Muitos refinamentos e uma picape completamente nova. Essa é a tônica da sexta geração da Mitsubishi L200 Triton, chamada agora apenas de Triton. A picape média estreia neste mês de dezembro no Brasil, em pré-venda com opções mais baratas que na atual geração. Em seguida, em janeiro de 2025, chega às 128 concessionárias da marca no País já como linha 2026.
Com produção na fábrica da HPE Automotores em Catalão (GO), a Mitsubishi Triton é o principal produto da montadora no mercado brasileiro. Em 2024, até o mês de outubro, a picape da marca dos três diamantes soma 9.093 emplacamentos e é a quarta colocada entre as médias. Porém, esta nova geração traz perspectivas mais ambiciosas para a Triton no próximo ano.
Única picape média de um fabricante japonês em produção no Brasil, a Mitsubishi Triton muda por completo após oito anos. O modelo atual ainda continua em linha, mas só por mais um tempo. Por isso, a nova geração da picape chega em seis opções, algumas voltadas às vendas diretas, para empresas e produtores rurais, por exemplo. E modelos mais caros com novos equipamentos e tecnologias.
Preços da nova Mitsubishi Triton
- GL MT – R$ 249.990 (exclusivo para venda direta)
- GL AT – R$ 259.990 (exclusivo para venda direta)
- GLS – R$ 265.990
- HPE – R$ 284.990
- HPE-S – R$ 314.990
- Katana – R$ 329.990
Uma Triton totalmente nova
Esta é a sexta geração da Mitsubishi L200 desde 1978, quando estreou no Japão. O Brasil começou a receber as primeiras unidades da picape no início dos anos 1990, após a abertura do mercado aos importados. Desde então, a L200 coleciona fãs no País e é referência entre picapes 4×4. Pois bem, agora a Triton traz evoluções consideráveis em relação ao modelo atual. E com projeto 100% Mitsubishi – não é derivada da Nissan Frontier, como já se aventou.
Para começar, adota um chassi maior e com quantidade razoável de aços de alta-ultra resistência. Por isso, a estrutura apresenta 60% a mais de rigidez flexional e 40% a mais de rigidez torcional. Além disso, a arquitetura (chamada de Mega Chassis) é maior. São 13 centímetros a mais de distância entre-eixos (3,13 m), 2 cm a mais no comprimento (5,36 m) e outros 5 cm adicionais na largura (1,93 m).
A carroceria da picape montada sobre o chassi também é nova e apresenta melhorias. Por exemplo, o formato mais vertical da cabine atrás permitiu melhorar o encaixe do quadril (ponto H) e a inclinação do encosto no banco traseiro. Assim, a posição agora é mais agradável para quem viaja ali, com ótimos vãos para pernas e cabeças. No teto, foi mantido o recirculador de ar que ajuda a refrigerar melhor a cabine.
Por enquanto, a Mitsubishi ainda não informou alguns dados técnicos. Por exemplo, o volume da caçamba. Mas já sabemos que a capacidade de carga é de 1.080 kg. Bem como que a capacidade de reboque é de 3.500 kg. Outros números ainda desconhecidos são o consumo no padrão PBEV do Inmetro, a aceleração de 0 a 100 km/h e a velocidade máxima.
Motor 2.4 agora é biturbo e tem 205 cv
Durante a apresentação da nova Triton, o time de engenharia da HPE Automotores mostrou literalmente todas as mudanças na picape. Pudemos conferir o novo chassi lado a lado com o anterior. Da mesma forma, pudemos ver as entranhas do novo motor 2.4 a diesel com várias modificações para se tornar mais eficiente e cumprir os novos limites de emissões do Proconve L8, que começam a valer em janeiro.
Uma das novidades é o sistema de pós-tratamento dos gases de escape, que utiliza Arla 32. Com isso, a picape traz um tanquinho de 17 litros para a solução à base de ureia. O turbo também é novo e muito maior que o anterior, com duas câmaras de entrada e saída que ajudam a reduzir o atraso (lag). Por fim, o comando variável de válvulas também foi atualizado, e as mudanças melhoraram o desempenho.
