Michel Escanhola
As restrições aos financiamentos sem entrada e a alta das taxas de juros em vigor desde segunda-feira já surtiram efeito nas concessionárias da capital. O Jornal do Carro visitou autorizadas da cidade e, segundo vendedores, alguns clientes se assustaram com o novo cenário. Ainda assim, muitos não desistiram de comprar. Como ficou mais caro parcelar o carro novo (leia mais na próxima página), o consumidor está buscando alternativas. Os que podem pagam à vista.
É o caso do aposentado Álvaro Moya (foto acima), de 80 anos, que desistiu de parcelar o valor de um Fiat Uno Way 1.0. “Normalmente eu uso o financiamento, mas ao saber das mudanças decidi não correr riscos e completei a diferença do Palio 2003 que eu dei de entrada.”
Assim como Moya, o comerciante Jefferson de Oliveira, de 42 anos, não quer saber de financiamentos. “Já fiz planos de 36 meses e me arrependi. Você cansa do carro e ainda falta um monte de parcelas para pagar”, diz. “O fato de os juros estarem mais altos é apenas mais um motivo para eu pagar tudo de uma vez.” Oliveira levou os filhos Victor e Matheus a uma concessionária Fiat na zona oeste para opinarem sobre um Stilo Sporting que ele quer comprar.
Jean Hovanes, gerente de vendas da Chevrolet Anhembi, na zona norte, acredita que as novas taxas irão retrair um pouco as vendas, mas apenas neste momento inicial. “Há formas de se contornar o valor extra na parcela, como aumentar a cotação do modelo usado utilizado como forma de pagamento”, afirma. De acordo com Hovanes, o consumidor vai acabar se acostumando com a nova realidade do mercado. “Afinal, a diferença na prestação é pequena e não deve inibir o cliente”, diz ele.
O comerciante Edgar Villar (foto abaixo), de 32 anos, comprova a tese de Hovanes. Ele comprou um Captiva 2.4 no valor de R$ 83 mil. Deu R$ 23 mil de sinal e assumiu 24 parcelas de R$ 3.345 (taxa de 2,47% ao mês). No total, pagará R$ 103.280, ou 24,4% a mais. “Vi esse carro em agosto e decidi esperar para poder dar uma entrada maior. Tomei um susto com o aumento das taxas. Mas eu e minha esposa estávamos decididos a comprar. E compramos.”