Os modelos deste comparativo são mais parecidos do que é possível supor à primeira vista. O Renault Stepway, com tabela a partir de R$ 58.340, surgiu como versão aventureira do paranaense Sandero e ganhou vida própria. Já o T40, a R$ 56.990, tem em comum com outros chineses da JAC o desenho claramente inspirado no dos utilitários da Hyundai. Além das dimensões similares, os dois miram quem busca espaço para levar a família.
Cada um tem seus trunfos e limitações. O Stepway é superior ao T40 em motor, desempenho e eficiência da suspensão. Também leva pequena vantagem em espaço interno, instrumentos e consumo. Mas, como o JAC se saiu melhor em preço, equipamentos, estilo e acabamento, quesitos com peso maior no comparativo, isso acabou garantindo a vitória sobre o Renault.
Colocando os dois lado a lado, o visual econômico em firulas do Stepway contrasta com a fartura de adornos e cromados do T40. A mesma impressão fica clara no comparativo ente as cabines. Frugal, o interior do Renault abusa de plásticos duros, enquanto o painel do JAC, com apliques de couro, se aproxima do de modelos de luxo. Detalhes como luz de leitura mais generosa e outras duas nos para-sóis também mostram maior capricho.
Em termos de conforto, o JAC está muito à frente do Renault. Com apoios laterais reforçados, os bancos do T40 “abraçam” melhor o motorista, que conta com apoio escamoteável para o braço direito. Os do Stepway são pouco anatômicos, têm apoios de cabeça recuados demais e cansam as costas em viagens longas.
Os instrumentos do Stepway são mais completos e de fácil visualização. Pequena, a tela digital do T40 é difícil de ler à luz do dia e indica apenas o consumo médio, enquanto a do rival traz dados como autonomia, consumo de combustível em litros e velocidade média no percurso.
A central multimídia do JAC não traz navegador GPS, opcional no Renault, mas compensa com câmeras atrás e na frente.
Na parte traseira há um empate técnico: no JAC o espaço para as pernas dos passageiros é maior, graças ao assento curto, enquanto no Stepway a área para a cabeça é mais ampla.
Desempenho. Em movimento, a vantagem passa a ser do Renault. Neste ano, o Stepway recebeu um novo motor 1.6, de origem Nissan, que gera 12 cv a mais que o anterior – agora, sua potência é de até 118 cv com etanol.
Se no Stepway antigo o quatro-cilindros não sobrava, no atual as respostas são convincentes. O torque máximo só surge às 4 mil rpm, mas mesmo em giros baixos as retomadas de velocidade convencem. Na prática, o motorista não precisa reduzir marchas o tempo todo para ganhar força, o que deixa a condução agradável e alivia o consumo.
Com seu 1.5 flexível de quatro cilindros e 127 cv, o T40 só vai bem em trajetos urbanos e vias planas. Em ultrapassagens, aclives e serras, falta fôlego. Pelo menos o isolamento acústico é bem melhor que o de outros modelos da JAC e, mesmo em altas rotações, o ruído do motor não chega a incomodar os ocupantes.
Em rodovias, a direção do JAC fica devendo respostas mais diretas – o excesso de “leveza” passa insegurança ao motorista em altas velocidades. Além disso, o tanque pequeno, de 42 litros, limita a autonomia em viagens.
Itens de série. Para disputar clientes dispostos a pagar R$ 59 mil por um carro, JAC e Renault percorreram caminhos diferentes. A chinesa aposta na fórmula do “carro com tudo dentro”. Itens como controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampas, sensor de obstáculos na traseira e controle de velocidade de cruzeiro são oferecidos desde a opção básica (Pack 2, a R$ 56.990). Os únicos opcionais são a central multimídia e as câmeras na dianteira e na traseira, que elevam o preço para R$ 58.990.
Já a Renault seguiu na direção contrária: cortou itens de série para aliviar a tabela da versão de entrada. Além do Stepway de sempre, que recebeu sobrenome Dynamique e parte de R$ 62.190, a marca francesa criou uma opção mais barata, a Expression. Para cortar R$ 4 mil, a central multimídia deu lugar a um sistema de som simples, o ar-condicionado perdeu os comandos digitais e foram limados bancos de couro, rodas de liga leve e controlador de velocidade de cruzeiro.
Controle de estabilidade e assistente de partida em rampa ficaram restritos ao catálogo Dynamique com câmbio automatizado Easy-R por salgados R$ 65.640. Ele é mais caro até que o Sandero RS, que parte de R$ 63.600. Com itens a menos, o Stepway de entrada ficou próximo demais de um Sandero comum. O investimento de quase R$ 8 mil acima da tabela da versão Expression 1.6 “convencional” só se justifica para quem não abre mão do visual. E estamos falando apenas de rack de teto, lanternas escurecidas, molduras nas caixas de roda e faróis auxiliares redondos.