VIVIANE BIONDO
Todos os dias, Eduardo Frisoni aguardava ansioso pelo fim das aulas no colégio onde estudava, nas imediações da Avenida Paulista. No caminho de volta para casa, ele parava para admirar um Jaguar XK 150 conversível, com pintura vermelha “meio alaranjada”, enquanto ouvia reclamações de quem o esperava. “Desde então, o considero um ícone. Além de marcar a transição entre os antigos XK e a geração E-Type, representa muitas lembranças para mim.”
Passados 50 anos, nem a admiração pelo modelo inglês fez com que Frisoni decidisse de pronto pela compra do exemplar das fotos ao lado. Feito em 1959, o conversível com motor 3.4 de 190 cv estava exposto em uma loja especializada em veículos antigos. “Não se fecha um negócio desses sem pensar. Passava pela vitrine e parecia que o carro piscava para mim.”
Mas a razão deu lugar a uma mistura de sensações que Frisoni demonstra ao falar da experiências a bordo de seu sonho de adolescência. “As linhas são quase uma obra de arte”, afirma. “Hoje, os carros são projetados para oferecer a melhor aerodinâmica, ficam iguais na aparência e até nas soluções mecânicas.”
O cheiro de graxa, que o faz lembrar da infância, também perde importância diante do som do motor, segundo o consultor. “Com seis cilindros em linha, tem muito torque e deixa o carro ágil e confortável.” Nem a direção sem assistência é problema para Frisoni. “Fica mais pesado, mas em marcha é bem razoável nas manobras.” O inglês tem 4,49 metros de comprimento e 1,58 m de largura. Como comparação, as dimensões do Ford Focus Sedan são 4,48 m e 1,84 m, respectivamente.
O câmbio tem quatro marchas e os freios são a disco nas quatro rodas. “É um carro convencional”, diz Frisoni. A sofisticação está no acabamento. A carroceria pintada de Old British White, ou branco britânico envelhecido, em português, se destaca quando a capota está aberta. No interior há vários detalhes de madeira e bancos de couro.
“O carro foi fabricado de 1957 a 1961para oferecer esportividade e também conforto e fazer frente aos americanos Chevrolet Corvette e Ford Thunderbird”, diz o aficionado, que cumpre vários rituais desde que adquiriu o Jaguar, há dois anos. “Não pego estrada e ligo o motor duas vezes por semana.” No tanque, só gasolina de alta octanagem. “Não tenho coragem de medir o consumo.” Ciúmes? “Deixo alguns amigos guiarem. Curtição não pode ser uma coisa egoísta.”