Honda Civic Advanced Hybrid e-HEV
Rodrigo Tavares/Estadão

Honda Civic e-HEV: econômico e caro, sedã híbrido é alternativa a SUVs chineses

Sedã híbrido da Honda tem atributos fortes na dirigibilidade e economia, mas alto preço afasta compradores; Civic e-HEV agrada pelo conjunto

Por Rodrigo Tavares 26 de mar, 2025 · 11m de leitura.

O Honda Civic e-HEV tem uma difícil missão nas costas: disputar espaço entre os híbridos à venda no Brasil, e manter viva a chama do segmento de sedãs médios, hoje diminuído pela preferência do mercado por SUVs. Porém, vivendo abaixo do irmão maior Accord, essa não é uma tarefa fácil, ainda mais se considerarmos seu preço. Para entender melhor suas qualidades e defeitos, passamos uma semana com ele, e te contamos como foi.

Antes de mais nada, contemos o preço: R$ 265.900. O modelo custa bem mais que rivais da mesma categoria, como Toyota Corolla Hybrid e BYD King, em suas versões topo de linha, e está à venda no País desde 2023, sem quaisquer alterações no visual ou em seus itens de série. Importado da Tailândia, o modelo de 11ª geração tenta manter vivo o nome “Civic” no Brasil, e cobra caro por isso.

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O sedã tem linhas arrojadas e perfil baixo, porém é um carro discreto. A unidade que testamos, na cor Branco Topázio Perolizado, gerou um mix de reações, atraindo olhares por onde passava. Os mais curiosos, sem notar os emblemas Honda na dianteira/traseira, perguntavam de que veículo se tratava. O que é compreensível, uma vez que o Civic é uma raridade, devido às suas baixas vendas.

Visual e interna agradam, conectividade precisa melhorar

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Assim, comportando faróis de LED e rodas de 17 polegadas, o sedã mede 4,67 m de comprimento, 1,43 m de altura, 1,80 m de largura e 2,73 m de entre-eixos. Baixo e com carroceria de perfil largo, o modelo se destaca no entre-eixos, e também no porta-malas, que com abertura remota, mede 495 litros. Por dentro, o painel de linhas retas dá sensação de amplitude, e os bancos dianteiros têm ajuste elétrico. O painel de instrumentos tem 10 polegadas e boa visibilidade, e tem elementos configuráveis. Uma animação com um pequeno Civic no meio da tela ilustra o ACC em funcionamento, algo bem pensado.


É possível acompanhar o fluxo de energia do sistema e-HEV em tempo real (Rodrigo Tavares/Estadão)

No centro do painel, uma central multimídia permite acompanhar, com mais detalhes do que o painel, o funcionamento do sistema e-HEV, como o fluxo de energia, a regeneração da bateria, bem como a economia instantânea, em km/l.

Em nossa condução (urbana), o sedã atingiu o pico de 23,5 km/l, instigando o condutor a dirigir mais economicamente, mas sem abdicar de luxos como o ar-condicionado digital, por exemplo. Entretanto, apesar de bossas como carregador de celular por indução e quatro entradas USB, não há entradas atualizadas USB-C, e o acesso ao Android Auto, via cabo, é sofrível.


Dirigibilidade do Civic híbrido dá confiança nas curvas

Pneus de perfil baixo agarram bem nas curvas, e pouco ruído é passado para a cabine (Rodrigo Tavares/Estadão)

Um dos pontos fortes do modelo é a dirigibilidade. Apesar do perfil baixo, não raspa em quebra-molas ou ondulações, e chama a atenção pela estabilidade nas curvas, assim como pelo silêncio a bordo, mesmo quando o motor a combustão está ligado. Isso se deve ao isolamento termoacústico usado na parede corta-fogo do motor e no assoalho, que mitigam bastante os ruídos, tornando a condução tranquila. Outro fator que joga a favor disso são os alto-falantes, da marca Bose, que emitem frequências opostas para anular ruídos externos, por exemplo.

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Contudo, durante a condução, ao ativar o modo Sport (um dos três modos disponíveis, além de “Eco” e “Normal”), os mesmos alto-falantes emulam sons da indução de motores a combustão mais fortes, que destoam da proposta do carro e tentam “enganar” o condutor em uma tocada mais esportiva.

Conjunto e-HEV é econômico e ponto de destaque no Civic

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O seu conjunto híbrido traz um motor 2.0 a gasolina, com quatro cilindros e de ciclo Atkinson. Ele gera 143 cv de potência a 6.000 rpm e um torque de 19,1 mkgf a 4.500 rpm. A principal diferença em relação ao propulsor do Accord é o sistema de injeção de combustível. No caso do Civic, a injeção é direta e possui um controle variável na pulverização do combustível nos pistões, por exemplo. O sistema ajusta a intensidade do spray conforme a posição do pedal do acelerador e o modo de condução selecionado.


Contudo, o motor elétrico do sistema e-HEV entrega 184 cv de potência e 32,1 mkgf de torque, sendo mais potente que o motor a gasolina. No entanto, assim como não informa os números de aceleração e velocidade máxima, a Honda também não divulga a potência total combinada do conjunto híbrido.

Em relação ao consumo, o modelo tem médias declaradas de 18,3 km/l na cidade e de 15,9 km/l no rodoviário, conforme o Inmetro. E como é um híbrido “autorrecarregável”, não não demanda um carregador para alimentar a bateria, como ocorre nos modelos plug-in hybrid.

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Sempre muito silencioso, o sedã entrega uma condução quase totalmente elétrica, interrompida pela baixa vibração da unidade a combustão, que não é conectada às rodas dianteiras, e que entra para ajudar em situações de maior exigência do acelerador. Ou para carregar a bateria, por exemplo. Sua constante alternância entre os modos não é incômoda, assim como não há trocas de marcha, restando às borboletas atrás do volante comandar a intensidade da força de regeneração dos freios.

Conclusão: Civic e-HEV peca por excesso (de preço)

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O Civic e-HEV é um salto tecnológico em relação à última geração, mas ainda patina na intenção de conquistar o público acostumado ao longevo sedã da Honda. Mais conservadores, foram direcionados ao irmão menor City ou mesmo à concorrência, não muito dispostos a pagar quase R$ 266 mil pelo modelo vindo da Tailândia. Apesar de caro, o Civic híbrido tem qualidades que conquistam, sendo a economia na cidade uma delas. Assim, é uma alternativa a ser considerada para quem deseja um híbrido pleno (HEV) e não ser mais um entre os muitos SUVs, a maioria chineses.


Pontos positivos

Dirigibilidade agradável, silêncio ao rodar, boa economia em trechos urbanos, boa estabilidade em curvas, sistema híbrido-pleno (HEV) não requer recarga externa (comum a sistemas PHEV);

Pontos negativos

Alto preço afasta compradores para rivais mais baratos, conectividade com Android Auto é difícil, saídas USB não foram atualizadas, alto-falantes “enganam” som de indução no modo Sport.

Ficha Técnica

Honda Civic e:HEV


Motor: 2.0 a gasolina, com quatro cilindros e ciclo Atkinson, 143 cv e 19,1 mkgf
Motor elétrico: 184 cv e 32,1 mkgf
Câmbio: E-CVT, automático (Drive e Ré)
0 a 100 km/h: não divulgado
Velocidade máxima: não divulgado
Dimensões: 4,67 m de comprimento, 1,43 m de altura, 1,80 m de largura e 2,73 m de entre-eixos.
Porta-malas: 495 litros
Peso (ordem de marcha): 1.449 kg
Preço sugerido: R$ 265.900

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