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Como é dirigir um carro que não vem para o Brasil: Classe X
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Como é dirigir um carro que não vem para o Brasil: Classe X

Lançada em 2017 na Europa, picape Mercedes-Benz Classe X chegou a ser avaliada pelo Jornal do Carro antes de ter a vinda para o Brasil e a produção na Argentina cancelada

José Antonio Leme

26 de out, 2019 · 6 minutos de leitura.

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classe x
Crédito:MERCEDES-BENZ/DIVULGAÇÃO

“As estradas estreitas ao pé da Cordilheira dos Andes e algumas vinícolas chilenas foram o cenário para conhecer a Classe X, primeira picape média da Mercedes-Benz. Importado da Argentina, o modelo chegará ao Brasil em 2018. O preço ainda não foi definido, mas ficará acima dos de veículos de mesmo porte à venda no País. Atualmente, as versões de topo de Hilux, Ranger ou S10 têm preço em torno de R$ 180 mil.”

O ano era 2017, e foi assim que abri o texto sobre a avaliação da Classe X, a primeira picape média da Mercedes-Benz. O modelo que deveria chegar ao Brasil este ano, 2019, nunca veio e nem virá, para desespero e tristeza de muitos – incluindo clientes e concessionários. E é sempre estranho guiar um produto que, após muitas confirmações, não virá mais ao País. E nos resta descobrir o por que.

A Mercedes-Benz tinha uma grande expectativa para o modelo e quem entende do mercado de picapes, também. Afinal, seria a primeira vez que uma marca de luxo ia se “enfiar de cabeça” em um segmento dominado por marcas de volume, como Chevrolet com a S10, Ford com a Ranger e a Toyota com a Hilux.

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A parte mais estranha de guiar um carro que nunca virá ao Brasil, é a sensação que fica de produto perdido, especialmente quando existia possibilidade de boas vendas e aumentar competitividade em algum segmento. E esse era o caso da Classe X. Ia trazer um conceito de luxo para um segmento que nunca teve e, na verdade, sempre foi focado no trabalho. Ainda que ela também quisesse essa fatia – havia uma versão com rodas de aço.

Apesar disso, na época já era possível notar que o carro tinha alguns “poréns” para oferecer todo o luxo que a estrela na grade do radiador supostamente denotava. Baseada na Nissan Frontier, um dos pecados foi o acabamento, que precisava de “mais Mercedes, menos Nissan”.

Por dentro, o carro era toda Nissan Frontier, inclusive nos materiais e no acabamento, o que deixa a desejar do que você esperava de um Mercedes-Benz. O painel de instrumentos e o painel eram um Mercedes, mas havia mais detalhes da Frontier que o esperado.


“Os pênaltis do modelo são a chave, o seletor da tração 4×4 e os botões iguais aos da Frontier. Esses itens não aparentam a qualidade do resto da cabine”, foi uma das frases que salientei no texto de avaliação da picape, no lançamento.

O modelo teve uma série de melhorias em termo de estrutura que realmente deixaram a Classe X melhor do que a Frontier para guiar, porém, às vezes, a aparência conta tanto quanto as melhorias “invisíveis”. E era possível enxergar muito da Frontier na carroceria da Classe X.

Diversos fatores levaram a picape a “subir no telhado”. De 2017 para cá, a economia da região piorou nos dois maiores e importantes mercados automotivos: Brasil e Argentina, onde ela seria produzida, inclusive.


Em abril de 2019, a Mercedes-Benz confirmou que ela não seria mais produzida na Argentina, fator importante para a chegada dela ao Brasil. Além disso, a picape não fez o sucesso em vendas esperado pela Mercedes-Benz na Europa, a parceria com a Nissan azedou de 2017 para cá, e a continuidade dela, mesmo na Europa, ainda não é certa, mas a Mercedes-Benz, por enquanto, não confirmou o fim.

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