Na mistura que forma os crossovers Range Rover Evoque 2.0 Pure Tech Pack e Mercedes-Benz GLA 250, cada marca adotou um tipo de receita. A fabricante inglesa colocou mais pimenta no motor 2.0 de 240 cv e fermento em seus 1,96 metro de largura e 1,63 metro de altura. Já a alemã adicionou farinha para deixar sua massa firme, o que é visto no ótimo trabalho da suspensão, e tirou a gordura (pesa apenas 1.455 quilos), aprimorando a performance.
O GLA 250 tem preço sugerido de R$ 189.900 e o Evoque sai a R$ 197.500. Como essa diferença se dilui na manutenção bem mais cara do Mercedes, o Range Rover conseguiu conquistar a vitória nesse duelo entre utilitários-esportivos, com pequena vantagem – de apenas um ponto, por ser mais versátil que rival o recém-lançado.
O motor mais potente, em comparação ao 2.0 de 211 cv do GLA, na prática não representa uma vantagem, já que o Evoque tem relação peso/potência maior. O modelo inglês pesa 200 quilos a mais que o rival, que ainda tem o ótimo câmbio automatizado de sete marchas e duas embreagens, quase tão bom quanto o automático de nove velocidades que equipa o crossover Land Rover.
Quanto ao espaço interno, os dois praticamente se equivalem, mas com ligeira vantagem para o lugar dos joelhos dos ocupantes traseiros no GLA – que tem o entre-eixos um pouco maior – e para a cabeça e ombros no Evoque – que é bem mais largo. O motorista vai melhor no modelo da Mercedes, pois o console central dele é menos invasivo que o do Land Rover. No entanto, seu porta-malas é bem menor.
Ingredientes são mais saborosos no Evoque
Na posição de dirigir, o GLA comprova sua impressão de ser um Classe A que não passaria no exame antidoping por uso de esteroides. Por causa da posição de dirigir bem central, mais baixa e com menos visão do capô, a sensação é a mesma de guiar um hatch médio.
No Evoque, o motorista fica alto no assento, posição mais condizente com a proposta dos utilitários-esportivo – com a direção menos centralizada e volante maior. Mais uma vez vemos escolas distintas, que agradam a paladares diferentes.
É praticamente impossível criticar o acabamento de algum carro da Mercedes; com o GLA, não é diferente. Os materiais são de ótima qualidade e o desenho é elegante sem ser sisudo. Mas o Evoque tem algo a mais para oferecer, como um maior número de texturas, cores e densidades que saciam ao tato e às retinas.
Aliás, agradar as partes mais subjetivas na hora de escolher um carro parece ser a grande missão do Evoque desde que ele foi lançado. O GLA tem um estilo interessante, evidenciado por para-lamas largos e linha de cintura alta. Mas o modelo da Land Rover, mesmo sendo de 2011, ainda se mantém mais moderno visualmente que seus concorrentes e se apresenta como um verdadeiro chamariz de olhares, algo que não ocorre com o Mercedes.
Com listas de equipamentos similares, o Evoque tem a mais o consagrado sistema de tração da Land Rover. Nesse ponto, o GLA, com força apenas na dianteira, leva grande desvantagem em relação ao rival.
OPINIÃO: Mercedes faz o coração acelerar
Nesta febre de utilitários-esportivos que invade o Brasil, meu gosto para carros age como um verdadeiro antipirético. Talvez por isso o coração tenha batido mais forte pelo Mercedes GLA 250, que está mais para um hatch grandão do que para um jipão e que oferece uma dirigibilidade excelente. Mas como nem só de volante vive o motorista, basta passar mais tempo com o Evoque para ir se acostumando à ideia de ter um produto muito completo nas mãos.
Seu acabamento é mais elaborado, o desempenho é ótimo, o design é lindo e se por algum acaso quem estiver ao volante resolver chegar ao extremo de jogar suas rodas de 20 polegadas na lama, seu habilidoso sistema de tração dará conta de tirar ele de lá sem sustos. Com proposta mais urbana, o GLA 250 não faz isso. E nem atrai tantos olhares. Mas acelera, ô se acelera!