Do conjunto anterior, a picape mantém os câmbios manual e automático de seis marchas, este último fornecido pela japonesa Aisin. Mas ambos receberam novas calibrações. Assim, todas as seis versões da nova Mitsubishi Triton têm o mesmo desempenho, com potência de 205 cv a 3.500 rotações por minuto e 47,9 mkgf de torque máximo entre 1.500 rpm e 2.750 rpm. Para comparação, o motor anterior rendia 190 cv e 43,9 mkgf.
Picape tem ajustes de suspensão e tração
Com o novo chassi, a Mitsubishi ajustou a suspensão da Triton. O conjunto mantém o layout com braços duplos sobrepostos na frente e eixo rígido com feixe de molas semielípticas atrás. Porém, a arquitetura recebeu nova barra estabilizadora três milímetros mais grossa na dianteira, e molas semielípticas mais compactas na traseira. Além disso, a altura ganhou 2 cm a mais para melhorar o off-road.
Por falar nisso, a nova Mitsubishi Triton continua a oferecer o sistema de tração Super Select 4WD-II, mas agora com 7 modos de condução. Alguns deles ficam disponíveis conforme a tração. Por exemplo, com o seletor na posição 2H (tração 4×2 traseira), o motorista escolhe entre os modos Normal e Eco. Já na posição 4H (4×4), há as opções Normal, Gravel (cascalho) e Snow (neve).
O sistema Super Select II oferece ainda a posição 4HLc, com tração 4×4 e bloqueio do diferencial central. E o 4HLLc, com reduzida (é preciso estar com a picape parada e o câmbio na posição Neutro). Neste caso, há o bloqueio do diferencial traseiro (R/D Lock), que pode ser acionado por um botão no painel. E temos três modos de condução mais extremos: Mud (lama), Sand (areia) e Rock (pedra).
Visual bruto por fora e moderno por dentro
A nova Triton traz o estilo mais moderno dos carros da Mitsubishi. A frente é marcada pela grade frontal grande e alta, que deixou a picape com visual mais bruto. Além disso, os faróis são modernos, com as luzes diurnas fininhas no alto e os conjuntos ópticos principais mais abaixo. A depender da versão, mudam os materiais (há molduras cromadas e peças pretas foscas e brilhantes).
Vista de lado, a nova Mitsubishi Triton cativa com visual parrudo e vincos marcantes na carroceria, que acentuam as linhas laterais de cintura e da caçamba. Já a traseira tem estilo mais tradicional, com lanternas em posição vertical. A assinatura de luzes em formato de “T” fica nas extremidades da peça e ajuda a aumentar a sensação de tamanho (faz a picape parecer mais larga).
Por dentro, a nova Triton é bem mais interessante que a atual. O painel tem linhas sóbrias e sólidas, mas com detalhes elegantes, como o couro na faixa central com costuras pespontadas. Os materiais e a montagem são caprichados e mesclam peças estilizadas com outras mais duráveis. A alavanca de câmbio é bem tradicional e acompanha o seletor giratório do sistema de tração.
A alavanca do freio de estacionamento continua lá (nada de freio com acionamento eletrônico). Mas há muita coisa moderna, como carregador de celular por indução, entradas USB dos tipos A e C, ar-condicionado de duas zonas com display digital e chave presencial com partida do motor por botão. A cereja do bolo é o novo multimídia que tem tela de 9 polegadas na versão Katana com espelhamento sem fio com iPhone.
Triton mantém veia 4×4 e está ainda melhor
Nosso primeiro contato com a nova geração da Mitsubishi Triton foi na Serra da Canastra, região montanhosa em Minas Gerais. Foram cerca de 1.000 km passando por todos os tipos de terrenos (terra, lama, cascalho, riachos e alguns obstáculos. No mais difícil deles, uma subida íngreme coberta com pedras de vários tamanhos. Ali foi necessário acionar a reduzida no modo Rock e bloquear o diferencial traseiro.
