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JAC T8: avaliamos a picape elétrica chinesa
Avaliação

JAC T8: avaliamos a picape elétrica chinesa

Picape elétrica JAC T8 está à venda por R$ 289.900, tem motor de 150 cavalos, autonomia de 300 km e destina-se a empresas de prestação de serviço

Tião Oliveira

27 de ago, 2020 · 10 minutos de leitura.

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jac t8 elétrica
Com 5,6 m de comprimento e cabine dupla, picape JAC T8 tem visual da dianteira alinhado com tendência mundial
Crédito:Daniel Teixeira/Estadão

Nem Tesla Cybertruck, nem Rivian R1: a primeira picape elétrica do mundo é a JAC T8. O modelo feito na China ganhou o sobrenome de iEV 330P no Brasil e tem preço de R$ 289.900 – as entregas começam entre outubro e novembro.

Para comparação, uma Hilux GR-S II é tabelada a R$ 233.590. A versão de topo da Toyota com motor turbodiesel tem câmbio automático e tração 4×4.

O foco da JAC T8 são empresas, como as de redes de energia, TV a cabo, telecomunicações, construção civil e aeroportuárias, por exemplo. Há inclusive uma T8 sendo testada pela companhia que administra o Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos.

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Colabora com isso as dimensões generosas. A JAC T8 elétrica tem 3,38 metros de entre-eixos e 5,61 m de comprimento. A enorme caçamba equivale à de picapes médias com cabine simples – a da T8 é dupla.

Para comparação, o modelo tem, respectivamente, 16 cm e 25 cm a mais que a Ford Ranger, por exemplo. A largura da JAC é de 1,83 m e a altura, de 1,84 m.

A capacidade de carga da caçamba é de 1.500 litros e 800 kg. As baterias de íons de lítio, que têm garantia de cinco anos, ficam sob o assoalho.


Isso contribui para manter o centro de gravidade baixo e a boa estabilidade do modelo. A suspensão é independente na frente e com eixo rígido atrás.

O recarregamento leva cerca de 14,5 horas para ser feito em tomadas comuns de 220 Volts e em 2 horas com carregador rápido. Com carga plena, a autonomia pode chegar a 300 km.


O número 330 no nome da picape refere-se ao torque, de cerca de 33 mkgf, disponíveis instantaneamente. A potência é equivalente a cerca de 150 cv.

JAC T8 tem visual atualizado

A picape à venda no Brasil traz as atualizações implementadas na linha T8 (inclusive a diesel) em março. As principais alterações estão concentradas na dianteira.

Os faróis foram redesenhados e há luzes de uso diurno e faróis de neblina no para-choque. O estilo segue uma tendência mundial para o segmento de picapes, que inclui o nome da marca em letras grandes na também enorme grade frontal.


A cabine também foi renovada. Há novo sistema multimídia com tela maior. O painel de instrumentos é digital. E, embora seja voltada ao trabalho, a picape traz acabamento caprichado.

Os bancos são revestidos de um tipo de tecido emborrachado e macio. Há imitação de couro no painel, volante e em partes das portas, além de plásticos de diferentes texturas.


A posição de dirigir agrada, assim como a ergonomia. Todos os comandos estão à mão do motorista.

Guiar a T8 elétrica é fácil. Exceto pelo tamanhão e o zunido do motor, que lembra uma enceradeira (quem tem 50 anos ou mais sabe do que estou falando), a sensação é parecida com a de uma picape a combustão.

Mesmo quando se pisa firme no acelerador, a resposta surge de forma gradual e constante. Isso destoa do ímpeto normalmente visto em veículos elétricos, que em geral saltam na frente em saídas de semáforo.


Outro aspecto que chamou a atenção é que, em subidas e descidas, a T8 fica “solta”. Em modelos elétricos, é comum o sistema de regeneração de energia, cujo funcionamento remete a um dínamo, estancar o carro.

Os freios, a disco na frente e a tambor atrás, dão conta de segurar os 2.200 kg de peso (fora ocupantes) da T8. A JAC informa velocidade máxima de 90 km/h. Na estrada, em trecho com leve declive, chegamos a 100 km/h.


Cybertruck tem falha no vidro; T8, na lanterna

Enquanto as marcas norte-americanas Tesla e Rivian ficam postergando o lançamento de suas alardeadas picapes elétricas, foram atropeladas pela JAC Motors. A explicação é simples: a Cybertruck e a R1, respectivamente, são projetos inéditos, enquanto a T8 iEV 330 P é uma versão de um modelo que já está à venda na China faz tempo.

Em dezembro de 2018, a startup Rivian mostrou sua picape no Salão de Los Angeles, nos EUA (abaixo). A marca informou que o modelo teria quatro motores com até 407 cv de potência. A autonomia seria de 400 km.


Mas o fato é que a estreia do modelo foi sendo adiada. A informação mais recente é de que o modelo será lançado em 2021.

A Tesla Cybertruck foi revelada um ano depois, em evento paralelo ao Salão de Los Angeles. A picape causou frisson por causa do visual inusitado, com linhas retas, que lembra um carro de filme de ficção científica.

A marca informou que o modelo poderia acelerar de 0 aos 96 km/h (0-60 milhas/hora) em 2,9 segundos. Na configuração de topo, com três motores, a autonomia seria de 800 km e a velocidade máxima, de 209 km/h.


A Tesla anunciou ter recebido mais de 500 mil pedidos até agora. E informou que a picape será produzida no ano que vem.

Lançamento da Cybertruck teve fiasco

O fato é que a Cybertruck virou notícia no mundo todo por outro motivo. O CEO da Tesla, Elon Musk, disse que um dos grandes atributos da picape eram os vidros inquebráveis.

Durante a apresentação da picape, ele pediu a um convidado que lançasse um objeto contra a janela dianteira. O vidro se estilhaçou, mas não quebrou por completo por causa de uma película que segurou os pedaços (abaixo).


Uma nova tentativa feita contra a janela traseira teve o mesmo resultado. Musk fez piada e, depois de soltar um palavrão, disse: “vamos resolver isso aí”.

O incidente provavelmente não seria tratado com tanto bom humor se tivesse ocorrido com um carro feito na China. Muita gente, inclusive no Brasil, acredita que produtos chineses não têm qualidade.


Isso é um grande erro. O país asiático produz ótimos carros, inclusive de marcas consagradas da Europa e dos EUA. A própria Tesla tem uma fábrica por lá e faz modelos de alta qualidade.

Isso não impediu, contudo, que a JAC T8 avaliada pelo Jornal do Carro tivesse seu momento ruim. A lanterna traseira do lado direito simplesmente se soltou. Não havia sinais de impacto nem dano aparente.

Bastou um empurrão para a peça voltar à posição. Mas isso gerou desconfiança sobre o controle de qualidade da JAC.


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