ocorre a análise de componentes). Além disso, há um novo espaço para a D-Ford que, de acordo com a montadora, atua como uma startup. Nela, o foco são as pesquisas de mercado e as necessidades dos consumidores, além do investimento necessário em inovação.
De acordo com o Presidente da Ford na América do Sul, Daniel Justo, essa unidade é autossustentável. Entretanto, a expectativa é de que, apenas neste ano, o centro converta uma receita de R$ 500 milhões. “Isso mostra que a engenharia brasileira é competitiva e que vale investir em pesquisa, desenvolvimento e inovação em nosso país”, disse.
Projetos em andamento
A Ford deixou claro que grande parte das pesquisas são voltadas ao desenvolvimento de veículos eletrificados, softwares para carros autônomos e conectividade. Além disso, de acordo com a marca, o grupo brasileiro também é responsável pelo desenvolvimento das futuras gerações de sistemas multimídia da montadora.
No entanto, há projetos que incluem o design. Esse é o caso, por exemplo, do novo visual dos futuros veículos elétricos da Lincoln. Isso, inclusive, explica os recentes flagras do Lincoln Naviagator. O SUV está em testes, mas não será vendido por aqui.
“Vimos a oportunidade de ampliar nossa atuação com a exportação de serviços de engenharia para os principais mercados da Ford no mundo, e aproveitar a criatividade, versatilidade e sólida experiência em custos dos nossos profissionais”, comentou Justo.
No mais, o time brasileiro faz parte da criação de um terço dos recursos dos carros da Ford. Entre eles está, por exemplo, o sistema “Onel Pedal Drive”, presente no Mustang Mach-E, e a “Zone Lighting”, que controla as luzes externas da picape F-150.
Além disso, o grupo trabalha na criação e adequação da carroceria de veículos autônomos. Ou seja, posição de sensores, radares e câmeras, bem como instalações e sistemas de limpeza. Por ora, não há previsão de estudos para o uso de etanol.
Investimento em pesquisa
A Ford explicou que o centro da Bahia está entre os maiores e mais completos da América do Sul. Além dele, há mais nove ao redor do mundo. Segundo a marca, a área de pesquisa – que conta com mais de 200 profissionais em 7 estados do Brasil – já atua em 120 projetos e rendeu um registro de mais de 70 patentes globais.
Entre os estudos está, por exemplo, a utilização do grafeno carros. Além de ser versátil, esse material é resistente, fino e flexível. Segundo o Diretor de Engenharia, André Oliveira, ele pode até trazer um melhor desempenho aos carros eletrificados.
“Nosso time faz estudos e testes com grafeno combinado a vários materiais, como borracha, para deixa-los mais duráveis e resistentes. Existem outros projetos para aplicação em carros elétricos, uma vez que o grafeno possibilita a redução do peso de componentes, o que, por consequência, leva a um aumento da vida útil das baterias”, comentou.
Foco na eletrificação
Além do investimento de US$ 50 bilhões até 2026, a Ford firmou uma parceria com a Volkswagen para dar mais um passo em direção a mobilidade elétrica. Em um novo acordo, a montadora norte-americana anunciou que fará um segundo modelo na plataforma modular para carros elétricos da marca alemã, a MEB. Esta permite aos fabricantes uma certa liberdade no projeto dos carros, bem como oferece praticidade e redução de custos.
Até o momento, não se sabe ao certo qual será o carro em questão, mas é certo que o foco será o mercado europeu. Com isso, a Ford pretende aumentar o volume de produção para 1,2 milhões de unidades em um prazo de seis anos. A aliança também prevê a produção de veículos comerciais e sistemas de condução autônoma.