O carro usado no Brasil está em um momento aquecido. Números da Fenabrave apontam alta nas comercializações de fevereiro, com quase 930 mil automóveis e comerciais leves negociados. O acumulado do ano já passa de 1,7 milhão. Mas, cabe pontuar, muitas oportunidades vêm das plataformas digitais. Por um lado, isso facilita o processo, mas, por outro, abre precedentes para a aplicação de golpes, principalmente, para quem opta por fazer esse processo sozinho. É uma opção arriscada, que precisa de atenção.
Para não cair em golpes, tenha cuidado com os comprovantes falsos. E só faça a entrega do carro após confirmar o dinheiro na conta. Seja o pagamento da maneira que for – como TED ou Pix, por exemplo.
“Assim que fechar a venda, faça a comunicação no Detran (Departamento Estadual de Trânsito), dessa forma você evita multas ou problemas jurídicos, caso o comprador não transfira o carro para o nome dele”, alerta Ycaro Martins, CEO e sócio fundador da Vaapty, empresa do segmento de intermediação de venda de veículos.
Golpe do test-drive e pesquisa prévia
O golpe do test-drive também é bastante comum. Portanto, a dica é nunca entregar a chave sem estar no carro. Neste caso, uma pessoa má intencionada pode fugir com o veículo. Antes de fechar a negociação, todavia, é importante também fazer uma pesquisa de mercado. Isso vale tanto para quem deseja vender quanto para quem quer comprar.

“Atente-se às taxas de juros e aos preços. Se estiver muito abaixo da tabela Fipe, ou com negociações muito desproporcionais, há grandes chances de ser golpe. É essencial ter transparência no processo de venda e para quem não está muito antenado no setor automotivo. Desse modo, busque especialistas no assunto para te ajudar a fazer um negócio mais assertivo”, explica Martins.
Pesquise o possível comprador
Para saber se não está negociando com um criminoso, fique atento ao comportamento do comprador/vendedor. Sempre há sinais. Sobretudo, faça uma busca na internet com o nome completo da pessoa e jamais transfira dinheiro antes de ver o carro e confirmar a documentação. “Verifique o Renavam (Registro Nacional de Veículos Automotores) e o chassi no site do Detran para ver se há multas, bloqueios ou restrições. Peça também o histórico desse veículo”, alerta o especialista.
Anúncios falsos. Essa velha estratégia usada por criminosos consiste em copiar anúncios reais e oferecer preços abaixo do mercado para atrair vítimas. “Desconfie de vendedores ‘de fora’. Se a pessoa disser que está em outro Estado ou país, e pede pagamento antecipado para envio do carro, é golpe. Aliás, sempre prefira locais seguros para fechar negócio e, de preferência, em locais públicos e movimentados. Faça um contrato de compra e venda e formalize tudo por escrito, com reconhecimento em cartório, para evitar problemas futuros”, indica Martins.
Vítima pode até ser indiciada
Outro golpe muito comum no mercado de carro usado é o da possível checagem de documentação. Embora seja uma prática corriqueira, não tem como saber se a pessoa do outro lado da tela está realmente interessada na compra ou mal intencionada. Nestes casos, os golpistas pedem o documento para “checar o veículo”, mas, ao invés disso, copiam o anúncio, usam sua documentação e divulgam o veículo como se fosse deles. “Outras pessoas ficam atraídas pelo automóvel, decidem comprar, dão um sinal e caem no golpe”, resume Martins.
Nestes casos, o dono verdadeiro do carro usado – no caso, uma das vítimas – também responde processo até que se prove o contrário. Ou seja, além de prejuízo financeiro, as fraudes podem até render prisão injusta. Portanto, atenção total.
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