IPI deve valorizar usado

A alta do IPI deve se refletir também no mercado de usados. Especialistas afirmam que a tendência é o aumento da procura por carros importados de segunda mão e recomendam cuidados com o preço de componetes e aceitação no mercado.

Por 28 de set, 2011 · 6m de leitura.

GUILHERME WALTENBERG

A alta do IPI para modelos importados zero-km anunciada há duas semanas deve se refletir também no mercado de usados. Como alguns estrangeiros novos podem ficar até 28% mais caros, a tendência é que aumente a procura por carros de segunda mão feitos fora do País. Segundo especialistas, a demanda maior tende a elevar os valores dos seminovos nas lojas.

“Essa alta, no entanto, será bem menor que a dos zero-km”, afirma o diretor da consultoria ADK Automotive, Paulo Roberto Garbossa. Ainda assim, ele acredita que os usados podem ser uma boa alternativa para os interessados em adquirir um importado nos próximos meses.


O especialista recomenda cuidados com dois aspectos: preço de componentes e aceitação no mercado. “Um carro que vende bastante quando novo não desvaloriza tanto. Já o preço do seguro é geralmente baseado no valor das peças de reposição.”

Enquanto as tabelas dos importados novos não sobem – algumas marcas entraram na justiça contra a medida – , várias lojas de usados mantêm os preços.

Sebastião Lira, gerente da Avis (3576-5000), revenda de seminovos na Lapa, zona oeste, diz que a procura por importados usados aumentou nos últimos dias.


Na Top Car (4177 – 4224), em São Bernardo do Campo, o fluxo de clientes não cresceu, de acordo com o gerente Paulo Rugna.

Por ora, apenas a Audi anunciou alta nos preços. Os modelos 2012 subiram 10% nesta semana – esse porcentual é válido até o dia 1º de outubro. O A1, por exemplo, sai por R$ 98.890, ante os R$ 89.900 da tabela anterior. A linha 2011 da marca, da qual ainda há cerca de 900 unidades nos estoques das autorizadas, continua com os preços “antigos”.

Liminares adiam cobrança


Pelo menos três importadoras conseguiram liminares na Justiça adiando por 90 dias a cobrança do novo IPI para veículos estrangeiros. A primeira foi a Venko, que traz os carros chineses da Chery.

No fim de semana, a Justiça Federal concedeu liminares à empresas importadoras em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, e Vitória, no Espírito Santo.

Nos despachos, os juízes afirmaram que deve ser respeitado o prazo de 90 dias a contar da publicação do decreto determinando o aumento antes que as novas alíquotas do imposto passem a ser cobradas dos contribuintes. As importadoras Phoenix Comércio Internacional (ES) e Zona Sul Motors só terão de pagar as novas alíquotas em dezembro, conforme as decisões da Justiça Federal.


O governo promete tentar derrubar as decisões judiciais durante a semana, mas até o fechamento desta edição elas continuavam valendo.

A Abeiva, que reúne marcas de importados sem fábrica no Brasil, informou que não entrará na Justiça contra o aumento imediato do imposto. A BMW havia anunciado na semana passada que entraria sozinha com recurso contra a medida, mas voltou atrás.

A entidade continua negociando com o governo para que o aumento só passe a ser cobrado 90 dias após a publicação no Diário Oficial da União (DOU).