A Lamborghini tem planos ambiciosos e plugados: dois supercarros com motorzão V12 a gasolina — possivelmente derivações do Aventador. Ambos surgirão ainda neste ano e serão feitos a partir de 2022, numa celebração, mas também numa despedida dos tradicionais motores a gasolina. Depois disso, a marca do touro vai trilhar o caminho dos híbridos, entre 2023 e 2025. Até culminar na apresentação de seu primeiro superesportivo totalmente elétrico.
“A Lamborghini não tem de ser a primeira marca a eletrificar sua linha de modelos, mas precisa ser a melhor (nessa tarefa)”, afirmou Stephan Winkelmann, presidente e CEO da empresa italiana de supercarros.
A frase exala ambição e prepotência, ao mesmo tempo em que joga um certo atraso para o acostamento. Ela foi dita por Winkelmann na teleconferência de anúncio do plano “Direzione Cor Tauri” (Rumo ao Coração de Touro, em tradução livre).
Dividido em quatro etapas, o plano remete à estrela central e mais brilhante da Constelação de Touro. Mas também referencia justamente o coração de supercarros, os motores. Tal meta está presente desde a criação do primeiro logotipo da Lamborghini, em 1963, com a imagem do touro embutida num coração vermelho estilizado.
Eletrificação da marca custará R$ 10 bi
Este plano inclui aporte de 1,5 bilhão de euros (aproximadamente R$ 10 bilhões em valores atuais) nos próximos quatro anos, o maior já feito em período único pela Lamborghini. E escancara a velocidade com a qual a marca de superesportivos do grupo Volkswagen precisa e pretende se modernizar. Mas sem abandonar as raízes de performance extrema.
Segundo o CEO, a Lamborghini terá o “desafio de encontrar o equilíbrio para entregar modelos cada vez mais potentes”. Mas também terá de reduzir emissões de CO2 pela metade a partir de 2025. Isso com auxílio de motorização híbrida, antes de dar ao mundo seu primeiro elétrico.
Em 2023, a marca vai trocar todos os motores a gasolina por conjuntos híbridos na linha de produção — o Sian, em configuração fechada e sem teto, já trilhou a rota da combinação de motores a combustão e elétrico, mas de modo artesanal. Assim, no auge, quando 2025 começar, todos os três modelos fabricados pela Lamborghini (o super SUV Urus, o cupê Huracán e o supercarro Aventador) serão híbridos.
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O terceiro e último objetivo da montadora será ter um quarto modelo na linha de produção sendo entregue na segunda metade da década. E será um supercarro totalmente elétrico, também com a missão de ser o mais forte da fabricante. Algo que, segundo Winkelmann, é facilitado pela eletrificação, que garante mais oferta de torque e de aceleração, mas não muito, uma vez que baterias e outros componentes costumam adicionar peso à receita. Dessa forma, a Lamborghini terá de depender ainda mais de materiais leves, como a fibra de carbono.
É um desafio legítimo para uma fabricante com quase 60 anos de tradição em entregar supercarro equipados com motores V12 cada vez mais fortes. Mas também super distante das atuais leis que começam a impedir que novos modelos cheguem ao mercado com motores a combustão, tanto na Europa, quando na Ásia e até nos Estados Unidos, com os esforços do novo governo do presidente norte-americano, Joe Biden.
Leis limitarão motores a combustão
Pela ordem, Estados Unidos, Alemanha — país que estabeleceu justamente 2030 como limite para zerar a venda de carros a combustão — e China — que também amplia restrições — são os principais mercados da marca. Nesses países, a Lamborghini entregou 7.430 unidades em 2020, com um 2º semestre de vendas recorde, mesmo com a pandemia. No total, o ano teve queda de 9%, até leve considerando o estrago feito pela Covid-19.
E a meta também inclui vender mais carros, ou seja, não dá para perder espaço por conta das novas leis. Ou seja, ter só híbridos e elétricos será fundamental para a Lamborghini sobreviver em um futuro próximo.