Ao volante, a nova Mitsubishi Triton deu um verdadeiro salto de qualidade em vários aspectos. Com o novo sistema de direção elétrica montada no eixo dianteiro, a picape da marca japonesa está mais macia e precisa com os movimentos do volante, mas sem pecar pela extrema leveza. É, talvez, a primeira grande diferença que o dono de L200 vai notar. A Triton é fácil e amigável de manobrar.
Em movimento, a picape não parece mais pesada, embora tenha ganhado alguns quilinhos e alguns centímetros com a troca de geração. Na estrada, sobre o asfalto, a picape é bastante estável e flutua bem menos, a despeito da suspensão mais alta. Os freios também mostraram desempenho excelente, com carga precisa no pedal – o motorista não tem que afundar o pé o tempo todo.
E sobre terra, cascalho e mato, aí a Triton mostra o seu melhor. Porém, desta vez, além da suspensão independente da picape fazer mágica para superar alguns terrenos difíceis, tem-se um refinamento a mais a bordo, com conforto, precisão e e agora tecnologia. Afinal, na versão Katana temos o novo multimídia e sistema de câmeras frontal e de visão 360º. Assim, é possível agora ver os obstáculos à frente com alta resolução.
Nova Mitsubishi Triton vale a compra?
O segmento de picapes médias foi um dos que mais recebeu novidades em 2024. Porém, nem todas esses lançamentos trouxeram mudanças tão profundas quanto na picape dos três diamantes. Essa transformação pode ser o gás que faltava para a Triton crescer as vendas em 2025. Os preços estão competitivos e a picape goiana bem posicionada, com opções para o trabalho e o lazer. A garantia de 5 anos e a confiabilidade são pontos fortes.
As mudanças também trouxeram refinamento surpreendente para uma picape média. Se não tem arroubos de aceleração, a nova Triton eleva o nível de conforto na categoria a um novo patamar, enquanto se revela ainda mais capaz no fora-de-estrada. Uma compra segura e agora moderna, com tecnologias superiores, como um bom multimídia, conectividade, ótimo nível de equipamentos e, nas versões de topo, recursos semiautônomos do pacote ADAS.
Dessa forma, a nova Mitsubishi Triton evolui mais que algumas rivais, como Chevrolet S10 e Volkswagen Amarok, ambas reestilizadas esse ano. E fica mais competitiva contra a Ford Ranger, atual vice-líder e referência de modernidade (projeto novo). E contra a líder Toyota Hilux, que acaba de ganhar a linha 2025 com novidades.
PRÓS
Novo chassi e direção elétrica deixaram a Mitsubishi Triton mais robusta no 4×4 e com um nível de conforto comparável ao de um SUV
CONTRAS
Picape mantém o freio de estacionamento por alavanca e multimídia maior é exclusivo das versões mais caras; desempenho é equilibrado, sem arroubos de aceleração
FICHA TÉCNICA
Mitsubishi Triton Katana 4×4
Motor: 2.4, 4 cil., 16V, biturbo, diesel
Potência: 205 cv
Torque: 47,9 mkgf entre 1500 rpm e 2750 rpm
Câmbio: Automático de 6 marchas; tração 4×4
Comprimento: 5,36 m
Largura: 1,93 m
Altura: 1,81 m
Entre-eixos: 3,13 m
Altura livre do solo: 22,2 cm
Peso (ordem de marcha): 2.130 kg
Tanque de combustível: 76 litros
Capacidade de carga: 1.080 kg
Capacidade de reboque: 3.500 kg
Aceleração 0-100 km/h: Não divulgado
Velocidade máxima: Não divulgado
Consumo (PBEV): Não divulgado
Preço: R$ 329.990
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