Marcas apostam em rigidez da identidade visual

Por 07 de abr, 2013 · 5m de leitura.

Diego Ortiz

Genótipo e DNA, palavras tiradas da biologia e genética, passaram a ser usadas pelos departamentos de estilo das montadoras para mostrar uma única característica: semelhança. Não dá para negar que é cada vez mais comum ver carros muito semelhantes nas ruas. Algumas marcas parecem ter simplesmente esticado carros já existentes para relançá-los com outro nome.

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Porém, o que parece ser ruim aos olhos do consumidor, que reclama nas redes sociais, conquista opiniões positivas dos projetistas. De acordo com o diretor de design da Volkswagen do Brasil, Luiz Alberto Veiga, com a enxurrada de marcas e modelos no mercado, é preciso se diferenciar em relação à concorrência, mas ao mesmo tempo criar uma linha que permita identificar a marca. “Na selva há vários felinos. Eles são diferentes entre si, mas têm muitas coisas em comum. É assim que deve ser. Não dá para ter tigre com cabeça de jacaré”, compara. O executivo tem uma frase de efeito que exemplifica bem a linha adotada pela fabricante: “Evolução não é revolução.”

Além de não ser nova, essa diretriz é levada com muita rigidez por algumas marcas. É o caso da alemã Porsche, que fabrica esportivos muito parecidos entre si desde 1931. As melhorias mais significativas ficam sob a carroceria. Já os faróis redondinhos e o capô côncavo continuam lá.

Algumas marcas têm inovado na criação de identidades visuais menos marcantes e estão tendo êxito, como a Kia e a Land Rover. A sul-coreana aposta em linhas e ângulos em profusão, mas nada que deixe seus carros muito parecidos entre si, ao contrário de sua coirmã Hyundai, cujos veículos têm dianteira semelhante. A britânica Land Rover causou furor com o utilitário-esportivo Evoque, mas não radicalizou no visual dos demais modelos, que continuaram com linhas conservadoras.


Coordenador da pós-graduação em Transportation Design do Istituto Europeo di Design-São Paulo e gerente da PSA Peugeot Citroën, Daniel Nozaki diz que o maior desafio é criar uma diferenciação entre os carros, mas com equilíbrio. Para ele, a marca tem de ter identidade, mas não pode dar a mesma cara a todos os modelos. “Os produtos precisam ser notadamente irmãos, mas não gêmeos.”

Os dois profissionais discordam de que os modelos de topo das linhas devem manter a mesma dianteira dos de entrada. “Isso desvaloriza o produto mais caro”, afirma Nozaki. Veiga diz que o dono de um Passat, por exemplo, não costuma se aborrecer porque o Gol tem dianteira parecida. “Nunca reclamaram, o efeito é bem diferente do que se comenta.”