A missão é ingrata. Mas a nova geração Honda City não teve alternativas e foi compelido a assumir o lugar de um carro que fez sucesso quase duas décadas. Na linha 2025, o hatch passa por pequenas mudanças no visual, interior e oferta de equipamentos para se tornar mais atraente e continuar a preencher o posto do Fit, descontinuado no final de 2021. Será o City um sucessor já à altura?
Ainda é cedo para falar, mas em termos de números de vendas o City não chega aos pés do Fit. O saudoso monovolume chegou a emplacar mais de 50 mil unidades em um mês e manteve uma média acima dos 30 mil exemplares durante sua história no Brasil, entre 2003 e 2021. Lançado há pouco mais de três anos, o hatch derrapa nas vendas. Em 2022, primeiro ano completo de comercialização, foram 16.115 registros, que caiu para 10.802, em 2023, e voltou a subir em 2024, com 15.473.

Acredito, no entanto, que não exista nenhuma dúvida: o City é um produto melhor que o Fit. Mas então por que não vende tanto? A resposta é complexa e envolve inúmeros fatores. Mas acho que o novo hatch não tem o mesmo, digamos, ‘carisma’. Enquanto o Fit era um carro diferentes, com linhas suaves e um monovolume que flertava com um aspecto de hatch, o City é bem definido: um hatchback convencional, com visual moderno e agressivo, mas homogêneo na multidão.
As mexidas do ano/modelo 2025 reforçam isso. A grade dianteira busca se diferenciar do sedã com apelo mais esportivo, com estilo colmeia e acabamento preto brilhante. O para-choque traseiro tem moldura inferior em preto. Nele, o incremento foi de 2 mm no comprimento. As rodas aro 16 da versão Touring também têm acabamento diamantado e fundo escurecido.

Honda Fit é você?
Enquanto o segmento aposta em motores 1.0 turbo, o City continua com seu 1.5 naturalmente aspirado de até 126 cv (etanol). Pressionar o pedal da direita com certo entusiasmo não é resultado de ganho rápido de velocidade. O mostrador digital sobe de forma gradativa enquanto o ruído toma conta da cabine. Afinal, o torque máximo de 15,8 mkgf surge a altíssimos 4.600 giros. Depois o hatch embala. Desempenho, definitivamente, não é (e nunca foi) um dos elementos principais do carro — bem como o Fit, diga-se.
Agora, por sua vez, há injeção direta de combustível para melhorar a eficiência. Tanto que o consumo combustível, com gasolina, é de 13,2 km/l (cidade) e 15 km/l (estrada). No dia a dia, no entanto, é possível chegar perto dos 18 km/l. Por outro lado, com etanol no tanque, os números são de 9,2 km/l (urbano) e 10,5 km/l (rodoviário).
Por outro lado, o City tem mais trunfos. O primeiro é o rodar. A suspensão tem um acerto magnífico e está ali na área limítrofe entre dar um conforto bastante perceptível para quem vai dentro e, ao mesmo tempo, ser firme para o controle a quem dirige. A direção tem o peso leve para manobras e na medida certa em altas velocidades.

Honda City tem Magic Seat?
O segundo é espaço. Com 2,60 metros de entre-eixos, os ocupantes traseiros se acomodam confortavelmente, ainda mais que o túnel central é quase plano. Ainda há saídas de ar para refrescar quem vai atrás. De quebra, o City traz a modularidade dos bancos (foto acima), onde é possível rebater os assentos de forma a abrir um grande espaço para levar cargas maiores e de maior altura. Um fator que fica aquém é o porta-malas, de apenas 268 litros. Está longe da média do segmento, perde até para o Reanult Kwid (290 l) e fica bem longe dos 363 l do finado Fit.
Assim como exterior, o interior teve mexidas sutis. O console central foi redesenhado, o freio de mão agora é eletrônico nas configurações mais caras e, no lugar, agora um carregador de smartphone por indução. De resto, um visor TFT de 4,2″ é ladeado pelo velocímetro e conta-giros digitais. O multimídia já tem tela pequena, de 7″, para os padrões atuais. O grafismo também é bem simples, mas a central cumpre seu papel com boas funcionalidades e manuseio intuitivo.

Preço de Honda
Só que muita tecnologia, às vezes, atrapalha. O City traz aquele recurso de, quando o motorista dá seta para direita, uma câmera localizada abaixo do retrovisor projeta uma imagem (de qualidade estranha) na tela do multimídia para mostrar o ponto cego. A tecnologia, no entanto, desvia a atenção do motorista bem como ‘some’ com o espelhamento do Waze/Google Maps, por exemplo, caso esteja usando o Apple Carplay/Android Auto. Ima solução, talvez, seja futuramente essa imagem ser projetada no painel de instrumentos, como faz o Hyundai Creta, por exemplo. Vale ressaltar que é possível desligar esta opção.
Por fim, um dos aspectos mais legais do Honda City Touring 2025 é o pacote de segurança Sensing. Junta dispositivos, como ajuste do farol alto automático, sistema de frenagem para mitigação de colisão, os sistemas de permanência em faixa e de mitigação de evasão de pista, bem como controle de cruzeiro adaptativo. As tecnologias não são intrusivas ao ficar a toda momento mandando alertas ao motorista.
Bom, e o preço? Ser um hatch maior que a concorrência e tão ou mais equipado quanto, tem seu ônus. E no City 2025 é alto. O estiloso “H” que orna a grade sempre é sempre sinônimo de que você via precisar de uma verba extras frente aos rivais. E esta versão Touring já saiu de R$ 141.400 para altos R$ 145.700. Modelos, como VW Polo, Hyundai HB20 e Chevrolet Onix, por exemplo, custam na casa dos R$ 130 mil nas suas opções mais caras.
O Honda City 2025, com certeza, é uma boa alternativa ao Fit. Mas muitas vezes não basta ser mais bonito, equipado e seguro. É preciso ter aquele algo a mais que nenhuma descrição ou ficha técnica são capazes de explicar.
PRÓS
Espaço interno, tecnologias de segurança, itens de série e consumo de combustível
CONTRAS
Desempenho do motor aspirado, capacidade do porta-malas e preço alto
FICHA TÉCNICA
Honda City Hatch Touring
Motor: 1,5 litro, aspirado, injeção direta, flex
Potência: 126 cv a 6.200 rpm (G/E)
Torque: 15,5 mkgf a 4.600 rpm (G)/15,8 mkgf a 4.600 rpm (E)
Câmbio: automático CVT, sete marchas simuladas
Tração: dianteira
Tanque de combustível: 44 litros
Comprimento: 4,34 metros
Largura: 1,75 m
Altura: 1,50 m
Distância entre eixos: 2,60 m
Porta malas: 268 litros
Peso: 1.184 kg
Preço: R$ 145.700
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