Michel Escanhola
Prometida para junho, a versão duas-portas do novo Uno está pronta, mas ainda não entrou em produção porque, segundo a Fiat, a demanda pela de quatro portas está acima do previsto e compromete 100% da linha de montagem do modelo. Ou seja, a fabricante priorizou a configuração que interessa mais ao cliente pessoa física, uma vez que, por serem mais em conta, carros de duas portas em geral têm frotistas como público principal.
Apenas nesse universo de consumidores é que os duas-portas vendem mais que os quatro. “São casos em que o preço é o fator mais importante”, explica Paulo Roberto Garbossa, consultor da ADK Automotive. “Atualmente, dos modelos nacionais só os de entrada têm versões com carroceria duas-portas, ainda assim em volume pequeno.”
O gerente de Vendas da Fiat Amazonas, na Vila Guilherme (zona norte), Reinaldo Nerva, afirma que Palio Fire e Mille são os duas-portas mais procurados na loja. “O público desses veículos é formado principalmente por consumidores que estão comprando o primeiro carro zero-km”, diz. Dos modelos nacionais com motor 1.0, os Ford são os únicos que não oferecem as duas opções de carroceria. Ou seja, quem quer um hatch duas-portas da fabricante, por exemplo, encontra apenas o Ka.
Com essa estratégia, a marca evita canibalização (concorrência entre modelos da marca). As vendas do Ka não afetam as do Fiesta, disponível só com quatro portas. É o que afirma a gerente de Vendas da Sonnervig Norte, na Vila Guilherme, zona norte, Monique Fontana. “São públicos diferentes. O primeiro atrai clientes mais jovens, solteiros, enquanto o outro foca o comprador com família, que precisa de um veículo com porta-malas maior.”