Mercedes C250 de competição é pura diversão

Por 09 de jan, 2013 · 7m de leitura.

Diego Ortiz

Treino é treino, jogo é jogo, diriam os filósofos do futebol. Mas essa frase pode ser aplicada às pistas quando comparamos um modelo de rua, como o Mercedes-Benz C250, e sua versão de competição, pilotada por Michelle de Jesus – que ficou em nono lugar na classificação geral de 2012 do Mercedes Grand Challenge após oito etapas. Por mais que sejam, na base, o mesmo carro, o modelo para as pistas tem modificações que fazem uma diferença absurda.

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A maior está nos pneus. Enormes, os 265/645 R18 da Pirelli grudam tanto o C250 no piso que só um abuso muito grande pode fazer o motorista perder o controle. Impossível comparar, na mesma tocada, com os 225/45 R17 do carro de rua.

Não que os pneus do modelo mais “manso” sejam ruins. Mas não há nada melhor para quem quer acelerar forte que um bom slick.

Outra grande diferença está no nível de conforto – com ampla vantagem para a versão de rua. Para aliviar o peso e priorizar o desempenho, o interior do C250 foi depenado.


A única coisa que restou do carro original é o painel, mas mesmo assim, de forma parcial. Volante e banco do piloto são especiais, para pista, e mais leves que os de série.

O calor a bordo é grande, já que não há ar-condicionado, item que diminui a potência e aumenta o peso. Junte-se a isso macacão, bota, luva, balaclava e capacete, e a sensação é a de estar num forno, sendo cozido aos poucos.
Para amenizar, há entradas de ar no acrílico que protege as janelas e alguns tubos que canalizam o vento que vem de fora e o jogam no rosto do piloto.


O motor é o mesmo quatro-cilindros de 1.796 cm3, com injeção direta de gasolina e turbo, que gera 204 cv e 31,6 mkgf na versão de rua. A diferença está no escapamento esportivo, que confere ganho de 16 cv na potência, totalizando 220 cv.

O câmbio é automático de cinco marchas, emprestado do C63 AMG. A suspensão do modelo para as pistas tem molas de competição, amortecedores da marca Bilstein e geometria mais “agressiva”.

IMPRESSÕES AO DIRIGIR


As nuvens cercavam o Autódromo de Interlagos e se caísse um único pingo na pista a avaliação do C250 de competição estaria suspensa por questões de segurança. Após fazer figa, vestimos o macacão e o capacete. Uma última olhada no céu e o sorriso vai se abrindo no mesmo ritmo do tempo.

A primeira pisada no acelerador mostra que o carro é um pouco diferente do de série. O escape joga mais pressão no motor e o turbo parece embolar mais em baixa.

Bastou sair dos boxes pisando forte para entender o poder dos 16 cv a mais em relação aos 204 cv originais em baixa rotação: o C250 cor-de-rosa e preto arranca com apetite.


O carro não é tão forte nas retas em comparação até com outros Mercedes, como o C63 AMG, mas quando chegam as curvas este C250 diz a que veio. A suspensão retrabalhada e os pneus slick grudam o esportivo no chão e o esquema é mirar e entrar, sem sustos ou inclinação na carroceria. A direção hidráulica, que permite movimentos curtos e precisos, ajuda no movimento.

Na terceira volta, “vestindo” melhor o carro e sem apertar tanto o volante (era a tensão inicial), o traçado parece que vai ficando mais “leve”. Dá para perceber nitidamente a diferença que os largos pneu slick fazem nas curvas. Diversão pouca é bobagem.