
LUÍS FELIPE FIGUEIREDO
Uma das novidades do subcompacto up!, que a Volkswagen apresentou neste fim de semana, é o motor. Trata-se de um tricilíndrico de 1 litro, que terá duas opções de potência: 60 cv e 75 cv.
Esse tipo de propulsor também estreia no novo Kia Picanto, que chegou ao País nesta semana com tabela a partir de R$ 34,9 mil. Também de três cilindros e 1.0, o sul-coreano é flexível (o do up! é a gasolina apenas) e tem 80 cv.
A Ford é outra marca que prepara um motor tricilíndrico, que fará parte da linha Ecoboost, com injeção direta de gasolina, turbo e potência estimada de 120 cv. O Smart também traz um três-cilindros.
Ainda menor é o TwinAir do Fiat 500 europeu. Trata-se de um dois-cilindros de 875 cm3 e 85 cv.
Todos são exemplos do chamado downsizing: diminuição da cilindrada e do número de cilindros, sem redução da potência. “Isso aumenta a economia de combustível e reduz a emissão de CO2, causador do efeito estufa”, afirma o diretor de Comissões Técnicas da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), Luso Ventura.
O desenvolvimento desses motores, antes usados em carros simples e baratos (como o 500 antigo), foi possível graças à novas tecnologias. “Houve uma revolução nos materiais”, diz Ventura.
Com menos peças, os propulsores de dois ou três cilindros têm perdas por bombeamento e atrito reduzidos, sendo mais leves e menores que os de quatro cilindros ou mais. “Seu revés está nas vibrações, que devem ser anuladas por meio da instalação de árvore de balanceamento ou de coxins mais sofisticados e robustos ”, explica o diretor de Motores da Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA), João Irineu Medeiros.
Todo motor vibra ao funcionar. “Imaginamos que ele trabalha de modo uniforme, mas na verdade está oscilando com as explosões que colocam os pistões em movimento”, afirma Medeiros.
Nos bicilíndricos, os pistões têm movimento “espelhado” (estão no “ponto morto” superior ou inferior ao mesmo tempo). “Os tricilíndricos são piores, pois os pistões estão em número ímpar”, ressalta Medeiros. Em ambos a solução passa pela instalação de árvore de balanceamento, peça acionada pelo virabrequim e que se movimenta em sentido contrário ao deste, anulando as vibrações.
O uso de tantos recursos torna os motores caros. Segundo Medeiros, a otimização dos de quatro cilindros também seria custosa. “Para o mesmo fim, talvez até mais.”
FOTO: DIVULGAÇÃO