Não ter de pisar no pedal de embreagem pode até tirar um pouco do prazer de dirigir dos puristas, mas é um alento e tanto no trânsito das grandes cidades. E, com a evolução dos sistemas de câmbio, não é mais preciso gastar somas enormes para ter essa comodidade, como comprovam as versões Drive GSR do Fiat Mobi, I-Motion do Volkswagen Move Up! e automática do Toyota Etios X, que participam deste comparativo de hatches compactos com preço em torno dos R$ 52 mil.
Por ter conjunto equilibrado e melhor desempenho, graças ao motor 1.3 e ao câmbio automático convencional, o Toyota venceu o embate. Além dos propulsores menos potentes, Mobi e Up! têm transmissões automatizadas que, além de ser menos suaves no funcionamento, nem sempre casam bem com seus 1.0 de três cilindros.
Por R$ 52.390, o Toyota tem o maior espaço interno do trio. Seu acabamento é correto, apesar dos materiais simples.
Aliás, o único senão do Etios é o interior pobre, que sequer traz rádio – o item não é oferecido nem mesmo como opcional. Pelo menos a versão X vem com trio elétrico, ar-condicionado e direção assistida de série.
É o câmbio que, mesmo tendo apenas quatro marchas, fez o Toyota ficar à frente do Up!. Por R$ 52.710, o VW tem um ótimo conjunto e vem bem equipado. Mas pesam contra os fatos de ser o mais caro dos três e a caixa automatizada muito aquém do restante do pacote.
O câmbio I-Motion é lento nas trocas e hesita em situações cotidianas, além de ter dificuldade em lidar com o motor e não satisfazer os anseios do motorista à altura. Pelo menos seu 1.0 entrega bom desempenho.
Se no Up! apenas o câmbio destoa, no Mobi a situação é quase inversa. O modelo de entrada da Fiat pode vir com a transmissão automatizada (opcional) na versão mais cara, Drive, com o novo 1.0 tricilíndrico.
Batizado de GSR, esse câmbio é único dos três a oferecer opção de trocas manuais – por meio de abas atrás do volante. Aliás, em vez de alavanca convencional, no console central há botões para acionar os modos D (dirigir), N (neutro), R (ré) A/M (automático/manual) e S (esportivo).
O sistema pode causar estranheza no primeiro contato, mas é simples de operar. Por isso, e fácil se acostumar com ele.
Apesar de ter dimensões próximas às do Up!, o Fiat tem interior mais apertado que o VW e acabamento inferior ao dos dois rivais. Seu preço inicial é menor, R$ 46.790, mas para ter o mesmo nível de equipamento dos demais, a tabela sobe para R$ 52.223.
PRÓS E CONTRAS
TOYOTA ETIOS
Pró: Desempenho. Motor 1.3 casa bem com câmbio de apenas quatro marchas; hatch anda com disposição.
Contra: Despojamento. Versão X tem apenas o básico. Rádio, rodas de liga leve e outros mimos só estão em opções mais caras.
VOLKSWAGEN UP!
Pró: Motor. Com três cilindros, 1.0 é valente e muito econômico. Mesmo em giros mais altos, mantém o baixo nível de ruído e a suavidade.
Contra: Câmbio. Automatizado é o maior problema do VW. Caixa é lenta e “indecisa” em situações como manobras em baixa velocidade.
FIAT MOBI
Pró: Câmbio. Caixa robotizada faz trocas mais rápidas que as do Up! e “conversa” bem como o motor 1.0.
Contra: Espaço interno. Embora dimensões sejam parecidas com as do VW, cabine é apertada, principalmente atrás.
OPINIÃO: O Etios mais barato e o milagre em quatro marchas
É difícil não torcer o nariz para o Toyota de entrada ao saber que o câmbio tem só quatro marchas. No entanto, a transmissão surpreende logo que hatch entra em movimento. O Etios é leve e esbanja competência, entregando exatamente o que se espera dele: eficiência, comodidade e economia. Tanto que arrisco dizer que a versão de entrada é uma das melhores da linha. Ela é sensivelmente mais barata que as demais, não deixa a desejar em desempenho e não tem quase nenhuma falha. Um belo feito.