De acordo com o jornal Financial Times, do Reino Unido, executivos seniores da Nissan têm acelerado um planejamento para uma possível separação entre a companhia japonesa e a francesa Renault. A separação ocorre em paralelo à queda de Carlos Ghosn, que continua a reverberar na aliança. A união das empresas ocorreu em 1999.
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O plano inclui, de acordo com fontes ouvidas pela publicação internacional, uma divisão total entre a equipe de engenharia e de produção, assim como o conselho administrativo da Nissan. A decisão de mapear uma possível separação é o último sinal de tensão. O cenário teria piorado desde a fuga de Ghosn do Japão.
A publicação acrescenta que duas pessoas disseram ao jornal que, mesmo com esforços para reforçar as relações, por parte de ambos os lados, a parceria com a Renault se tornou tóxica. De acordo com elas, executivos da Nissan acreditam que a Renault “empata” os negócios da Nissan.
Um rompimento completo, explica a reportagem, poderia forçar as duas companhias a procurar por novos parceiros em uma indústria com quedas nas vendas e aumento de custos por conta da transição para veículos elétricos. Isso poderia também deixar ambas as empresas menores enquanto rivais estão crescendo. A reportagem cita os casos de Fiat Chrysler e PSA se unindo e Volkswagen e Ford formando aliança própria.
Segundo o Financial Times, Nissan e Renault se recusaram a comentar.
Relembre o caso
O ex-CEO da Aliança foi preso em novembro de 2018 sob acusações de uso de recursos da Nissan para fins pessoais. Carlos Ghosn foi preso em 19 de novembro por suspeita de ter usado filiais da Nissan para dissimular o pagamento de quase US$ 18 milhões. O montante veio na forma um imóvel de luxo no Rio de Janeiro e de uma casa em Beirute.
O jornal japonês Nikkei revelou parte das investigações que apontam para a suspeita de que a Nissan Motors teria criado uma afiliada na Holanda. E a partir dessa unidade, US$ 17,8 milhões foram pagos em dois imóveis de luxo, no Rio e no Líbano. O casarão de Beirute, aliás, é onde Ghosn está vivendo desde a fuga do Japão.
De acordo com o jornal, a subsidiária holandesa foi criada em 2010, com um capital de US$ 53 milhões. O dinheiro seria usado para investimentos. Oficialmente, a empresa indicava que aqueles recursos tinham como objetivo apoiar startups. No entanto, há poucas evidências de que o dinheiro acabou tendo mesmo essa finalidade.