Lisandra Paraguassu/O Estado de S. Paulo
O governo vai conversar com as montadoras coreanas e chinesas para garantir que elas mantenham seus planos de investimento no Brasil, disse ontem o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel.
“A JAC não vai sair. Vamos conversar com todos eles”, afirmou. Na sua avaliação, a elevação de 30 pontos porcentuais do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) nos automóveis com baixo índice de componentes nacionais não afastará investimentos. “Ao contrário, acho que vamos incentivar que as empresas venham investir no País e, mais do que isso, aquelas que já tinham decidido investir venham mais rapidamente.”
Ele acrescentou que basta a essas montadoras produzir no Brasil para escapar da o aumento do IPI. “As empresas que têm produção no Brasil não foram atingidas, ainda que importem uma parte da produção. É simples assim.” Negou, ainda, que a mudança súbita na tributação dos automóveis não representa insegurança jurídica. “As regras mudam mesmo”, comentou.
Pimentel admitiu que o governo está “apanhando muito” por causa da medida, por isso resolveu sair em defesa dela mesmo estando fora do Brasil. Negou que ela tenha caráter protecionista, pois as importações não foram proibidas. “A Argentina não foi atingida, o México não foi atingido”, observou. O ministro classificou a discussão em torno do aumento do IPI como uma “bobagem”.
O ministro disse que a medida não contraria regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas não descartou que países que se sentirem lesados venham recorrer ao tribunal internacional. “Eu acho que não vai haver isso, acho que estamos indo bem.” A medida de proteção à indústria nacional foi adotada sem que as montadoras assumissem compromisso de manter os preços, admitiu Pimentel. “Não houve discussão sobre preço”, informou. “Estamos preocupados em assegurar o mercado interno brasileiro prioritariamente para a produção local, para aqueles que vêm produzir no Brasil.”
Preços, disse ele, é “outra discussão”, que poderá até ser feita. “As autoridades que tratam disso vão tratar. Nesse momento não é nossa preocupação central.” O ministro observou que os preços dos automóveis no Brasil são competitivos.
Pimentel comemorou a recente alta do dólar, que se aproximou da cotação de R$ 1,80. “É bom para nós”, avaliou. “O dólar está recuperando o patamar que já teve e que é razoável para a economia brasileira.” A desvalorização do real ante a moeda norte-americana vai melhorar as condições de competitividade das exportações brasileiras, observou. “Eu acho que melhora muito, é um patamar muito razoável. Nós não estamos fixando, então vai flutuar.”