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Senna volta a dominar Interlagos em 2019
Avaliação

Senna volta a dominar Interlagos em 2019

Testamos, na emblemática pista paulistana, a supermáquina McLaren Senna

Rafaela Borges

02 de mai, 2019 · 12 minutos de leitura.

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McLaren Senna
McLaren Senna
Crédito:Fotos: Marca Senna/Divulgação
McLaren Senna

1º de maio de 2019: Senna larga com uma força colossal na reta de Interlagos, sem derrapar nem dar traseirada. Ele acelera ao limite, e logo em seguida começa a usar seus fortes freios de carbono-cerâmica, a 50 metros da curva do S.

Sai da curva como se estivesse em uma reta, e acelera mais forte rumo à reta oposta.

Há público em Interlagos vendo essas manobras. O público aplaude, entusiasmado. Nenhum dos presentes jamais tinha visto Senna em ação.

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Senna completa a volta freando forte. O público delira, testemunhando o dia em que Senna voltou a dominar Interlagos.

O exemplar de número zero do McLaren Senna foi uma das atrações do Senna Day, na última quarta-feira, 1º de maio, e fez a alegria do público dando voltas rápidas na pista. O evento, 25 anos após a morte de Ayrton, foi organizado para celebrar o legado do tricampeão.

Teve  corrida, show, exposição, comilança e o McLaren Senna. Guiado por um grupo seleto de pessoas, como o piloto de Stock Car Cacá Bueno e Sérgio Sette Câmara, reserva da McLaren na Fórmula 1.


E pela repórter do Jornal do Carro, aplaudida pelo público na largada e na chegada. Não por seus dotes ao volante, mas pelo barulho que o carro faz. E pela beleza do superesportivo, com imensos apêndices aerodinâmicos e adesivos que o deixaram com as cores do McLaren que deu o tricampeonato a Ayrton.

O McLaren Senna tem produção limitada a 500 unidades, todas já vendidas. Para o Brasil, quatro foram comercializados pela representante oficial da montadora britânica, por R$ 8 milhões (leia detalhes abaixo).

Detalhes sobre o McLaren Senna

O McLaren Senna tem um V8 biturbo de 4 litros. A potência é de 800 cv e o torque, de 81,6 mkgf, é entregue de 5.500 a 6.700 rpm.


Central traseiro, esse propulsor fica aparente. É possível vê-lo por meio de um vidro instalado na parte de trás do cupê. O câmbio é automatizado de duas embreagens e sete velocidades.

O superesportivo batizado em homenagem a Ayrton Senna traz suspensão adaptativa, bloqueio do diferencial, controles eletrônicos do chassi, da estabilidade e da tração – que é traseira.

 


Vídeo: Histórias nunca contadas sobre Ayrton Senna

 


 

Nada disso, no entanto, precisou ser usado durante nossa volta rápida no circuito de Interlagos. Em um piscar de olhos, em pouquíssimos metros, o carro ultrapassava os 200 km/h. O 0 a 200 km/h, aliás, é feito em 6,8 segundos. É só um pouquinho a mais que o tempo que o apimentado BMW 330i leva para ir de 0 a 100 km/h (6,2 segundos).

Já o 0 a 100 km/h do McLaren Senna é tão rápido que mal dá para ver a marcação dessa velocidade no velocímetro digital, de números grandes. São apenas 2,8 segundos.


A velocidade máxima é de 335 km/h. Na reta oposta do circuito de Interlagos, conseguimos chegar a 260 km/h.

Nas curvas de Interlagos

A saída de curvas impressiona. Sem derrapar nem precisar usar seus controles eletrônicos, o superesportivo britânico aponta e segue sua trajetória, como se estivesse em uma reta. Grudado no chão e com precisão impressionante do sistema de direção, o carro é fácil de guiar.

Pilotamos o Senna no modo de condução Sport, que deixa os auxílios eletrônicos pouco intrusivos, mas ainda assim ativados – embora não tenhamos percebido atuação durante a avaliação (nem no miolo de curvas mais travadas).


Antes da reportagem do Jornal do Carro, Rubens Barrichello deu uma volta no carro, e usou o modo Race, o mais bravo. Com ele, o Senna fica ainda mais rápido e permissivo, pois os controles que auxiliam a estabilidade deixam de atuar, segundo informações da McLaren.

