
Enquanto o cenário geral das vendas de carros novos registra números negativos – com queda de 18,67% em junho e 25,09% no acumulado do semestre, ante os mesmos períodos de 2015 – alguns modelos destoaram dessa maré baixa. É o caso de Toyota Etios, VW Gol e Renault Sandero.
Os primeiros anos de vida do Etios no Brasil não foram nada fáceis. As linhas externas pouco inspiradas e a cabine, mais espartana do que se esperava de um Toyota, não agradaram.
Aos poucos, porém, o hatch vem reagindo e galgando posições no ranking de vendas: da 20ª colocação em abril, passou para a 16ª em maio e fechou junho em 14° lugar, com 3.291 unidades vendidas.
Esse resultado é fruto das mudanças que a Toyota fez no modelo. O visual não teve alterações, mas os instrumentos digitais deixaram o painel com aspecto menos simples. Além disso, a linha 2017 ganhou a opção de câmbio automático, disponível para todas as versões e com preços a partir de R$ 47.770.
“O Etios começa a cair no gosto do consumidor. Se não pelo estilo, ao menos pelas suas funcionalidades”, diz o consultor de mercado Paulo Roberto Garbossa, da ADK Automotive. “É o começo de uma virada.”
Receita parecida também surtiu efeito positivo nas vendas do veterano Gol. Outrora queridinho do Brasil, ele perdeu espaço para rivais mais atualizados, como Chevrolet Onix e Hyundai HB20, e correu o risco de sair da lista dos dez mais vendidos.
Para reverter o quadro, a Volkswagen reforçou o conteúdo do hatch, que finalmente ganhou uma central multimídia digna, além de melhorias em painel, acabamento e visual. Com isso, ele voltou à terceira posição em abril e maio – e só fechou junho em quarto lugar, com 5.943 unidades, porque foi desbancado pelo Sandero.
Disparada. Foi do hatch da Renault, aliás, o maior salto registrado em junho. Foi a primeira vez que o modelo figurou no ranking geral em terceiro lugar.
Com 6.013 unidades vendidas, ele ficou atrás apenas do líder Onix (11.566 exemplares) e do HB20 (9.533 carros).
Ao contrário de Gol e Etios, porém, o Sandero não recebeu nenhuma mudança significativa no visual (que foi atualizado no final de 2014) ou no conteúdo. Mas uma olhada mais atenta nos números pode explicar o sucesso inesperado.
Das unidades de Sandero comercializadas em junho, mais da metade foi para pessoas jurídicas: 3.530 exemplares, o que inclusive lhe assegurou a segunda colocação no ranking de emplacamentos por venda direta, atrás apenas do Onix.
Já no ranking de vendas a varejo, em que constam as aquisições feitas por pessoas físicas, o modelo aparece bem mais atrás, em 13° lugar, com 2.483 exemplares.
Isso pode sinalizar que o Sandero, apreciado por frotistas pela combinação de espaço interno e custo-benefício, pode ter sido negociado em contratos de grande número de unidades – com locadoras, por exemplo -, que produziram impacto significativo na conta final.