Há 47 anos seguidos, a linha de picapes F Series, da Ford, é o veículo mais vendido dos Estados Unidos. Ao Brasil, a F-150, campeã de emplacamentos da família, chegou em meados de 2023. Aqui, ela tem motor V8 a gasolina e preços a partir de R$ 479.990. Porém, nos EUA há também opções híbrida e 100% elétrica, batizada de Lightning, que o Jornal do Carro avaliou em Dearborn, Michigan, onde fica a primeira fábrica da marca.
No mercado norte-americano, a F-150 elétrica tem tabela a partir de uns US$ 50 mil, ou cerca de R$ 250 mil, na conversão direta, sem impostos. Porém, pode vir por meio de importação independente por preços acima de R$ 700 mil. Porém, com a volta do imposto de importação para modelos eletrificados, no início deste ano, os valores devem subir.
Seja como for, a filial brasileira da Ford ainda não revelou quando trará o modelo ao País. Afinal, não há infraestrutura pública de carregadores para repor a energia dos enormes pacotes de baterias, que vão de 98 kWh, de série, a 131 kWh, opcional de US$ 10 mil (cerca de R$ 50 mil). Nesse caso, além da autonomia, de mais de 500 km, no padrão internacional de medição, a potência gira em torno dos 590 cv.
Ford F-150 elétrica pesa mais de 2,7 toneladas
A versão de entrada tem “apenas” 470 cv, mas o torque, independentemente da capacidade das baterias, é sempre de 107 mkgf. Na prática, a despeito dos mais de 2.700 kg, ao pisar forte no acelerador da F-150 Lightining, as costas grudam nos bancos e a picapona dispara como se fosse um cupê esportivo numa pista de competição.
De acordo com dados da Ford, o modelo elétrico, que tem quase 6 metros de comprimento, acelera de 0 a 96 km/h em cerca de 5 segundos. Para comparação, são números parecidos com o do Mustang V8. Assim como nas F-150 com motor V8 vendidas no Brasil, a Lightning tem acabamento caprichado e é repleta de soluções eletrônicas. Aliás, a tela da central multimídia, de 12 polegadas, sensível ao toque. Ela fica em posição vertical e é similar à das demais versões.
O sistema é bastante intuitivo e fácil de operar. Além disso, o modelo tem cabine revestida de material que imita couro, inclusive o volante, bancos dianteiros com ajustes elétricos e estribos laterais também com acionamento elétrico. Porém, por causa dos pacotes de baterias e das diferenças nas respostas, mais diretas, a F-150 Lightining tem ajustes exclusivos na suspensão, por exemplo. O sistema, do tipo Multilink, é similar ao utilizada em carros de passeio.
Picape com porta-malas
Como resultado, a picape roda macia e a sensação é controle total em qualquer situação. Contribui com isso o fato de o pacote de baterias ser instalado no assoalho. Assim, o centro de gravidade é baixo, o que praticamente elimina as oscilações da carroceria ao atacar curvas em alta velocidade.
Como a versão elétrica tem as mesmas dimensões das com motor a combustão, a dianteira ganhou um enorme espaço, que foi transformado em área para bagagens. Segundo dados da Ford, esse “porta-malas” tem cerca de 400 litros de capacidade. Para comparação, o bagageiro do Volkswagen Taos, por exemplo, que é um SUV médio, tem 498 litros.
As rivais da F-150 elétrica
A caçamba, por sua vez, pode levar 1.013 kg de carga, número relativamente baixo para uma picape dessas dimensões. Seja como for, nos EUA, diferentemente do Brasil, os compradores de modelos do segmento valorizam a capacidade de reboque. E isso a F-150 Lightning tem de sobra. Conforme a fabricante, são nada menos do que 3,5 toneladas.
Nos EUA, a picape elétrica da Ford tem como concorrente direta a RAM 1500 REV. O modelo tem dois motores elétricos com potência equivalente a 340 cv. Conforme a versão, a autonomia pode ser de até 800 km entre as recargas (no ciclo global). Outra rival é a Silverado EV, com mais de 670 cv e 108 mkgf. Com isso, a Chevrolet pode acelerar de 0 a 96 km/h em 4,5 segundos. A autonomia estimada supera os 640 km.
O JORNALISTA VIAJOU AOS EUA A CONVITE DA FORD DO BRASIL