
Quando a Volkswagen lançou o Golf com motor 1.6 aspirado, no início do ano, o mundo veio abaixo. O desempenho, comedido, ficou aquém das expectativas dos fãs do Golf, que não economizaram nas críticas.
Pois agora a montadora de São Bernardo do Campo se redimiu. A Volkswagen está lançando o Golf 1.0 TSI, com o mesmo motor turbo que já equipa o Up!. Com ele, o desempenho melhorou, e o preço caiu. A novidade chega em novembro.
Começando pelo preço, o Golf 1.0 TSI Comfortline chega por R$ 74.990, abaixo dos R$ 78.130 referentes ao 1.6. Se vale a pena a economia? Sim!
Para começar, alguns números: em relação ao Up! TSI, a potência subiu 19% (de 105 para 125 cv), enquanto o torque aumentou 21% (16,8 para 20,4 mkgf). São números superiores também aos do motor 1.6, que rende 120 cv de potência e 16,8 mkgf de torque (etanol).
Logo nos primeiros quilômetros, deu para perceber que o “transplante de coração” foi bem-sucedido. Mesmo em baixas rotações, as respostas são boas e o hatch deslancha com facilidade, apesar dos 1.223 kg.
Se no Up! TSI o motor turbo privilegia economia (embora o desempenho seja muito bom), no Golf a prioridade é o desempenho (embora a economia seja muito boa). Isso fica claro não apenas quando se analisam os dados de torque e potência, mas também na relação de câmbio: o Golf tem diferencial mais curto que o do Up!, o que favorece as arrancadas.
Quando se aperta o pé direito, o carro responde com ânimo. O giro do motor sobe rapidamente, e o motor de três cilindros revela bom fôlego. Não parece que estamos ao volante de um carro 1.0.
De acordo com a montadora, o Golf 1.0 TSI é capaz de acelerar de 0 a 100 km/h em 9,7 segundos, e de chegar a 194 km/h (com etanol).
Além de não decepcionar nas acelerações e nas retomadas, o 1.0 turbo também cumpre muito bem a função de economizar.
Para começar, basta abrir o capô para entender na prática o conceito de downsizing: o pequeno 1.0 de três cilindros ocupa pouco espaço na dianteira do Golf. E, embora não seja tão econômico como o Up!, o Golf apresenta sede moderada: pelos dados do Inmetro, o modelo alcança 11,9 km/l na cidade e 14,3 km/l na estrada, com gasolina. Com etanol, as médias são de 8,4 km/l e 10,1 km/l (respectivamente cidade e estrada).
O Golf 1.0 TSI será oferecido apenas com câmbio manual de seis marchas, que apresentou a costumeira precisão de engates. Trata-se da conhecida transmissão MQ200, mas com o acréscimo da sigla GA-6F. Ela recebeu engrenagens mais espessas, e que foram retificadas, com o objetivo de redução de ruídos e aumento da robustez.
Mudanças. As maiores alterações, porém, estão no motor. Para suportar a elevação de torque e potência sem comprometer a resistência, muitos componentes foram retrabalhados. Isso porque o Golf nacional é não apenas mais potente que o Up!, mas também é superior ao Golf alemão, que tem 116 cavalos e não aceita etanol.
Para controlar a refrigeração, foi adotado um radiador de água suplementar. Pela mesma razão, as válvulas receberam revestimento de sódio, material que atua como se fosse um “refrigerante químico”, com o objetivo de reduzir a temperatura e evitar detonação (a popular “batida de pino”).
Como a pressão do turbo aumentou em relação à do Up! (de 0,9 para 1,3 bar, em média), o rotor (voluta), que é de ferro fundido no Up!, passou a ser feito de aço. E as velas, que no Up! têm eletrodo de platina, são de irídio no Golf.
De série, o Golf 1.0 TSI Comfortline traz sete airbags, dispositivo Isofix para cadeirinha infantil, faróis de neblina que acompanham as curvas, rodas de liga leve aro 16 e sistema multimídia com espelhamento de celular, entre outros itens.
Tiguan e Golf Variant. Além do Golf, há outras duas novidades na família TSI. No caso do Tiguan, há uma notícia boa e outra ruim.
A boa é que o modelo recebeu motor 1.4 TSI de 150 cv. O Tiguan 1.4 vai custar R$ 125.990, bem menos que os R$ 149.990 referentes ao modelo com motor 2.0.
A má notícia é que se trata ainda do Tiguan antigo, e não o modelo lançado no Salão de Frankfurt no ano passado.
Ao contrário do 1.4 TSI que Golf e Audi A3, flexível, no Tiguan ele é movido apenas a gasolina. A explicação da Volkswagen é que o 1.4 flexível está sendo oferecido somente nos modelos que utilizam a plataforma MQB (o que não é o caso do Tiguan “antigo”).
A outra razão é que o Tiguan 1.4 é importado da Alemanha. O modelo utiliza câmbio automatizado de dupla embreagem (DSG) de seis marchas. Além disso, ao contrário do Tiguan 2.0, o 1.4 oferece apenas tração 4×2.
A terceira novidade é a motorização 1.4 flexível no Golf Variant. O motor rende 150 cv, e custa de R$ 101.880 (Comfortline) a R$ 113.290 (Highline).