BELISA FRANGIONE
Terezinha Iugas, de 50 anos, é motorista da transportadora Braspress, na zona norte, desde 2004. Ela descobriu a profissão por acaso e venceu vários desafios até conquistar a posição considerada como sonho para muitos caminhoneiros: guiar carretas. Atualmente essa veterana da boleia dirige veículos com pelo menos 19 metros de comprimento. Como comparação, isso equivale a mais de cinco Chevrolet Celta enfileirados.
Tudo começou quando Terezinha estava contratando um plano de saúde e a vendedora comentou que também era motorista de ônibus. Papo vai, papo vem, a corretora sugeriu que se mudasse a categoria da CNH, ela levaria um currículo de Terezinha à empresa de transporte onde trabalhava.
Mesmo com a carteira “D” e o certificado de um curso de direção na mão, Terezinha não foi aceita porque não tinha experiência como motorista profissional. Na mesma época ela conheceu uma funcionária da Braspress e conseguiu uma vaga para guiar caminhões.
Depois de seis anos na empresa, Terezinha, que tem 1,65 metro de altura, conseguiu passar sua habilitação para a categoria E, que a credencia a guiar carretas.
“No começo senti um pouco de receio. Lidar com o desconhecido dá um pouco de insegurança mesmo”, diz. Ela faz entregas na Grande São Paulo. Seu trabalho começa ao meio-dia e termina às 20h.
A motorista conta que já foi alvo de machismo, mas que atualmente é reverenciada tanto pelos colegas quanto por outros homens que a veem no comando da carreta.
“Costumo ser aplaudida. Eles me perguntam se não tenho um carro menorzinho para guiar”, brinca. Vaidosa, Terezinha costuma carregar batom no bolso e ajeitar o penteado enquanto está parada no semáforo. “O vento na cabine é forte e despenteia o cabelo.”