O conceito de esportividade está no nome, visual e desempenho desses carros – mas de formas diferentes. Logo no primeiro contato, Golf GTi e Toyota GT 86 prometem oferecer boa dose de prazer ao volante. Feito na Alemanha, o Golf GTi de sétima geração estreou no Brasil no ano passado, parte de R$ 98.990 e, com todos os opcionais, vai a R$ 136.220. Japonês, o GT 86 ainda é uma promessa. Deve chegar em 2015 por cerca de R$ 150 mil.
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É certo que os dois valem o preço do ingresso, mas neste comparativo não há vencedor. Isso porque cada um atende a um tipo de demanda, mas ambos mostram que ser apimentado pode ser algo subjetivo. Tanto o VW quanto o Toyota podem ser usados no dia a dia. Embora a posição baixa de guiar e o amplo capô do GT 86 atrapalhem um pouco na hora de fazer manobras.
Suas suspensões absorvem bem os impactos com o piso. Assim, ele cumpre a proposta da marca, que é oferecer esportividade para uso cotidiano. A favor do Golf está a capacidade de levar quatro pessoas, o que o torna mais adequado para quem viaja com a família. Os dois bancos traseiros do GT 86 mal acomodam duas crianças. São úteis para quem quer levar mais bagagem – o porta-malas é de parcos 214 litros.
Para quem procura esportividade pura, o Toyota é mais negócio. A começar pela carroceria cupê – o GTi é um hatch de quatro portas. No interior o Toyota tem imitação de fibra de carbono nos painéis e portas. Os bancos esportivos revestidos de couro são bicolores. No carro avaliado, eram vermelhos e pretos.
O Golf é discreto. Tem rodas de 17” com desenho exclusivo e pinças de freio vermelhas. A cabine não denuncia que o motorista está ao volante de um carro apimentado. Muito bom, seu acabamento é bem superior ao do Toyota e a posição de guiar agrada. Os ocupantes não ficam tão próximo ao chão quanto no GT 86.
Na hora de acelerar, a briga é boa. Os dois modelos têm motores de 2 litros com injeção direta de gasolina. O do VW é quatro-cilindros, com turbo e gera 220 cv. O Toyota traz um boxer aspirado de 200 cv. O GT 86 é mais leve, mas o GTi tem mais ímpeto por causa do torque maior a 1.500 rpm, e do câmbio automatizado de seis marchas e duas embreagens.
Enquanto o motor do Golf mostra boa disposição desde as baixas rotações, o do Toyota é para usar em giro alto. Seu torque máximo surge apenas a partir das 6.400 rpm. Essa aptidão é ressaltada pelo conta-giros, que ocupa a parte central do painel de instrumentos, onde normalmente fica o velocímetro.
Até por isso, o boxer do GT 86 acaba roncando mais, o que instiga o motorista a acelerar. Esse desejo é ampliado pelo câmbio manual de seis velocidades, de relações bem curtas. Mas é ao contornar as curvas que o japonês mostra o seu melhor. Baixo e com excelente distribuição de peso (53% na dianteira e 47% na traseira), se mantém firme mesmo quando provocado ao extremo. Para isso, o controle eletrônico de estabilidade tem de ficar ligado.
Ao desligar o dispositivo, por meio de um botão abaixo da alavanca de câmbio, o Toyota, cuja tração é no eixo posterior, fica bastante arisco. As saídas de traseira são comuns, obrigando o motorista a contraesterçar o tempo todo para manter o cupê sob controle.
O Golf, de tração dianteira, é um carro mais na mão e quase imune às escapadas. Até porque a versão de topo do VW no País também traz controle eletrônico de estabilidade.
O alemão traz sistema que altera os modos de condução, a partir das respostas de câmbio e suspensão. Assim, à escolha do “freguês”, o hatch pode ser dócil ou impetuoso. GTi e GT 86 têm sete air bags, direção com assistência elétrica, ar-condicionado e conjunto elétrico, entre vários outros equipamentos de série.
OPINIÃO: O GT 86 foi lançado no Japão em 2011 e, desde então, a Toyota do Brasil vem “namorando” o carro. Algumas unidades, como a avaliada pelo JC, foram importadas para testes. O objetivo era lançar o cupê ainda neste semestre, mas como a matriz da empresa acaba de anunciar atualizações para o esportivo, o prazo foi postergado – assim, o modelo que será vendido no País já virá com as alterações.
No visual, o carro ganhou peças feitas de fibra de carbono de verdade na cabine (as do atual são imitações). A suspensão dianteira e os amortecedores traseiros ficarão mais rígidos para melhorar ainda mais a estabilidade. Na unidade avaliada, o sistema de som era bem simples. A versão que será importada terá sistema multimídia com tela no painel central.
TOYOTA GT 86 – Motor: dianteiro, longitudinal, quatro cilindros opostos (boxer), 16 válvulas; Potência: 200 cv a 7.000 rpm; Torque: 20,9 mkgf a 6.600 rpm; Transmissão: câmbio manual de seis marchas, tração traseira; Peso: 1.298 kg; Porta-malas 243 litros; Dimensões: comprimento 4.240 mm, largura 1.775 mm, altura 1.285 mm, entre-eixos 2.570 mm
PRÓS – PRAZER AO VOLANTE – Bom de guiar com o motor girando alto, cupê japonês tem ronco instigante e tração no eixo traseiro.
CONTRAS – ACABAMENTO – Cabine tem couro de duas cores e imitação de fibra de carbono, mas muito plástico duro também.
GOLF GTI – Motor quatro cilindros, 16 válvulas, turbo; Potência: 220 cv a 4.500 rpm; Torque: 35,7 mkgf a 1.500 rpm; Transmissão: câmbio automatizado de seis marchas, tração dianteira; Peso: 1.317 kg; Porta-malas de 338 litros; Dimensões: comprimento 4.268 mm, largura 1.799 mm, altura 1.456 mm, entre-eixos 2.631 mm
PRÓS – MECÂNICA – Motor turbo oferece muito torque, entregue a partir de baixas rotações, e câmbio automatizado bem rápido.
CONTRAS – OPCIONAIS – Há boa oferta de itens extras. O problema é que eles são vendidos em pacotes que vão de R$ 16 mil a R$ 31 mil.