O escritor francês Marcel Proust disse certa vez que a ambição embriaga mais do que a glória. O raciocínio resume bem o fracasso da tentativa da Fiat de posicionar o Linea como rival de Honda Civic e Toyota Corolla. Mas, comparado a modelos similares, como neste duelo com o Cobalt, o mineiro prova que é uma boa opção. Por R$ 59.308, na versão Essence 1.8 com câmbio automatizado de cinco marchas, o sedã recém-reestilizado deixou o Chevrolet para trás, mesmo sendo mais caro para comprar e manter que a opção LTZ do rival, que, a R$ 57.096, tem motor 1.8 e transmissão automática de seis velocidades.
A superioridade do Fiat surge logo ao abrir as portas. O acabamento é mais bem cuidado, enquanto a Chevrolet aposta nos plásticos de maneira competente, mas sem encantar. Por outro lado, o espaço interno do Cobalt é melhor, apesar de ele ser 10 cm mais curto que o Linea (mais informações na próxima página). A explicação: o entre-eixos e a altura do Chevrolet são maiores que no Fiat.
O desempenho do Linea é melhor, mas há um aspecto muito importante a ser considerado. No sedã Fiat, sobra motor e falta câmbio, enquanto no da Chevrolet ocorre o contrário. O 1.8 flexível do Linea gera até 132 cv e agrada pelo vigor mostrado assim que o motorista pisa no acelerador. Essa alegria, contudo, dura apenas até a primeira passagem de marcha, por causa do tranco gerado pelo câmbio automatizado.
A Fiat informa que as atualizações feitas na caixa Dualogic ao longo do tempo melhoraram muito seu comportamento. Isso é verdade, mas os girinos também evoluem para, no máximo, virarem sapos. Já a transmissão automática do Chevrolet é muito eficiente e consegue extrair o máximo que o 1.8 bicombustível de até 108 cv pode dar. As trocas ocorrem de maneira rápida e suave e, fora o barulho do aumento de giro, há boas retomadas.
++ Siga o Jornal do Carro no Facebook
++ Golf GTI enfrenta Toyota GT86
VIDA A BORDO É MAIS GOSTOSA NO FIAT LINEA
A linha 2015 do Fiat acaba de chegar com atualizações principalmente na dianteira e no interior. Além da nova grade, o para-choque foi redesenhado, deixando a “cara” do Linea mais vistosa que a do Cobalt. Atrás, a placa, que ficava no para-choque, subiu para a tampa do porta-malas. Por dentro, são novos os grafismos do painel e os revestimentos de bancos e portas.
Para o motorista, a vida a bordo do Linea é mais agradável que no Cobalt. No sedã Fiat, a posição dirigir e a ergonomia são melhores que no rival. O Cobalt traz uma falha que irrita bastante no dia a dia: a parte lateral do encosto do banco fica muito distante da porta. O resultado é que ao contornar curvas para a esquerda, o único ponto de apoio para o tronco passa a ser o volante, pois quem está guiando acaba ficando solto no vão existente entre a porta e o assento.
O problema é tão crônico que, no carro avaliado, que havia rodado apenas 5 mil km, a parte do banco onde fica o ponto de apoio para a perna esquerda já estava deformada. A direção do Linea é mais direta que a do Cobalt, que compensa por ser leve em manobras a baixas velocidades.
Os dois sedãs têm suspensões bem calibradas para o uso cotidiano. Ambas filtram com eficiência os impactos com buracos e ajudam a manter Linea, que tem o conjunto um pouco mais duro, e Cobalt estáveis mesmo em curvas fechadas. A similaridade se repete no caso dos freios, eficientes nos dois carros. O motorista levará um pouco mais de tempo para se adaptar ao sistema do Linea.
FICHAS TÉCNICAS
Linea – Preço sugerido; R$ 59308, Motor; 1.8, 4 cil., 16V, flexível; Potência; 130 (G), 132 (E) a 5.250 rpm, Torque; 18,4 (G), 18,9 (E) a 4.500 rpm
Cobalt – Preço sugerido; R$ 57.096, Motor; 1.8, 4 cil. 8V, flexível; Potência; 106 (G), 108 (E) a 5.400 rpm, Torque; 16,4 (G), 17,1 (E) a 3.200 rpm