Os freios de carbono-cerâmica (pintados de azul no modelo avaliado) exigem que se pise com muita força no pedal da esquerda. Feito isso, eles não assustam o motorista estancando o carro com muita força. Dão a impressão de agir gradualmente, mas na verdade param o Senna em uma velocidade impressionante (situação em que a carroceria também mantém seu equilíbrio).


A montadora informa que, partindo de 200 km/h, o carro precisa de apenas 100 metros para parar totalmente.

A posição de guiar é grudada no chão, permitindo sentir melhor as reações do carro. Os dois bancos são do tipo concha, revestidos de Alcântara.

Para ambos, há cinto de seguranças de cinco pontos, para uso em pista, e um tradicional. Essa solução é para o dia a dia. Afinal, mesmo que não pareça, estamos falando de um carro de rua.


Aerodinâmica e leveza

A rapidez e o excelente desempenho em curvas não são apenas resultado do conjunto mecânico. Levíssimo, o McLaren Senna pesa apenas 1.200 quilos, o mesmo que um Golf.

Para isso, usa e abusa da fibra de carbono. O material está em praticamente toda a carroceria, inclusive nas portas do tipo tesoura. Muito leves, elas também têm amortecimento na hora de fechar. Não é preciso batê-las com força.

Outras avaliações


Há diversos apêndices para reforçar a aerodinâmica (todos feitos de fibra de carbono). Até os retrovisores ressaltados.

A asa dianteira e o imenso aerofólio traseiro são dinâmicos. Eles se movem de acordo com a velocidade do carro. O McLaren Senna tem 800 quilos de downforce.

Atrás, há saída de escape tripla voltada para cima. O som que elas projetam é grave desde o acionamento do botão de ignição (no teto), e inviabiliza qualquer conversa a bordo em acelerações fortes.


Destaques

Visualmente, além da cor especial do “Senna Day” e dos imensos apêndices aerodinâmicos, o carro se destaca pelos vidros na parte de baixo da porta. Por dentro, o carro usa basicamente dois materiais: fibra de carbono e Alcântara.

São esses materiais que estão nos bancos. Cada um pesa apenas 3 kg. Há até um leve uso de couro, como em partes internas das portas. Até o teto, no entanto, é todo revestido de Alcântara.


Foto: McLaren/Divulgação

 

Tudo no carro é voltado ao motorista. O painel se inclina em sua direção, mostrando velocidade, informações sobre a eletrônica e alguns outros dados. Há uma tela central voltada também a quem está dirigindo. Abaixo dela, são posicionadas os três botões do câmbio (Drive, Neutro e Ré).

As hastes para trocas de marcha atrás do volante são imensas, e feitas de fibra de carbono. E por falar em volante, ele é achado na base e no miolo.


Muito simples por dentro, com nada mais do que o estritamente necessário para acelerar e guiar na pista, o McLaren Senna traz um item de conforto muito bem-vindo: ar-condicionado. Além disso, tem uma central multimídia com sistema de som da marca premium Bowers&Wilkins.

Curiosidades

O modelo do “Senna Day” é um protótipo. Ele foi adesivado especialmente para o evento, mas trata-se do mesmo exemplar que estava no Salão de São Paulo, em novembro. Sua cor original, portanto, é laranja.

O protótipo pertence à McLaren, e está sob a responsabilidade da representante brasileira da marca. Ainda não se sabe seu destino, após os meses passados no Brasil – entre o Salão de SP e o Senna Day.


Embora quatro exemplares do Senna tenham sido vendidos pela filial brasileira, o País terá mais duas unidades, pelo menos. Uma delas será entregue à família do tricampeão.

A outra, segundo informações da marca Senna, que promoveu a avaliação do carro em Interlagos, foi vendida por um importador independente.

Ficha técnica

Motor – 4.0, V8, 32V, biturbo, gasolina
Potência – 800 cv a 7.250 rpm
Torque – 81,6 mkgf de 5.500 a 6.700 rpm
0 a 100 km/h – 2,8 segundos
Velocidade máxima – 335 km/h
Câmbio – Automatizado, sete marchas, duas embreagens
Tração – Traseira
Suspensão – independente na frente e atrás, adaptativa
Freios – Discos ventilados na frente e atrás, carbono-cerâmica
Comprimento – 4,74 metros
Largura – 2,15 metros
Altura – 1,19 metro
Peso – 1.198 quilos
Rodas: 19 polegadas


FONTE: McLaren

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